Integrantes do Ministério Público Federal (MPF) ouvidos pelo G1 nesta quarta-feira (29) reconheceram que a instituição enfrenta sua mais grave crise desde que
Redação Publicado em 29/07/2020, às 00h00 - Atualizado às 16h21
Integrantes do Ministério Público Federal (MPF) ouvidos pelo G1 nesta quarta-feira (29) reconheceram que a instituição enfrenta sua mais grave crise desde que a estrutura atual do órgão foi estabelecida pela Constituição de 1988.
A percepção é a de que declarações do procurador-geral da República, Augusto Aras, nesta terça-feira (28) explicitaram a divisão no MPF. O PGR disse ser hora de “corrigir rumos” para que o “lavajatismo” passe e seja substituído no Ministério Público por outro modelo de enfrentamento à criminalidade.
“Há uma crise de desconfiança generalizada. A cúpula da PGR tenta controlar o órgão. Mas falta liderança na instituição. Ninguém aqui defende eventuais excessos. Mas isso não pode justificar um movimento para paralisar investigações e enfraquecer o combate à corrupção”, ressaltou um experiente subprocurador, que pediu anonimato para evitar expor ainda mais a crise na instituição.
Aras deu a declaração ao participar de um debate virtual, promovido por um grupo de advogados.
Segundo o PGR, a “correção de rumos não significa redução do empenho no combate à corrupção”. Ainda no debate, Augusto Aras afirmou que a gestão dele visa acabar com o “punitivismo” do Ministério Público e que não pode existir “caixa-preta” no MP.
Outro subprocurador, cargo atingido no topo da carreira do MPF, ressalta que a falta de liderança na PGR foi evidenciada com a iniciativa de Aras de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para acessar dados de investigações das forças-tarefa da Lava Jato. Ele obteve decisão a favor do compartilhamento de dados proferida pelo presidente do STF, ministro Dias Toffoli.
O procurador-geral entrou em atrito com as forças-tarefa depois de a chefe da Lava Jato na PGR, Lindôra Araújo, se dirigir a Curitiba com o objetivo de obter acesso a dados de investigações.
Para esse subprocurador, desde que Aras se colocou como um nome fora da lista tríplice para assumir o cargo de PGR, ele já fazia críticas à Lava Jato. A lista é uma tradição na instituição, mas não é obrigatório por lei. E no ano passado o presidente Jair Bolsonaro decidiu escolher um nome fora da lista. “Ao optar pelo perfil de Aras, o presidente sinalizou o que desejava para a Lava Jato e para a própria PGR”, resumiu esse subprocurador.
G1
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