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Ecossistema social deve ser colaborativo para enfrentar desafios complexos

Sistemas de saúde sustentáveis - Imagem: Reprodução | X (Twitter) - @AFPnews
Sistemas de saúde sustentáveis - Imagem: Reprodução | X (Twitter) - @AFPnews
Mara Machado

por Mara Machado

Publicado em 23/07/2024, às 06h00


A sustentabilidade dos sistemas de saúde tem sido desafiada por questão que vão muito além do foco vigente do setor. Já sabemos dos impactos gerados pelo envelhecimento da população, das taxas crescentes de doenças crônicas e custos associados a novas tecnologias, mas precisamos observar mais de perto outros agentes, como os efeitos das mudanças climáticas.

As alterações climáticas estão se tornando cada vez mais relevantes para toda a sociedade e seus efeitos passaram a ser mais frequentemente percebidos na saúde, como estresse por calor e incêndios, inundações e tempestades. Existem também os efeitos indiretos, como desnutrição devido a quebras de safra e padrões alterados de doenças infecciosas.

O tema vem ganhando tanto destaque que a Organização Mundial da Saúde (OMS) descreve as alterações climáticas como a maior ameaça à saúde da atualidade. Importante destacar que comunidades de baixa renda e desfavorecidas, que historicamente contribuíram menos para as causas das alterações climáticas, estão sendo as primeiras a sofrer seus impactos, além de serem mais duramente atingidas. 

Para alcançar a equidade em saúde, precisamos de uma abordagem abrangente, tratando não apenas as necessidades imediatas de saúde, mas também os fatores sociais, econômicos e políticos subjacentes, que perpetuam essas disparidades. Alguns dos principais indicadores de saúde, como mortalidade infantil e expectativa de vida, já são percebidos dentro de um contexto que vai além dos serviços de saúde e requer outros determinantes.

Apenas 10% a 15% dos ganhos na expectativa de vida são atribuíveis aos cuidados de saúde (Leys 2009, 6). Apesar de todas as evidências, as medidas existentes de cobertura de saúde tendem a se concentrar em avaliações quantitativas de acesso a serviços de saúde.

Extensos estudos mostram que a saúde e o bem-estar são moldados pelas condições em que as pessoas nascem, crescem, vivem, trabalham e envelhecem. Essas condições, por sua vez, são moldadas por fatores estruturais, econômicos, ambientais e outros, incluindo a cooperação intersetorial.

Saúde e bem-estar impulsionam o desenvolvimento sustentável mais amplo, promovem a resiliência, a sustentabilidade, a integração, a equidade e a segurança humana. Consequentemente, o direito à saúde e a responsabilidade pela saúde, bem como os benefícios de sua melhoria, estendem-se muito além do setor da saúde.

O atual modelo de governança, financiamento e arquitetura do sistema de saúde não é adequada para isso. Para criar sistemas de saúde verdadeiramente sustentáveis ​​e resilientes é necessária uma transformação em todo o sistema. Uma transformação dessa magnitude exigirá colaboração de todas as partes interessadas, incluindo governos, prestadores públicos e privados e grupos da indústria.

Sistemas de saúde sustentáveis ​​e resilientes são pilares necessários para construir sociedades saudáveis ​​e equitativas. Para caminharmos em direção a essa meta, todas as partes interessadas devem assumir responsabilidades e trabalhar juntas para apoiar e entregar estratégias transformacionais.

A saúde é um serviço essencial para a sociedade e está diretamente relacionado à qualidade de vida. É preciso encontrar caminhos para entregá-la de forma sustentável para garantir a manutenção dessa qualidade de vida no futuro.

Esperamos persuadir especialistas em todas as áreas a se juntarem ao debate sobre como transformar a saúde em uma prática sustentável.

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