“Se fosse uma sociedade anônima, seria motivo de falência”, diz CEO do Barcelona sobre crise no clube

A crise financeira continua no Barcelona, e o quadro ficou um pouco mais claro nesta quarta-feira, com a apresentação dos resultados de uma diligência feita

“Se fosse uma sociedade anônima, seria motivo de falência”, diz CEO do Barcelona sobre crise no clube -

Redação Publicado em 06/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 18h59

Ferran Reverter, principal executivo da administração de Joan Laporta, apresentou resultados de diligência. Auditoria encontrou 1,35 bilhão de euros em dívidas e indícios de corrupção

A crise financeira continua no Barcelona, e o quadro ficou um pouco mais claro nesta quarta-feira, com a apresentação dos resultados de uma diligência feita nos últimos meses pela nova direção do clube.

A responsabilidade de apresentar números, justificativas e planos coube a Ferran Reverter, CEO da associação, o cargo mais alto na estrutura. Ele é o principal profissional de Joan Laporta, eleito presidente em março.

Entre outras afirmações preocupantes, o executivo afirmou na apresentação desta quarta que, se fosse uma empresa, o Barcelona já teria entrado em processo de dissolução – que costuma levar à falência.

Ferran Reverter, CEO do Barcelona — Foto: Reuters

– Muitos acham que a diligência demorou. O motivo é que tem sido muito difícil encontrar a documentação. Nos últimos anos, em 90 dias todos os documentos eram apagados. Além disso, não se usavam notebooks do clube, e sim pessoais. Quando mandavam e-mails, mandavam dos e-mails pessoais – disse Reverter.

A apresentação feita pelo executivo, também disponível no site do clube, mostra a situação que Laporta encontrou ao chegar no Barcelona, em março. E indica quais são as consequências práticas no cotidiano.

O fluxo de caixa está zerado, o que significa que não entra dinheiro suficiente no caixa para pagar todas as despesas. Isso coloca dificuldades até para manter os salários de jogadores e funcionários em dia.

Dívidas hoje somam US$ 1,35 bilhão, o que gera uma “necessidade urgente” de refinanciamento. Em outras palavras, o Barcelona precisará encontrar dinheiro novo (em novas linhas de receitas ou empréstimos) para substituir dívidas urgentes por outras, com prazos alongados.

Quadro apresentado pelo Barcelona para detalhar crise financeira — Foto: Divulgação

– Nós encontramos um patrimônio líquido negativo. Se fosse uma sociedade anônima, seria motivo de falência. Encontramos um fluxo de caixa operacional negativo, e por isso tivemos dificuldade para pagar os salários. A dívida e nossos compromissos futuros eram de 1,35 bilhão de euros, então temos que fazer um refinanciamento urgente – afirmou Reverter.

O “patrimônio líquido negativo” é um termo que o mercado usa para designar empresas que têm endividamento maior do que a condição de lidar com ele. Tecnicamente, patrimônio líquido é a diferença entre ativos (bens e dinheiro a receber) e passivos (obrigações e dívidas).

O Barcelona é uma associação civil sem fins lucrativos – uma das poucas restantes no futebol espanhol –, por isso não está sujeito a entrar num processo de dissolução. De qualquer maneira, indicadores como o patrimônio líquido negativo sugerem um estado técnico de falência.

Além da parte financeira, o executivo disse que as instalações do clube estão deterioradas. Reverter disse que o Camp Nou não pôde ser aberto no fim da temporada passada porque havia mais de 900 problemas estruturais no estádio, entre eles 124 considerados graves e urgentes.

Quadro apresentado pelo Barcelona para detalhar crise financeira — Foto: Divulgação

A investigação interna para determinar o tamanho da crise ainda não acabou. Reverter afirmou que a diretoria encontrou indícios de corrupção. Há uma auditoria em andamento, cuja responsabilidade é a de encontrar provas, que deverá ser encerrada nas próximas semanas.

Existem sinais problemáticos em três áreas, de acordo com o CEO:

  1. No Espai Barça, projeto de reurbanização do estádio Camp Nou, cujo custo estimado disparou de 625 milhões de euros para 1,5 bilhão
  2. No departamento de compras, responsável por gerenciar contratos e pagamentos a fornecedores de produtos e serviços variados
  3. Nas comissões. O clube chegou a pagar 20% a 33% em comissões a intermediários, enquanto a praxe de mercado está entre 5% e 10%

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Globo Esporte

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