Diário de São Paulo
Siga-nos
Curiosidades

Em podcast, Lula recorda o acidente que o fez perder o dedo mindinho

O ex-presidente detalhou como o episódio em uma entrevista ao "Podpah"

Lula lembrou do período quando trabalhava como torneio mecânico - Imagem: reprodução/Facebook
Lula lembrou do período quando trabalhava como torneio mecânico - Imagem: reprodução/Facebook

Mateus Omena Publicado em 22/10/2022, às 10h13


Uma das características mais famosas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à presidência da República, é a marca nas mãos de seu passado como torneiro mecânico. O político perdeu o dedo mínimo da mão esquerda em um acidente de trabalho há muitos anos.

Em diversas entrevistas ao longo da carreira na política, Lula conta como o acidente ocorreu. Em entrevista ao podcast "PodPah", ele contou que o ferimento ocorreu na época em que atuava como torneiro mecânico na metalúrgica Independência, no bairro Vila Carioca, em São Paulo, em 1964. Lula trabalhava em uma fábrica que produzia "botão de cofre e puxador de porta".

Segundo Lula, o seu trabalho era realizado no turno da madrugada. Uma das prensas quebrou e ele resolveu fazer um parafuso para fazer a máquina voltar a funcionar.

"Eu fiz o parafuso e, quando fui colocar, o companheiro prensista que estava cochilando distraiu-se, largou o braço da prensa, que fechou, e eu perdi o dedo", explicou, em uma das primeiras entrevistas em que falou sobre o tema, concedida ao jornalista Mário Morel, em 1979.

Durante a conversa no "PodPah", o político alegou que o acidente poderia ter sido mais grave. "Eu estava com a mão [dentro da máquina], puxei. A minha sorte é que abri a mão e ficou só o dedinho".

No entanto, a situação teria ficado crítica, pois como o acidente ocorreu de madrugada, Lula
precisou esperar o amanhecer para ir até o hospital Monumento, o único que atendia os trabalhadores da região, de acordo com seu relato.

"Eu fui atendido pelo médico às 7h da manhã. Pobre, trabalhando à noite, o sistema do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) não tinha muita opção. O médico poderia ter aproveitado um pouquinho para coçar o ouvido. Ele preferiu cortar tudo", disse o ex-presidente, em entrevista ao apresentador Jô Soares, da TV Globo.

"Se fosse hoje o médico deixava um toquinho. Mas naquela época, o peão fedendo a óleo, a mão cheia de graxa, para que esse toquinho? Arrancou tudo", relembrou Lula ao "PodPah".

Em muitas ocasiões, o ex-presidente revelou que passou a ter vergonha da falta do dedo e escondia a cicatriz de todos.

"Eu tinha preconceito. Eu tinha vergonha de usar aliança e as pessoas não verem meu dedo. Andava muito com a mão fechada. Depois, passei um tempo aprendendo a lavar o rosto. Eu ficava com a mão aberta, colocava a água e [quando levava para o rosto] a água caía", contou a Jô Soares.

Apesar disso, em 1998, Lula chegou a dizer que esse tipo de acidente era comum entre os metalúrgicos: "Muita gente ficava sem dedo ou sem pedaço de dedo. Naquele tempo, a segurança do trabalho era quase inexistente."

O político recordou também que, naquele período, foi indenizado em 350 mil cruzeiros, usados para comprar um terreno e móveis para a sua mãe.

Compartilhe  

últimas notícias