Polícia Federal (PF) anexou a um inquérito da Lava Jato recibos apresentados pelo ex-presidente do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, que indicam doações de
Redação Publicado em 26/09/2017, às 00h00 - Atualizado às 14h46
Polícia Federal (PF) anexou a um inquérito da Lava Jato recibos apresentados pelo ex-presidente do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, que indicam doações de R$ 4 milhões ao Insituto Lula. De acordo com o empreiteiro, o valor foi pago em quatro parcelas de R$ 1 milhão e saiu do setor de propinas da empresa.
À PF, Marcelo Odebrecht disse que o valor estava registrado na planilha do Setor de Operações Estruturadas de codinome Italiano, que seria referente a Antonio Palocci, ex-ministro dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Os recibos foram anexados em um inquérito da Lava Jato na quinta-feira (21).
Marcelo Odebrecht declarou, como consta no termo de reinquirição anexado pela PF, que os valores foram efetivamente descontados da planilha Italiano. Conforme os recibos, os valores foram pagos em 16 de dezembro de 2013, 31 de janeiro de 2014, 5 de março de 2014 e 31 de março de 2014.
Em interrogatório conduzido pelo juiz federal Sérgio Moro – responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância – Palocci já havia relatado o pagamento de R$ 4 milhões da Odebrecht para o Instituto.
Condenado pela Lava Jato e réu em outro processo, junto com Lula, Palocci declarou ao juiz que pediu para Marcelo Odebrecht dinheiro para cobrir um buraco nas contas do Instituto Lula.
“Em 2012, 2013, eu volto a tratar de alguns recursos a pedido do ex-presidente Lula. Tem um episódio, que o Marcelo relatou, que é verdadeiro. É um pedido que eu fiz a ele, de R$ 4 milhões pro Instituto Lula. Isso é verdade”, disse o ex-ministro.
Marcelo Odebrecht também já tinha relatado a Sérgio Moro os R$ 4 milhões ao Instituto Lula.
Em um e-mail enviado no dia 26 de novembro de 2013 por Marcelo Odebrecht para Alexandrino Alencar, com cópia para Hilberto Mascarenhas, o empreiteiro falou sobre o assunto.
“Italiano disse que o Japonês vai lhe procurar para um apoio formal ao Inst. De 4M (não se sabe se todo este ano, ou 2 este ano e 2 do outro). Vai sair de um saldo que o amigo de meu pai ainda tem comigo de 14 (coordenar com HS no que tange ao Crédito) mas com MP no que tange ao discurso pois será formal”.
De acordo com Marcelo Odebrecht, “Japonês” corresponde a Paulo Okamoto [presidente do Instituto Lula], enquanto “Inst.” é uma referência ao Instituto Lula e “4M” trata-se do valor de R$ 4 milhões.
“HS”, ainda segundo Marcelo Odebebrecht, são as iniciais de Hilberto [Mascarenhas] Silva e “MP” deve corresponder ao responsável pela comunicação na construtora.
Por meio de nota, o advogado de Lula Cristiano Zanin Martins afirmou que “a tentativa de criminalizar o recebimento de doações legais para o Instituto Lula, retratadas em recibos, parece ser a nova onda da perseguição da Lava Jato contra o ex-presidente Lula”.
“Lula não recebeu qualquer doação ilegal da Odebrecht ou de qualquer outra empresa. As doações questionadas não tiveram Lula como beneficiário, mas sim entidade sem fins lucrativos que não se confunde com o ex-presidente”, pontuou o advogado.
Sobre os depoimentos de Palocci, a defesa de Lula disse, à época, que a declaração do ex-ministro é mentirosa e foi fabricada para superar a ausência de provas contra o petista.
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