A Polícia Civil de São Paulo concluiu que as meninas encontradas mortas dentro de um carro em São Miguel Paulista, na Zona Leste da capital, na semana
Redação Publicado em 20/10/2017, às 00h00 - Atualizado às 14h34
A Polícia Civil de São Paulo concluiu que as meninas encontradas mortas dentro de um carro em São Miguel Paulista, na Zona Leste da capital, na semana passada, foram assassinadas. Dois homens foram presos na manhã desta sexta-feira (20). Os corpos de Adrielli Mel Porto, a Mel, de 3 anos e 8 meses, e de Beatriz Moreira dos Santos, a Bia, de 3 anos e 11 meses, foram velados e serão enterrados nesta sexta no Cemitério da Saudade.
Segundo a polícia, Marcelo Pereira de Souza confessou seu envolvimento no crime, e Everaldo Jesus Santos também teria participação. Um deles, de 37 anos, já cumpriu pena por estupro.
Eles tiveram a prisão temporária decretada. No domingo (15), os dois chegaram a ser torturados por moradores da região, que suspeitavam do envolvimento deles no crime. Na ocasião eles foram liberados pela polícia e negaram participação no caso.
A polícia aguarda exames para determinar se as crianças sofreram abuso sexual.
Os dois homens foram encontrados na segunda-feira (16) em um barraco no Jardim Queralux, na Zona Leste, machucados e amarrados.
A polícia foi até o local após receber uma denúncia, e os homens disseram que tinham sido torturados por pessoas que achavam que eles teriam participado da morte das meninas.
Os dois disseram à polícia que foram pegos por homens que estavam em um carro vermelho, no fim da tarde de domingo, e que foram torturados para confessar que mataram as meninas, mas negaram o crime.
Os corpos das meninas chegaram no Cemitério da Saúde, na Zona Leste, por volta das 10h30, e tiveram uma cerimônia. O enterro deve acontecer ainda nesta sexta-feira.
A polícia confirmou nesta quinta a certeza que os pais já tinham: os corpos encontrados no carro na semana passada são das duas crianças que estavam desaparecidas desde o dia 24 de setembro. A policia disse que os corpos encontrados estavam sem parte das roupas.
Mais de cem impressões digitais foram colhidas dentro do veiculo. Os peritos também encontraram um preservativo fechado. Os resultados dos exames são essenciais para a investigação.
A certidão de óbito entregue hoje para os pais das meninas aponta como causa da morte indeterminada, já que os laudos que vão apontar como elas morreram ainda não ficaram prontos.
O pai de Adrielli espera que a investigação esclareça o que aconteceu com as crianças. “Eu acredito que quando chegarem os laudos vamos saber quem são os envolvidos e os culpados. Se for para dizer aleatoriamente, sem respaldo, é melhor não falar”, disse o pai de Mel.
As meninas serão enterradas no Cemitério da Saudade, em São Miguel Paulista, nesta sexta-feira (20).
A polícia foi acionada por moradores do Jardim Lapena no dia 12 de outubro. Como era Dia das Crianças, os vizinhos tinham fechado parte da Rua Call para fazer um churrasco, quando sentiram um cheiro muito forte vindo de um terreno que estava fechado com placas de alumínio.
Um vizinho pulou o muro e encontrou a Fiorino branca com os dois corpos dentro.
Mesmo antes da conclusão do Instituto Médico Legal (IML), contudo, os vizinhos já desconfiavam que os corpos eram de Bia e Mel. Elas desapareceram no dia 24 de setembro, quando brincavam em frente de casa, a cerca 150 metros do local onde os corpos foram encontrados.
Também antes do anúncio de identificação, as mães das crianças estiveram no IML e reconheceram as roupas que as filhas vestiam no dia do desaparecimento. O chinelo de uma das meninas também foi reconhecido.
Apesar do estado dos corpos, a polícia vai tentar identificar se as meninas foram alvo de violência sexual. Segundo a delegada Ana Lucia Lopes Miranda, do DHPP, os vizinhos relatam que não houve nenhuma anormalidade naquele dia.
Uma das meninas estava sem a parte de baixo da roupa. A polícia também analisa as impressões digitais presentes em uma embalagem de preservativos encontrado fechada dentro do furgão. Foram colhidas mais de 100 digitais no veículo periciado.
Além da possibilidade de duplo assassinato, a polícia trabalha a hipótese de acidente. Para a delegada, as meninas podem, por exemplo, ter entrado no veículo para brincar e, em razão de o carro ter uma tranca interna de difícil acesso, podem ter ficado presas.
“Por enquanto não dá para dizer se foi um crime, se foi acidente. Dependemos dos laudos para definir o que aconteceu”, disse Ana Lucia Lopes Miranda, do DHPP.
O carro havia sido roubado em Guarulhos. O chassi e o número de motor remetem a um veículo roubado na área do 53º Distrito Policial – Parque do Carmo.
O veículo foi levado para o pátio da delegacia do bairro. O DHPP ainda tenta identificar o dono do automóvel, que foi roubado este ano. Um rádio comunicador, que foi recolhido para a análise das digitais, e uma touca preta foram apreendidas na Fiorino.
Os investigadores já sabem que um pedaço de madeira travava a porta do baú do veículo e um outro pedaço impedia que a porta do motorista fosse aberta.
O governo de São Paulo ofereceu R$ 50 mil de recompensa para quem tivesse informações que pudessem ajudar a polícia a identificar possíveis envolvidos na morte das meninas.
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