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Racismo estrutural em São Paulo

Imagem Racismo estrutural em São Paulo

Redação Publicado em 23/06/2022, às 00h00 - Atualizado às 09h04


Um pouco de história e de como se consolidou o racismo estrutural na capital de São Paulo.

O marco oficial e institucionalizado da abolição da escravatura se dá em 13 de maio de 1888, data que coincide com o período de um incipiente processo de industrialização na capital.

Figura destacada nesse processo foi a de Francesco Matarazzo, criador das “Indústrias Reunidas Fábrica Matarazzo”, grupo econômico que atuou em diversos segmentos econômicos, como os de metalurgia, frigorífico, têxtil e outros.

Quando a capital de São Paulo começa a industrialização em fins do séc. XIX, houve uma assimilação da mão de obra europeia, já que na Europa o processo de industrialização já estava desenvolvido.

A mão de obra europeia já possuía alfabetização e certa qualificação profissional necessária para operar as máquinas da indústria. Vale lembrar que o ensino formal sempre foi vedado aos escravos e até mesmo aos negros libertos, da mesma maneira que a vedação para a aquisição de terras.

O grupo econômico de Matarazzo chegou a possuir trina mil empregados nos anos 40. Porém, a imensa maioria era composta por imigrantes europeus ou seus descendentes. A população negra ficou alijada do processo de industrialização, tendo sido relegada ao serviço braçal na lavoura. Todo trabalho é digno, porém, faz-se uma análise crítica para identificar a limitação da população negra a certas posições sócio-econômicas.

A urbanização paulistana sofreu o impacto deste estado de coisas, pois, se o imigrante europeu habitou os cortiços nos bairros industriais, a população negra ficou confinada aos arrabaldes da cidade (periferia).

Ao processo de limitação das oportunidades de trabalho à população negra, com o seu consequente confinamento nas periferias, juntou-se a elaboração do discurso racista como justificador do processo todo. A criação de anedotas que projetavam a imagem pejorativa dos negros contribuiu para justificar a opressão imposta e para minar a autoestima de todo um povo.

As mazelas sociais e econômicas a que foi submetida a população negra são evidentes e suas consequências ainda existem.

O atual marco civilizatório exige que todos conheçam os fatos históricos e busquem soluções para desmontar um sistema de criação e circulação de riquezas marcado pelo racismo estrutural.

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