O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) prepara a primeira denúncia a ser entregue à Justiça contra o médium João Teixeira de Faria, o João de Deus. O
Redação Publicado em 27/12/2018, às 00h00 - Atualizado às 08h22
O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) prepara a primeira denúncia a ser entregue à Justiça contra o médium João Teixeira de Faria, o João de Deus. O documento deve denunciar o investigado por violação sexual mediante fraude em três casos e por estupro de vulnerável em um. Ele nega as acusações e está preso suspeito de abusar sexualmente de mulheres que o procuravam para tratamento espiritual, além de posse ilegal de arma de fogo.
“O MP está trabalhando nesse momento na produção da primeira denúncia que será oferecida. Essa denúncia, além de envolver o fato dessa vítima concluída pela Polícia Civil, abarcará também outras três vítimas que estão incluídas no procedimento de investigação criminal conduzido pelo MP”, explicou a promotora Gabriella Clementino.
O G1 tentou contato com a defesa de João de Deus, por telefone e mensagem, na noite de quarta-feira (26) e na manhã desta quinta-feira (27), mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
O documento deve ser entregue à Justiça no máximo até domingo (30), prazo legal estabelecido já que o médium está preso preventivamente. A promotora disse à TV Anhanguera, no entanto, que pretende entregar a denúncia até sexta-feira (28).
“Nós já temos trabalhos concretos, que identificaram provas suficientes para oferta de denúncias”, acrescentou.
O MP-GO informou que já ouviu 78 mulheres que acusam João de Deus de abusos sexuais. De acordo com o órgão, três desses depoimentos integram a primeira denúncia e se tratam de crimes que teriam ocorrido em 2018 na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, no Entorno do Distrito Federal. O endereço era o local onde o médium realizava os atendimentos espirituais.
O médium foi ouvido na quarta-feira (26) pelos promotores da força-tarefa que apuram as denúncias contra ele. Durante o interrogatório, João de Deus respondeu perguntas da defesa e do MP-GO sobre os casos de três mulheres que o acusam de abusos. De acordo com o advogado dele, Alberto Toron, o investigado disse não se lembrar de nenhuma delas e negou ter cometido os crimes.
Conforme o MP-GO informou à TV Anhanguera, todo o depoimento do médium, que durou cerca de duas horas, foi gravado e deve ser enviado à Justiça junto com a denúncia.
A mulher de João de Deus, Ana Keyla Teixeira, foi ouvida também nesta quarta-feira, mas pela força-tarefa da Polícia Civil. O advogado dela, Alex Neder, disse que sua cliente negou saber dos abusos e que se soubesse “não aceitaria”. Ela também negou saber da existência de R$ 1,6 milhão e armas apreendidos pela Polícia Civil na casa do médium, segundo a defesa.
João de Deus está preso desde o dia 16 de dezembro, quando se entregou à Polícia Civil. Ele está detido no Núcleo de Custódia do Completo Prisional de Aparecida de Goiânia, onde dorme sozinho, mas passa o dia em uma cela com outros quatro presos. O médium teve um 2º mandado de prisão deferido, desta vez por posse ilegal de arma de fogo.
A defesa do médium pediu a soltura dele ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) – ambos negaram o habeas corpus em caráter liminar. Portanto, o pedido foi feito a Supremo Tribunal Federal (STF), que não havia decidido até a madrugada desta quinta-feira (27). A procuradora-geral da República,Raquel Dodge, se posicionou contra a soltura de João de Deus.
A Polícia Civil e o MP-GO apuram as denúncias contra o médium após relatos de mulheres virem à tona no programa Conversa com Bial, no início de dezembro. Até a manhã da quarta-feira, o MP-GO já havia recebido quase 600 denúncias, por e-mail, contra o médium.
O jornal “O Globo”, a TV Globo e o G1 têm publicado nos últimos dias relatos de dezenas de mulheres que se sentiram abusadas sexualmente pelo médium. Não se trata de questionar os métodos de cura de João de Deus ou a fé de milhares de pessoas que o procuram.
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