Em grande parte da história brasileira a economia foi pautada e sustentada pela mão-de-obra escrava. Até o final do século XIX eram mãos escravas que
Redação Publicado em 14/08/2018, às 00h00 - Atualizado às 09h42
Em grande parte da história brasileira a economia foi pautada e sustentada pela mão-de-obra escrava. Até o final do século XIX eram mãos escravas que sustentavam e carregavam o país. No imaginário popular, ao se referir à imagem de um escravo, o mais comum é a associação ao negro. Os africanos e seus descendentes foram grande parte da mão-de-obra cativa utilizada no Brasil ao longo de sua história. Mas a escravidão indígena também foi amplamente utilizada e pouco sabemos ou lembramos dela.
Com a implantação da produção do açúcar no nordeste brasileiro, começa uma lógica de exploração da mão-de-obra nativa em que os índios começaram a ser capturados e colocados para trabalhar na plantação de cana e no refino do açúcar. Os nativos ainda foram a maior parte dos trabalhadores cativos nos engenhos de açúcar até meados do século XVII, mas foram perdendo espaço para o escravo africano após um longo período de transição.
Este período começou no final do século XVI e se alongou aproximadamente por um século. Leis que buscavam impedir, mas sem proibir completamente a escravização dos nativos, foram elaboradas a partir de 1570. Além disso, o capital gerado na produção açucareira com a força de trabalho cativa indígena possibilitou aos proprietários dos engenhos o investimento na compra de escravos africanos.
Então, gradualmente, o trabalho escravo nativo foi sendo substituído pelo africano no nordeste do Brasil, mas essa mudança não ocorreu completamente, pois mesmo com o predomínio de escravos africanos, os indígenas ainda eram explorados como cativos. Apenas com a politica do Marquês de Pombal foi proibida completamente a escravidão indígena no Brasil, na segunda metade do século XVIII.
Já no Sudeste, os bandeirantes são os grandes responsáveis pela escravização dos nativos. Muitas vezes tratados como heróis, principalmente no estado de São Paulo, os bandeirantes capturaram e escravizaram milhares de indígenas e, assim, sustentavam base econômica do sudeste brasileiro no inicio do período colonial. Os paulistas adentravam os sertões do continente em busca de índios que seriam aprisionados, escravizados, comercializados e explorados. Desse modo, além de utilizarem a mão-de-obra escrava indígena como sustentação da economia paulista, também dizimaram milhares de indivíduos e diversos povos nativos.
O objetivo dessa reflexão não é comparar as duas formas de mão-de-obra escrava utilizadas no país, a indígena e a africana, nem elencar qual foi mais cruel ou danosa, mas, sim, mostrar como nos esquecemos dos índios na construção do Brasil, como esses povos foram explorados e esquecidos. É importante lembrarmos que os indígenas brasileiros estão na luta por direitos até os dias de hoje e que a resistência desses povos foi penosa. É preciso entender e legitimar essa luta e resistência.
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