Diário de São Paulo
Siga-nos
INCÊNDIOS

Incêndio recorde destrói 300 mil pés de café e preocupa mercado

Produtores locais relatam prejuízos incalculáveis e esperam anos para reverter devastação histórica

Caconde enfrenta prejuízos milionários após devastação que comprometeu anos de trabalho - Imagem: Reprodução / EPTV
Caconde enfrenta prejuízos milionários após devastação que comprometeu anos de trabalho - Imagem: Reprodução / EPTV

Sabrina Oliveira Publicado em 26/09/2024, às 08h51


Um incêndio de grandes proporções devastou as serras da Mantiqueira e do Cigano, em Caconde (SP), destruindo 654 hectares de vegetação e causando grandes prejuízos aos produtores de café locais. A região, conhecida por ser um dos principais polos de produção de café do estado, viu 300 mil pés da planta serem consumidos pelo fogo, o que representa uma perda significativa para a economia do município.

Aproximadamente 25% da área afetada era destinada ao cultivo de café, essencial para a economia local, especialmente no mercado de exportação. No ano passado, Caconde registrou uma colheita impressionante de 2,5 milhões de sacas de café. Contudo, com a devastação recente, estima-se uma perda de cerca de 2,5 mil sacas, um prejuízo de R$ 3,5 milhões somente em grãos. Esse valor não inclui os custos adicionais para o replantio das plantas destruídas.

Paulo Izidro Arcanjo, diretor de Agricultura, Abastecimento e Pesca de Caconde, destacou a gravidade da situação: “Acreditamos que haverá uma perda significativa na produção e na qualidade do café pelos próximos dois a três anos”. A recuperação será lenta e cara para muitos produtores que tiveram suas lavouras completamente destruídas.

Um dos agricultores mais afetados foi Hélio Moreira de Araújo, que estima prejuízos de R$ 1 milhão devido à destruição de 80% de sua lavoura. “Eu achei que estava tudo controlado. Fui à cidade pedir um caminhão-pipa e, quando voltei, tudo estava queimado”, lamentou Araújo.

Outro produtor impactado foi Luiz Henrique Galdino Ramos, que perdeu todos os seus 10 mil pés de café. Ele conta que as plantas “foram cozidas por dentro” e que não há solução a não ser começar do zero. Ramos esperava colher 350 sacas na próxima safra, mas agora calcula um prejuízo de R$ 400 mil. “Vamos ter que preparar o terreno novamente com matéria orgânica e só daqui a três anos poderemos produzir”, afirmou.

Este foi o maior incêndio registrado na história recente do município, afetando diretamente cerca de 300 dos 2.350 cafeicultores locais.

Compartilhe