Diário de São Paulo
Siga-nos
COLUNA

Decisões Cruciais - Qual o seu "partido”?

Decisões Cruciais. - Imagem: Freepik
Decisões Cruciais. - Imagem: Freepik

por Danilo Talanskas

Publicado em 27/09/2022, às 08h40


Estamos vivendo em uma época em que muitos países enfrentam eleições muito mais polarizadas do que se via no passado. Em cenários desse tipo, imaginamos que o comportamento dos eleitores seja de certa forma padrão: quanto maior for a diferença entre as ideias, mais claro será o caminho de escolha, e maior o engajamento.

Eleições recentes têm mostrado que a realidade não é bem essa. Há comportamentos diferentes para situações semelhantes. Nas eleiçõespresidenciais de 2022 na França, onde o voto não é obrigatório, 72% dos inscritos compareceram às urnas. No Chile, nas eleições de 2021, apenas 47% dos inscritos votaram. Ambas as eleições foram muito polarizadas.

O processo de tomada de uma decisão é muito complexo e varia de pessoa a pessoa. Mais complexo ainda é decidir em situações sob alta pressão, caminhos incertos ou em soluções nunca exploradas. No dia a dia profissional há "partidos" invisíveis e sempre teremos a decisão de estar nas categorias de "brancos", "nulos" ou "válidos".

Há uma ilusão de que somente um gestor é quem sempre toma as decisões, porém a verdade é que colaboradores de todos os níveis estão sempre enfrentando decisões importantes. Podem simplesmente ficar na "linha de produção" como retrata o filme "Tempos Modernos” de Charles Chaplin, ou fazer a diferença seja na qualidade do trabalho, ou trazendo ideias e sugestões para enriquecê-lo, ou aperfeiçoar-se para melhorar seu desempenho. São decisões diárias.

Lembro-me de uma reunião para tomar uma importante decisão a respeito de um contrato com uma grande estatal. Participavam advogados de todas as esferas: internos, do escritório local, da matriz americana, todos em teleconferência.  Em um momento de silêncio e impasse, nossa advogada júnior, que estava lá para "aprender", falou com uma voz firme: "Sr. Danilo, se eu fosse o senhor, não assinaria esse contrato". Para encurtar a história, foi a decisão que tomamos.

Muito se fala dos riscos que são enfrentados com coragem pelos empreendedores, empresários ou "start-ups", fazendo parecer que a vida em um emprego seja muito tranquila. Os riscos e a capacidade de decisão necessários para a sobrevivência e progresso são os mesmos. Em ambos os casos, quando há reveses, vem a perda financeira, o possível comprometimento da reputação ou até mesmo a inviabilidade do futuro profissional.

Não há espaço para os "votos em branco" ou "nulos".

Existem centenas de materiais que fornecem ferramentas para tomadas de decisões, mas no final, a única forma de aprendizado é... decidindo! Importante é se ter a consciência de que muitas vezes inúmeras decisões não serão acertadas, mas fazem parte da pavimentação da estrada que nos levará às decisões de grande impacto em nossas carreiras. Afinal, aprendemos mais com os nossos erros, do que com os nossos acertos.

Embora muitas decisões sejam baseadas em números ou ferramentas quantitativas, ainda assim, a forma de decidir é especificamente sua e única. Entram no processo decisório a sua formação, suas experiências, a forma como você vê o mundo e até mesmo o subjetivo "feeling", ou intuição. Assim, uma empresa não é uma democracia onde a maioria vence, mas as decisões são tomadas pelas gestoras e gestores, enriquecidas na medida que permitam suas equipes de opinar, agregando novas ideias, ou até mesmo discordando de suas chefias.

No final, o progresso de sua carreira não virá por seu título ou posição, mas sim na proporção que suas decisões impactam o negócio, em qualquer nível da organização. Sua primeira e mais importante decisão é a de agregar real valor para a companhia com o seu trabalhoe não apenas exercer uma função.

Assim como todos esses critérios mudam o destino de nações, assim também dominam os caminhos de sua carreira e dos resultados da empresa. Você pode decidir posicionar-se em um dos três grupos: o dos "votos nulos", que geralmente são os negativistas ou que se negam a tomar qualquer tipo de decisão, o dos "votos em branco", aqueles que permanecem "em cima do muro" em todas as situações. Você pode, entretanto, ser alguém ativo, com atitude e tomando decisões que levem a torná-lo um "voto válido", que realmente faça a diferença!

Fechando, compartilho a letra de uma música que minha esposa compôs anos atrás, que vem encerrar o tema de maneira sublime:

"Decida! Decida! O rumo que quer navegar, e avante em seu leme constante, enfrente o seu mar; deixe de lado a maré, dura ou má que vier, insista em sua conquista, só nunca desista, vença de vez por inteiro, o temporal que vier".(*)

(*) "Decida" - Letra e música de Marina Talanskas 

Ouça agora! 

Compartilhe  

últimas notícias