AGRONEGÓCIO

Atraso das chuvas ameaça colheitas de soja, café e milho em várias regiões

Clima instável impacta soja, milho e café, e agricultores aguardam melhores condições

Imagem ilustrativa - Imagem: Reprodução / Freepik

Sabrina Oliveira Publicado em 03/10/2024, às 11h03

O atraso das chuvas em várias regiões do Brasil tem causado preocupação entre os agricultores, que enfrentam dificuldades para iniciar o plantio de culturas importantes como soja, café e milho. A falta de chuvas adequadas e as condições climáticas irregulares, agravadas pelos efeitos do fenômeno El Niño, têm afetado o ciclo produtivo e gerado incertezas no setor agrícola.

Na região Sul e no Centro-Oeste, a ausência de chuvas regulares está comprometendo o desenvolvimento das lavouras. Para a soja, uma das principais commodities do país, a demora no início do plantio pode afetar drasticamente a produtividade. Especialistas alertam que, sem as condições ideais de umidade no solo, a planta se torna mais vulnerável às adversidades climáticas durante fases críticas de crescimento, como o florescimento.

O ideal é que os produtores aguardem o momento certo para iniciar o plantio, garantindo que as condições climáticas estejam mais favoráveis. Quanto mais vigorosa a planta, maior a sua capacidade de enfrentar períodos de estresse hídrico no futuro,” explica José Renato Bouças Farias, pesquisador da Embrapa Soja.

Os impactos do El Niño ainda são visíveis, especialmente nas regiões afetadas pela seca no ano passado. No entanto, a expectativa agora recai sobre a chegada do fenômeno La Niña, previsto para ocorrer nos últimos meses deste ano. Com o resfriamento das águas do Oceano Pacífico, o La Niña tende a alterar o regime de chuvas no Brasil, trazendo alívio para algumas regiões e mantendo o clima seco em outras.

Flavio Varone, meteorologista do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro/RS), afirma que o La Niña deve melhorar o volume de chuvas no Centro-Norte e no Sudeste do país, aliviando parte das preocupações dos agricultores dessas áreas. “Estamos em um momento de transição entre os fenômenos climáticos, o que dificulta previsões mais precisas, mas a tendência é que as chuvas se normalizem em novembro e dezembro”, comenta.

Além das consequências diretas nas lavouras, o atraso das chuvas pode influenciar o mercado de commodities agrícolas, especialmente no que diz respeito aos preços da soja e do milho. A estrategista de inflação Andréa Angelo, da Warren Investimentos, explica que, embora o La Niña possa ajudar a regular as chuvas em algumas regiões, o mercado continua sensível às condições climáticas.

“A questão principal é se as chuvas chegarão a tempo de salvar a safra. Caso contrário, podemos ver uma elevação nos preços dos grãos, impactando diretamente o custo dos alimentos e a inflação,” avalia Angelo.

O milho, outra cultura essencial para a economia agrícola brasileira, também enfrenta dificuldades. A última safra sofreu uma queda significativa, com uma redução de 16 milhões de toneladas em comparação com a temporada anterior. Essa baixa produção foi consequência direta das condições climáticas adversas, em especial das secas provocadas pelo El Niño.

A área plantada de milho, que já foi menor este ano, pode sofrer novos cortes caso as chuvas não se regularizem nas próximas semanas. A expectativa dos produtores é que a La Niña traga um volume de precipitação suficiente para garantir um mínimo de produtividade.

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