504 dias depois: a saudade de ver um treino de perto

Quando a lua já marcava presença no céu de Yokohama, fomos convidados a deixar o local. Tava tão bom que ficaríamos mais um tempinho ali. Tomara que essa

SAUDADE -

Redação Publicado em 18/07/2021, às 00h00 - Atualizado às 13h22

Repórter Eric Faria conta a sensação de voltar a acompanhar uma atividade da seleção. Por conta da pandemia, que ainda assola o planeta, jornalista estava longe desde março de 2020

Somos engraçados. Muitas vezes reclamamos da rotina e quando não a temos, ficamos também de cara emburrada. A vida de um repórter que cobre futebol é baseada em treinos e jogos. Basicamente ocupamos 90% do nosso tempo com essa dobradinha.

Eu sempre fui feliz indo diariamente acompanhar as atividades, sobretudo, do Botafogo, do Flamengo, do Fluminense, do Vasco e da seleção brasileira. São praticamente 25 anos vivendo essa rotina. Mas tinha hora que eu pensava: “por quanto tempo ainda terei essa motivação?” ou tambem “será que vou continuar extraindo o melhor de um treino?”

Veio a pandemia e com ela todas as portas se fecharam nos clubes, na Granja Comary, dentro ou fora do país. Entrevistas virtuais. Treinos com imagens cedidas pelos profissionais das equipes. Entre março de 2020 e julho de 2021, aprendemos a improvisar. Num primeiro momento, o impacto foi absurdo. Depois, fomos descobrindo formatos. Bom não era, mas era o mundo possível.

Eric Faria acompanha treino após 504 dias — Foto: Márcio Iannacca / ge.globo

Sentar numa tribuna. Observar os movimentos de um treinador. Perceber os atletas. Até aquela resenha tradicional pós treino. Tudo sempre foi alimento para repórteres, repórteres cinematográficos e produtores. Nada é mais democrático do que um treino aberto. Tipo uma tela em branco para um artista. Cada um escolhe como pintar.

Posso me considerar privilegiado. Vi ali de pertinho gênios do futebol em estado bruto. Romário. Ronaldo. Ronaldinho. Rivaldo. Kaká. Todos os bolas de ouro do nosso futebol a menos de três, quatro metros. E só percebi neste domingo, aqui em Yokohama, que podemos sentir falta dos hábitos mais simples.

Guardarei a data: 18 de julho de 2021. Depois de 504 dias, voltei a cobrir PRESENCIALMENTE um treino. E não foi qualquer treino. Foi o primeiro no Japão da seleção masculina, que vai estrear nos Jogos de Tóquio na quinta-feira, contra a Alemanha.

Por duas horas, acompanhei atentamente o treino comandado pelo Andre Jardine. Suas instruções. Suas correções. Muitos elogios. O que aconteceu, vou deixar pra vocês lerem na reportagem do Marcio Iannacca que detalhou tudo numa reportagem aqui pro nosso ge.globo.

Foi algo tão legal que durante a gravação de um stand up pros canais Globo, o Paulinho e o Reinier mexeram comigo. Fazia tanto tempo que eu até me desconcentrei. O meu parceiro e repórter cinematográfico, Marcelo Bastos, flagrou a minha “pisada na bola”.

Quando a lua já marcava presença no céu de Yokohama, fomos convidados a deixar o local. Tava tão bom que ficaríamos mais um tempinho ali. Tomara que essa “velha novidade” volte de vez. Rotina também deixa saudade.

Eric Faria e Marcelo Bastos no treino da seleção olímpica — Foto: Márcio Iannacca / ge.globo

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Fontes: Ge – Globo Esporte.

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