O skatista está com 34 anos de idade e mantém o numeroso grupo de amigos da adolescência, que conheceu no universo do skate. Mais do que uma inspiração para
Redação Publicado em 20/06/2021, às 00h00 - Atualizado às 14h42
Uma das modalidades que estreiam nas olimpíadas de Tóquio é também sinônimo de estilo de vida para milhões de jovens ao redor do mundo. O skate, há décadas, dita tendências para além de manobras e acrobacias, alcançando relevância na moda e na cultura pop ocidental. Pois para o americano Dan Mancina, tal esporte, que nasceu em sua vida como um hobby, passou a ser sua razão de viver.
Dan mora em Farmington Hills, cidadezinha pacata ao redor de Detroit, em Michigan. Começou adolescente a se divertir em cima das quatro rodinhas, mas descobriu na mesma época que sofria de retinite pigmentosa, doença genética que leva à perda gradual da visão.
Skatista americano impressiona no esporte mesmo após ficar cego
– Por volta dos 13 anos, conheci um grupo de amigos que gostavam de skate e achamos uns lugares legais para andar. Isso, de repente, virou algo importante e tomou conta da minha vida. (…) Quando eu tinha uns vinte e poucos anos, o efeito prático da perda de visão começou a afetar minha vida. Primeiro parei de dirigir, depois de andar de bicicleta, até chegar ao ponto em que não conseguia sair da minha casa sem ter ajuda de um amigo. Perdi minha identidade quando me vi totalmente cego. E me perguntei: O que devo fazer?
Dan descobriu aos 13 anos que perderia a visão — Foto: Camilo Pinheiro Machado
Iniciando a vida adulta, sem conseguir enxergar, e inseguro em reencontrar os amigos do skate, Dan Mancina se recolheu em casa, triste, e refletiu sobre como poderia reagir a um baque tão cruel como a perda da visão. O jovem decidiu então insistir na prática da modalidade que tanto ama e adaptou métodos e medidas de segurança para desenvolver uma técnica própria no skate.
Mancina utiliza uma fina barra de metal para conferir os obstáculos e objetos ao redor de sua jornada em cima da prancha de skate. O processo é meticuloso: antes de uma série de manobras, Dan checa o começo e o fim de cada barra, cavidade e degrau na pista. Então, calcula o espaço que tem disponível para seus saltos e inicia seu caminho.
– Uso minhas mãos para sentir onde estão os obstáculos, o que me permite ser mais técnico, porque tenho uma noção mais precisa de espaço, e aí consigo entender melhor onde estou e o que posso fazer – explica Dan.
Após perda da visão, Dan decidiu retornar para a pista de skate onde se apaixonou pela modalidade — Foto: Camilo Pinheiro Machado
O skatista está com 34 anos de idade e mantém o numeroso grupo de amigos da adolescência, que conheceu no universo do skate. Mais do que uma inspiração para quem sofreu com perda de visão, Dan Mancina é também exemplo de competitividade, disputando torneios profissionais ao redor dos Estados Unidos.
– Eu simplesmente não aguentava mais ver pessoas com pena de mim, me tratando como um coitadinho, com expectativas muito baixas sobre o que eu poderia fazer. De repente, achei o prazer de fazer aquilo (andar de skate) de novo, algo que preencheu o vazio que sentia quando perguntava a mim mesmo: afinal, quem é o Dan? (…) E o efeito que isso tem em outras pessoas é o mais legal. Muita gente me procura para contar que está voltando ao skate depois de perder a visão. Pais de filhos cegos também me contam da alegria dos filhos ao acreditarem que é possível praticar. Meu skate produz esse tipo de impacto positivo em outras vidas, e essa é a parte mais legal do meu trabalho.
Dan Mancina organiza sozinho seu equipamento na garagem de casa — Foto: Camilo Pinheiro Machado
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Fontes: G1 – Globo.
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