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Pontes e viadutos de SP têm infiltrações, desgastes e plantas enraizadas nas estruturas

Pontes e viadutos da capital paulista apresentam sinais de falta de manutenção, segundo especialistas que participaram de uma blitz para verificar a situação

Pontes e viadutos de SP têm infiltrações, desgastes e plantas enraizadas nas estruturas
Pontes e viadutos de SP têm infiltrações, desgastes e plantas enraizadas nas estruturas

Redação Publicado em 16/11/2018, às 00h00 - Atualizado às 08h09


Raízes podem agravar um problema de destacamento de concreto, diz especialista. Prefeitura lançou edital para contratar empresa para fazer manutenção de 33 estruturas.

Pontes e viadutos da capital paulista apresentam sinais de falta de manutenção, segundo especialistas que participaram de uma blitz para verificar a situação das estruturas a pedido da TV Globo. Dentre os problemas encontrados estão infiltrações, plantas enraizadas na estrutura, desgastes no concreto e riscos de incêndio.

Na quinta-feira (15), a estrutura de um viaduto próximo à ponte do Jaguaré, na Zona Oeste de São Paulo, cedeu 2 metros,arremessando 5 carros que transitavam pelo local quando o incidente ocorreu, por volta das 3h30.

Algumas das estruturas vistoriadas pelos especialistas estão na lista das 33 que serão objeto de manutenção preventiva prevista pela Prefeitura em uma licitação que ainda está em andamento. Dentre o total, 9 passam por cima do rio Tietê e outras 3, sobre o rio Pinheiros. O processo de manutenção dos viadutos e pontes está parado desde 2016 na cidade, segundo a atual administração.

Em pontes no Tatuapé, na Cruzeiro do Sul e em duas sobre o rio Tietê há plantas crescendo. Na Eusébio Matoso, uma das pontes mais movimentadas da Marginal Pinheiros, há evidências de falta de cuidado, onde as plantas até criaram raiz na estrutura.

Também há vegetação enraizada no concreto no Viaduto Aricanduva, na Zona Leste, que parece um jardim suspenso, e no viaduto Bresser, no Centro.

Segundo o engenheiro e professor Marcos Monteiro, as sementes das plantas chegam aos locais com ajuda do vento e conseguem brotar no concreto por causa da umidade. A manutenção, segundo ele, é importante para não deixar elas criar raízes.

“Essas raízes podem agravar um problema de destacamento de concreto. Esse concreto pode cair em cima de pessoas e carros. E, no caso de cair na junta de dilatação, podem impedir o movimento da junta da estrutura e, com isso, prejudicar o funcionamento”, disse Monteiro.

Foi justamente na almofada da junta de dilatação que fez ceder o viaduto na Marginal Pinheiros na quinta-feira.

Viaduto da Marginal Pinheiros sobre linha da CPTM cede próximo à Ponte do Jaguaré — Foto: Abraão Cruz/TV Globo

Viaduto da Marginal Pinheiros sobre linha da CPTM cede próximo à Ponte do Jaguaré — Foto: Abraão Cruz/TV Globo

A blitz nos viadutos e pontes encontrou também desgastes no concreto que reveste as estruturas, como na ponte das Bandeiras, na Presidente Dutra e na Freguesia do Ó. Na Casa Verde, uma parte do revestimento de cimento caiu e deixou os tijolos à mostra.

Já a ponte Cruzeiro do Sul foi castigada pelos caminhões, que passam com altura acima da permitida. E, no Viaduto Pacaembu, há ferros retorcidos. No local, segundo o engenheiro e professor da Mackenzie Eduardo Deghiara, a manutenção seria urgente.

“A curto prazo, a situação que se encontra esse viaduto, pode acontecer um colapso no viaduto”, disse ele.

Já no viaduto Pompeia, na Zona Oeste, há infiltrações que preocupam.

Outro cuidado fundamental, segundo os especialistas, é não deixar as pessoas ocuparem as partes inferiores das estruturas, como no viaduto Alcântara Machado, onde há barracos improvisados que podem causar incêndios.

“O fogo é um agente extremamente agressivo. A água é outro agente extremamente agressivo. Então a melhor maneira de proteger essas estruturas é através de inspeção e manutenção periódicas”, assinalou Monteiro. “Existe muita infiltração de água. Essas infiltrações estão correndo o aço dos pilares e a parte de baixo das vigas que formam o viaduto. A curto prazo, os riscos são mínimos, mas se não fizer manutenção, a longo prazo vc pode ter colapso da estrutura”, acrescentou ele.

Segundo o prefeito, Bruno Covas, a licitação para contratar a empresa que vai cuidar da manutenção das estruturas deve ser finalizada em 3 meses. Para 2018, há orçamento previsto de R$ 9 milhões para as obras nestes locais.

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