Após espancar ex, agressor mandou mensagens para a vítima: ‘Te amo’

O homem que agrediu com tapas, socos e joelhadas sua ex-companheira, mãe de sua filha de 3 anos, – e foi flagrado por uma câmera de segurança – mandou mensagens no celular da vítima se desculpando um dia depois da agressão. Kelvin Luiz de Assis Soares, de 24 anos, se entregou à polícia de Marília (SP) na última quarta-feira (2) depois de ter sua prisão preventiva decretada.

Vítima guardou mensagens no celular (Foto: Reprodução/TV TEM)

Judy Aparecida Brito de Souza conversou com a reportagem sobre as agressões, que foram registradas pela câmera do bar onde ela estava, em Álvaro de Carvalho (SP). “No outro dia ele começou a mandar mensagem para mim, que a gente tem que ficar junto, que me ama”, contou a jovem, que ainda tem as mensagens salvas no celular.

Judy estava no bar com uma amiga quando Kelvin chegou e começou a agredi-la com socos, chutes e joelhadas. “Ele já chegou me agredindo, dando soco na cara, porrada, chute. Aquela hora não lembrei mais de nada, comecei a ficar zonza. Chegou lá fora ele me agrediu pior. Me deu vários chutes, chutava minha barriga, pegava o joelho dele e dava na minha costela”, lembra.

Vítima diz que está com medo (Foto: Reprodução/TV TEM)

Ele estava foragido desde o fim da tarde de terça-feira (1º) quando a prisão preventiva foi determinada pela Justiça.

Com medo, Judy decidiu sair da cidade para evitar novas agressões. “Ele falou que não está nem aí se for preso, falou que já que vai preso, então me mata antes. E Justiça não tem, morro de medo dele.”

Um sentimento que é compartilhado pelos familiares. “Ele bateu demais na minha filha. A gente nunca dependeu dele para nada, nem para minha neta. Nenhum centavo, nem para o leite. O que ele fez foi longe demais. Ele tem que pagar”, diz a mãe da vítima Rosalina Correia de Brito.

Ciúme
Kelvin prestou depoimento na quarta e, segundo a delegada Darlene Costa, tentou explicar o motivo das agressões. “Ele falou que perdeu a cabeça, que estava com ciúme por ela estar no bar aquela hora.”

As imagens da agressão serão usadas como prova do inquérito que investiga o caso. “A imagem fala por si só. A violência que ele agiu contra a mulher não há dúvida disso”, diz a delegada. O suspeito foi encaminhado para a penitenciária de Marília e ficará à disposição da Justiça, segundo a delegada. “Não cabe fiança, agora é a justiça que vai determinar o tempo que ele vai ficar preso.”

Vereador fala sobre agressão de filho contra ex (Foto: Reprodução/TV TEM)

Investigação
A Polícia Civil instaurou um inquérito de lesão corporal dolosa dentro da Lei Maria da Penha e as imagens das agressões serão usadas como prova. A delegada responsável pelo caso, Darlene Costa, já ouviu a amiga de Judy que estava com ela no bar, um cliente e o funcionário do estabelecimento comercial.

O pai de Kelvin também esteve na delegacia na terça para explicar o que aconteceu, antes do pedido de prisão dele ser expedido pela Justiça. Luiz Geraldo Assis Soares, que é vereador da cidade pelo DEM, falou em entrevista à TV TEM que as agressões teriam sido motivadas pelo suposto comportamento da vítima. No entanto, ele afirmou que o que o filho fez não tem justificativa.

O Conselho Tutelar informou que não há nenhuma denúncia de maus-tratos ou negligência envolvendo a filha do casal.

“Nós nunca tivemos nenhuma denúncia em relação a jovem, a criança frequenta uma creche e também nunca fomos acionados por qualquer problema envolvendo a menina. Não temos nada que a desabone como mãe. Nunca recebemos nenhuma denúncia contra ela, aparentemente ela é uma boa mãe”, ressaltou Tânia Lopes, conselheira tutelar. Questionado sobre a violência com que a jovem foi agredida, o vereador preferiu não comentar.

A Presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB de Garça Maria Claúdia Mendonça, responsável por Álvaro de Carvalho, comentou o caso. “É lastimável. Apesar da lei Maria da Penha ainda existe o machismo, é uma posse, que o homem se acha no direito de cometer essas atrocidades, até matar. Mas nada justifica a conduta do agressor. Essa conduta foi criminosa, não pode passar em branco.”