Marielle Franco e Anderson Gomes, foram assassinados em março de 2018
Ana Rodrigues Publicado em 26/03/2024, às 07h58
A família de Marielle Franco quis evitar a federalização da investigação sobre a morte da vereadora durante o governo Bolsonaro.
De acordo com o UOL, os suspeitos de serem mandantes do assassinato foram presos no domingo (24) após o caso ser investigado pela Polícia Federal, no começo do governo Lula - entre os detidos, está Rivaldo Barbosa, delegado da Polícia Civil do Rio na época.
Em 2019, a família de Marielle publicou uma nota onde exigia que o crime fosse apurado pelas autoridades do Rio de Janeiro, durante o primeiro ano do governo Bolsonaro. Na época, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, sugeriu a federalização do caso.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro obteve avanços importantes e, por isso, somos favoráveis a que a instituição permaneça responsável pela elucidação caso", dizia a nota da família de Marielle e do então deputado Marcelo Freixo.
Na época, a família argumentava que o ministro não tinha demonstrado interesse pelo caso, até aparecer o nome do então presidente Jair Bolsonaro no inquérito.
Moro contribuirá muito mais se ele permanecer afastado das apurações", informava a nota.
E, ao mesmo tempo que isso acontecia, Rivaldo Barbosa dizia que a Polícia Civil do Rio tinha condições de apurar o caso e ainda demonstrava apoio à família.
A viúva de Marielle, Mônica Benício, também temia que um processo de federalização causasse atrasos nas investigações. Em setembro de 2019, ao jornal O Globo, ela chegou a dizer que tinha medo de que a federalização produzisse o efeito contrário à intenção demonstrada pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, de agilizar a apuração do crime.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) analisou o pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), em 2020, que solicitava a federalização do caso, mas teve o pedido rejeitado, sob o argumento de que "não é possível verificar desinteresse por parte das autoridades estaduais nas investigações para solucionar o crime". Na época, a família comemorou a decisão. Inclusive, até enviaram uma carta ao STJ pedindo que a investigação continuasse no Rio de Janeiro.
A mãe de Marielle, Marinete da Silva, continuou dizendo que era contra a federalização mesmo após o início do governo Lula. Já Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada e ministra da Igualdade Racial, passou a mostrar apoio à federalização.
A solução tem de partir do Rio de Janeiro. Foi lá que o crime aconteceu. O governo tem que dar uma resposta para mim, para a família, para a sociedade, para os eleitores da Marielle. Fui contra a federalização e fiz a campanha", falou Marinete Silva, em entrevista à Agência Brasil, em março de 2023.
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