Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, tem uma marca registrada à beira do campo. Involuntariamente, em vários momentos dos jogos ou até nos treinos, segundo
Redação Publicado em 15/12/2020, às 00h00 - Atualizado às 16h57
Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, tem uma marca registrada à beira do campo. Involuntariamente, em vários momentos dos jogos ou até nos treinos, segundo divulgação do próprio clube, o português se agacha e observa atentamente aos movimentos da equipe em campo.
Mas, afinal, qual o motivo desta reação, que deve se repetir na noite desta terça-feira, a partir das 21h30, no duelo contra o Libertad, pelo jogo de volta quartas de final da Copa Libertadores? O Verdão avança à semifinal se empatar por 0 a 0 ou vencer.
A reação automática de Abel serve como um momento de reflexão. Ali, agachado na grama do Allianz Parque, palco do confronto diante dos paraguaios, o treinador se afasta do contato com a comissão técnica para pensar no próximo movimento a ser executado no jogo, segundo relatos de pessoas próximas ao português, ouvidas pela reportagem.
É um ato automático, quase uma reação do treinador à tensão apresentada nas partidas palmeirenses. Abel se isola e agacha para clarear as ideias, quase imitando a pose imortalizada na obra “O Pensador”, de Auguste Rodin.
— “O Pensador” é um projeto interessante de um homem desnudo, com toda a sua força muscular, a influência do Michelangelo é muito forte no trabalho. O pensador tem aquela força das esculturas do Michelangelo, da anatonia. A ideia de refletir através do corpo o interior, o pensamento — explicou Jorge Paulino, mestre em Arquitetura pela FAU/USP e professor de História da Arte na Faculdade Cásper Líbero.
— Essa escultura originalmente foi pensada como parte de um projeto maior para uma porta que seria do Museu de Arte Decorativa de Paris, que o pensador representaria o poeta de a Divina Comédia, de Dante Alighieri. Mas, como destaque, o “Pensador” ganhou autonomia no início do século XX e virou uma escultura maior que hoje está no Museu Rodin — acrescentou.
A escultura citada pelo mestre e exibida em foto é de 1904, foi feita de bronze e segue no Museu Rodin, em Paris. Originalmente chamada de “O Poeta”, a obra retrata um homem reflexivo e isolado nos próprios pensamentos, como Abel Ferreira nos jogos. Há um paralelo entre os dois na visão do professor, principalmente pelo português ter uma base anterior para moldar este atual Palmeiras.
— A comparação com o Abel (Ferreira) é legal. Pensar que todas as formas que Rodin criou partiram de algo, no caso a Porta do Inferno para o Museu de Arte Decorativo, e o Abel tem uma série de elementos na mão para moldar e esculpir um time forte — brincou o acadêmico.
— Como bom palmeirense, tenho o Abel como uma espécie de Rodin e Michelangelo, fazendo uma comparação meio “tosca” (risos), que ele está moldando uma série de jogadores para formar uma “Academia”, como Michelangelo tinha uma academia de escultura em Florença — encerrou.
O pensador Abel Ferreira está de volta. Recuperado depois de dez dias de quarentena e após testar negativo no exame PCR, o treinador português volta a comandar o Palmeiras após três partidas de ausência por conta da Covid-19. Sem ele, o time empatou com Santos e Libertad e venceu o Bahia.
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GE – Globo Esporte
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