A pandemia de Covid-19 mudou drasticamente a rotina da Tainara Almeida, de 22 anos, moradora do Grajaú, no extremo da Zona Sul de São Paulo. Acostumada a sair
Redação Publicado em 10/06/2021, às 00h00 - Atualizado às 07h56
A pandemia de Covid-19 mudou drasticamente a rotina da Tainara Almeida, de 22 anos, moradora do Grajaú, no extremo da Zona Sul de São Paulo. Acostumada a sair logo cedo e só retornar no fim da noite, agora, a jovem passa o dia trancafiada em casa. Asmática, ela não sai de casa há seis meses com medo de contrair o novo coronavírus.
“Eu não faço nada fora de casa, eu compro no mercado tudo por aplicativo porque tenho muito medo. Eu sou asmática e sei muito bem o que é ficar sem ar”, disse.
Em home office desde o início da pandemia, a engenheira de software também estuda pelo computador e dá aulas virtuais em uma Organização não Governamental (ONG) que ensina tecnologia para jovens da periferia. A última vez que saiu de casa foi no dia 3 de dezembro para ir ao médico e passar no trabalho.
O medo da contaminação fez com que ela redobrasse os cuidados e rotina de higiene após o aumento do número de casos confirmados da doença e mortes em todo o país.
“Saio de casa só para colocar o lixo para fora e saio com as luvas e com a máscara, tenho um sapato para colocar o lixo na rua e tenho um sapato para ficar em casa. Lavo duas, três, vezes a mão ao pegar alguma coisa que não foi esterilizada. Dinheiro só pego com luva. Estou tomando três vezes mais cuidado do que no começo [da pandemia].”
A jovem conta que o medo de ser infectada aumentou muito em relação ao início da pandemia, em março de 2020.
“Eu perdi alguns tios, primos, eu perdi amigos. Agora o medo está maior porque a vacina não vem, mesmo sendo asmática eu não consegui tomar a vacina porque minha asma é considerada leve”, argumentou.
Assim como o caso de Tainara, também aumentou o medo entre jovens e adolescentes de contraírem a Covid-19 ou morrerem devido às complicações da doença no estado de São Paulo. É o que aponta um levantamento realizado pela Espro (Ensino Social Profissionalizante).
A pesquisa mostra que 89% dos entrevistados têm preocupação alta ou muito alta de ficar doentes. Em abril de 2020, data em que foi realizada a primeira pesquisa, o índice era de 83%, e de 82% em novembro do ano passado, quando foi feita a segunda etapa do levantamento.
O temor dos jovens cresceu à medida que o perfil das vítimas fatais de Covid deixou de ser prioritariamente de idosos.
“Depois que os idosos começaram a ser vacinar e a gente viu pessoas novas que não tinham tomado a vacina morrendo eu me desesperei porque eu sei que sou asmática, mas tem pessoas que não são e estão morrendo”, contou.
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G1