A relevância da ANA pode ser expressa em números. O Brasil detém cerca de 12% de toda a água doce do planeta, com 200 mil microbacias espalhadas em 12 regiões
Redação Publicado em 16/03/2020, às 00h00 - Atualizado às 12h38
A relevância da ANA pode ser expressa em números. O Brasil detém cerca de 12% de toda a água doce do planeta, com 200 mil microbacias espalhadas em 12 regiões hidrográficas.
Para se ter uma ideia, com o potencial hídrico que detém, o Brasil seria capaz de prover, por pessoa, um volume de água 19 vezes superior ao mínimo estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Boa parte dos rios brasileiros são compartilhados com outros países, o que torna real a necessidade de cooperações internacionais, visando não só a proteção, mas o uso racional de suas águas. “O Brasil divide 82 rios com outros países”, informou Christianne Dias, durante a gravação do programa.
Assim sendo, acrescenta a presidente da ANA, o Brasil precisa trabalhar tanto interna como externamente as questões relativas a seus recursos hídricos. “Temos que trabalhar em uma espécie de federalismo cooperativo, mas no âmbito internacional, uma vez que compartilharmos importantes bacias com outros países. Por isso temos uma agenda extensa de cooperação”.
A agenda citada pela dirigente da ANA abrange não só países vizinhos, mas outros países em desenvolvimento, interessados em conhecer a expertise brasileira. “Também temos cooperações envolvendo países africanos de língua portuguesa, com os quais promovemos trocas de experiência.”
Segundo Christianne, a abundância de água no Brasil e os conhecimentos adquiridos com relação ao uso desse tipo de recursos colocam o Brasil como um protagonista nesta área. “[É do conhecimento geral que] a água é essencial também para o desenvolvimento econômico do país. A falta dela compromete diversos setores, como os de alimentos, energia, indústria e navegação”, argumentou.
Diante desse cenário, é comum a ocorrência de conflitos e disputas envolvendo o acesso e o uso da água. “Identificamos regiões onde temos deflagrados conflitos porque a demanda é maior do que a capacidade de autorização de recursos hídricos. É um cenário não desejável, no qual temos de trabalhar na mediação entre diversos usuários”.
A presidente da ANA explicou que há regiões onde os conflitos envolvem produtores rurais, que precisam de água para irrigarem suas plantações, e empresas do setor elétrico – no caso usinas hidrelétricas que precisam de água para gerar energia por meio de suas turbinas.
“Temos que sentar todos em uma mesa para tomar conhecimento das situações. Nas salas de crise, depois de nos depararmos com as situações, temos que dosar, fazer uso racional dos recursos hídricos”, disse. Para lidar com esse tipo de situação, a ANA costuma contar com a ajuda de órgãos gestores estaduais e, dependendo da situação, com outras autoridades, além das partes envolvidas (usuários).
Segundo a dirigente, a dimensão continental brasileira torna mais complexas as soluções dos problemas identificados pela agência. “Cada região depende de uma solução diferenciada. No Sudeste, por exemplo, com a concentração demográfica, o problema maior é a poluição”, relatou.
Durante a entrevista, Christianne Dias falou, também, sobre os efeitos causados pelas crises hídricas na vida e na rotina dos brasileiros. “Foi uma mudança cultural que precisa ter continuidade nos momentos em que não falamos de racionamento”, disse, ao destacar a importância de trabalhos de prevenção e de mitigação de problemas decorrentes de efeitos climáticos extremos.
Seguindo o mesmo princípio, ela destacou o papel das chamadas salas de monitoramento, criadas para, com a ajuda dos estados, subsidiar eventuais tomadas de decisão tanto nas situações de seca como de inundação.
AGENCIA BRASIL
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