Lei do Ex funciona? 62% dos atletas marcam menos gols quando enfrentam ex-clubes

A lei mais famosa do futebol tem ganhado cada vez mais relevância no esporte. No entanto, os números mostram que a Lei do Ex não é tão infalível quanto o

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Redação Publicado em 27/05/2021, às 00h00 - Atualizado às 16h56

Atacantes são quem mais fazem a Lei do Ex entrar em vigor, com 45,9% dos jogadores da posição com desempenho mais efetivo diante de ex-times. Veja panorama por posição

A lei mais famosa do futebol tem ganhado cada vez mais relevância no esporte. No entanto, os números mostram que a Lei do Ex não é tão infalível quanto o senso comum estabelece. Isto é, nem sempre que um jogador enfrenta seu antigo clube, ele balança a rede.

Em parceria com o Gato Mestre, do Cartola FC, o ge analisou o desempenho de todos os jogadores que atuaram pelo Brasileirão, de 2010 a 2020. Para elaborar o ranking dos mais efetivos contra ex-clubes, a reportagem analisou a média de gols contra antigos times em comparação com a média de gols contra equipes pelas quais o atleta nunca atuou. Assim, foi possível revelar quem costuma seguir à risca a Lei do Ex ou não.

Esta é a segunda da série de cinco reportagens sobre o tema da Lei do Ex. Nas matérias, o ge vai trazer uma nova visão sobre a lei, vai abordar os jogadores que têm melhor ou pior desempenho contra um ex, os times que mais sofrem gols de ex ou os que se aproveitam mais da lei para balançar a rede. Todo este material será publicado na semana que antecede o início do Brasileirão de 2021.

De acordo com a análise de todos os jogos das últimas 11 edições do Campeonato Brasileiro, apenas 38% dos jogadores marcaram mais gols na média quando enfrentaram times que já defenderam na carreira. Uma parcela relevante de 62% costuma “respeitar” mais o ex-time e fez menos gols nestes jogos especiais. Veja os números:

Os jogadores que não marcaram gols no período analisado foram desconsiderados, uma vez que não é possível dizer que o atleta teve desempenho melhor ou pior contra o ex-time já que não balançou as redes nenhuma vez sequer nos jogos observados. Foram 86 jogadores descartados do recorte, principalmente goleiros e defensores.

Além disso, vale destacar que para entrar na análise o recorte mínimo necessário de partidas contra ex-times foi de três jogos. Os atletas com apenas um ou dois jogos diante de seus ex-clubes não foram levados em consideração por ser um intervalo muito pequeno de jogos para ser feita alguma conclusão da eficácia da lei.

Quando esta análise é feita por posição, o estudo mostra que a Lei do Ex costuma vigorar mais entre os atacantes. Principalmente porque eles costumam ter a responsabilidade de marcar os gols. Ainda assim, a maioria deles não tem média de gols maior diante de seus antigos clubes.

Dos 146 atacantes com pelo menos três jogos contra ex no Brasileirão no período de 2010 a 2020, 67 têm melhor média de gols diante de camisas que já defenderam na carreira. Ou seja, 45,9% dos atletas da posição marcam mais gols sobre ex-times. Ainda assim, esta é a posição que mais segue à risca a Lei do Ex.

O atacante Gabigol é quem apresenta os números mais acima da média. Apesar do único ex-time no Brasil ser o Santos, sua média de gols contra o Peixe é muito superior sobre a média de gols contra os demais clubes do país. Ele é o jogador com a maior média de gols contra ex-times no universo analisado pela pesquisa.

Gabigol em chute decisivo contra o Santos — Foto: Jorge R Jorge/BP Filmes

O atacante do Flamengo tem 81 gols em 172 partidas pelo Campeonato Brasileiro, por Santos e Flamengo. Destes, 77 gols foram contra algum time que nunca atuou em 168 jogos – média de 0,46 gol por duelo. Pelo Rubro-Negro, são quatro confrontos contra o Peixe e quatro gols – média de um gol por jogo. A diferença de 0,54 nas médias confere ao Gabriel Barbosa o posto de jogador com melhor desempenho quando enfrenta um ex-clube.

Outro nome de destaque é o já aposentado Iarley. O ídolo de Inter e Paysandu jogou apenas seis jogos pelo Brasileirão contra times que já havia defendido na carreira e marcou quatro gols – média de 0,6 gol por jogo. Contra os demais clubes foram apenas cinco gols em 33 jogos no período analisado – média de 0,1 gol por partida. Logo, sua média de gols foi bem maior quando teve vínculo anterior com o adversário.

Iarley é o atacante que teve a segunda melhor média de gols contra ex-times no Brasileirão na década — Foto: Jefferson Bernardes/VIPCOMM

A posição com mais atletas diferentes enfrentando ex-times em pelo menos três jogos no Brasileirão nesta década foram os meio-campistas, com 232 jogadores. Desta quantidade, 145 (62,5%) tiveram média de gols pior ao enfrentar um ex-clube em comparação com suas respectivas médias de gols contra equipes que nunca defenderam. Veja o panorama por posição abaixo:

Veja quais as posições mais fazem a Lei do Ex acontecer

Posição Atletas analisados Média de gols melhor contra ex Média de gols pior contra ex
ATA 146 67 (45,9%) 79 (54,1%)
MEI 232 87 (37,5%) 145 (62,5%)
LAT 85 28 (32,9%) 57 (67,1%)
ZAG 91 30 (33%) 61 (67%)
GOL 52 21 (40%)* 31 (60%)*

*Para a análise dos goleiros foi levada em consideração a média de gols sofridos. Conforme pode-se observar acima, 21 goleiros sofreram menos gols em média quando enfrentaram um ex-time em relação às demais equipes nas quais nunca atuou. No entanto, 31 arqueiros (60%) viram a média de gols piorar quando enfrentam um ex-clube. Um exemplo é o goleiro Gatito Fernández, do Botafogo.

No Campeonato Brasileiro, Gatito sofreu 144 gols em 117 partidas contra times que nunca firmou vínculo – média de 1,15 gol sofrido por jogo. No entanto, ao enfrentar seu ex-clube Vitória, o paraguaio sofreu nove gols em três jogos – média de três gols por duelo. Ou seja, média de gols bem superior em comparação às outras camisas que nunca vestiu profissionalmente no Brasil.

Gatito tem média de gols sofridos contra ex-times muito superior à média de gols sofridos contra clubes que nunca jogou — Foto: André Durão

Apenas 7,5% dos gols no Brasileirão de 2010 a 2020 contaram com a Lei do Ex

Um outro dado interessante sobre o estudo é a proporção de gols com a Lei do Ex em vigor sobre a quantidade total de gols na competição. Nas últimas 11 edições do Campeonato Brasileiro, foram marcados 10.110 gols e só 759 foram pela Lei do Ex: 7,5%. Isto é, 759 gols foram de atletas que enfrentavam um clube que já haviam defendido na carreira.

A proporção baixa é, de certa forma, compreensível porque os artilheiros não enfrentam toda hora suas ex-equipes. Logo, entende-se que a quantidade de gols com o selo da Lei do Ex tende a ser menor. Esta é apenas mais uma faceta sobre os gols, na qual o leitor consegue observar a proporção no período analisado além de exibir as edições nas quais essa proporção foi maior. Confira abaixo:

Proporção de gols pela Lei do Ex em relação ao total de gols em cada edição do Brasileirão

Ano Total de gols na edição Total de Gols sem a Lei do Ex Total de Gols pela Lei do Ex % de gols pela Lei do Ex
2018 827 750 77 9,31
2020 944 858 86 9,11
2015 897 825 72 8,03
2017 923 849 74 8,02
2016 912 842 70 7,68
2019 876 811 65 7,42
2013 936 867 69 7,37
2012 940 872 68 7,23
2011 1017 949 68 6,69
2014 860 803 57 6,63
2010 978 925 53 5,42
Total 10110 9351 759 7,51

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Fontes: Ge – Globo Esporte.

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