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Bruninho e Lucão: parceria já rendeu mais de 20 títulos e é esperança de ouro em Tóquio

Pense nas frases seguintes como se fosse uma narração de jogo. "Lucão na chutadinha pelo meio". "Lucão batendo china". "Que pontaço de Lucão". Pensou? Posso

Bruninho
Bruninho

Redação Publicado em 15/03/2021, às 00h00 - Atualizado às 15h19


Entrosamento da dupla gerou medalhas olímpicas, título mundial e um incrível portfólio de conquistas pela seleção brasileira e por clubes no Brasil e na Itália

Pense nas frases seguintes como se fosse uma narração de jogo. “Lucão na chutadinha pelo meio”. “Lucão batendo china”. “Que pontaço de Lucão”. Pensou? Posso apostar com você que em todas elas o levantador da cena era Bruninho. E é fácil fazer essa aposta. Lucão e Bruninho viraram sinônimo de jogadas ousadas e muito entrosamento. São quase como uma dupla sertaneja: você pensa no nome de um e o do outro vem junto automaticamente. E isso tem um motivo. Os dois têm um vasto currículo vencedor jogando juntos. Foram mais de 20 títulos entre seleção e clubes.

A história dos dois, porém, começou com um tremendo fracasso. A dupla se conheceu em uma seletiva para a seleção infanto-juvenil em 2003. E ambos receberam o mesmo veredicto: “muito obrigado, mas tenta na próxima vez”.

– Engraçado porque como eu vinha do interior do Rio Grande do Sul, não tinha tido muito contato com o vôlei de alto nível ainda, então eu me surpreendi bastante. “Caraca, eu tô muito abaixo do que eu preciso pra um dia chegar em algum lugar assim”. Isso foi muito engraçado – lembrou Lucão.

– A gente viu que naquele momento era justo o que aconteceu, sermos reprovados. Mas a gente correu atrás do nosso sonho e depois conseguiu conquistar bastante coisa na carreira – completou Bruninho.

E bota coisa nisso. No Florianópolis, time que jogaram pela primeira vez juntos, foram tempos extremamente vitoriosos. Entre outros títulos, ganharam o tricampeonato da Superliga entre os anos de 2007 e 2010. Depois de se separarem por um tempo, se reencontraram na equipe do Rio de Janeiro (RJX), na temporada 2012/2013. E adivinha? Mais um título da Superliga e dois cariocas para a galeria.

Bruninho comemora com Lucão ao fundo: ainda novinhos no Florianópolis — Foto: Mauricio Barbant/VIPCOMM

O terceiro clube em que jogaram juntos foi no Modena, na Itália, na temporada 2015/2016. E os italianos vibraram muito com a dupla. Afinal, conquistaram a tríplice coroa: Campeonato Italiano, Copa da Itália e Supercopa. No ano seguinte, voltaram a jogar juntos no Brasil, pelo Sesi-São Paulo e, pela primeira vez, não conquistaram um título. Algo que querem compensar agora pelo Taubaté. Afinal, já ganharam a Copa do Brasil, mas estão de olho em levar mais uma Superliga.

PARCERIA RENDE FRUTOS NA SELEÇÃO

Os bons rendimentos de ambos os levaram para as seleções de base e logo para a seleção adulta também. Ainda bem novos, já estavam jogando juntos com a amarelinha. E conquistando títulos. Em 2009, com 23 anos, levaram a Liga Mundial. E, no ano seguinte, foram fundamentais na conquista do Mundial. Na final, contra Cuba, os ainda jovens precisaram mostrar que tinham maturidade para serem protagonistas do Brasil em competições grandes.

– A gente tinha perdido pra Cuba na classificatória, por 3 a 2. Foi um dos jogos mais porradarias que eu já vi. Os dois times jogaram muito bem, eles acabaram vencendo, mas depois a gente conseguiu neutralizar eles bem na final. Foi um título que, sem dúvida, marcou. Era o tricampeonato da seleção brasileira também, com uma nova geração.

Bruninho e Lucão no Mundial de 2010 — Foto: Sebastian Salguero/LatinContent via Getty Images

A conquista do Mundial mostrou que aquele grupo estava no caminho certo. E, mais uma vez, a seleção chegou em um final olímpica, em 2012. Mas perdeu de virada para a Rússia. Uma derrota tão traumatizante que nem lembraram de comemorar a prata. E Bruninho precisou da ajuda do amigo fora de quadra também.

“Eu vi já alguém chorar, mas igual a esse aqui em 2012, quando a gente chegou na Vila Olímpica… O pai dele até ficou preocupado: “poxa conversa com o Bruno lá, ele vai sentir bastante”, lembra Lucão.

Quatro anos depois, o choro seguiu gigante. Mas de alegria. A dupla conquistou juntas o tão sonhado ouro olímpico. Dentro de casa, na Rio 2016. E sob muita pressão.

– Eu lembro que os primeiros ingressos que acabaram foram do vôlei masculino e feminino para ver a final. Então, tinha uma expectativa muito grande na torcida brasileira de acompanhar o vôlei. Depois que a seleção feminina foi eliminada, a pressão ficou ainda maior em cima da seleção masculina. E a gente quase caindo fora na fase classificatória, aquele jogo contra a França. Se tivesse pra escrever um livro assim do jeito que foi, acho que não seria tão perfeito.

AMIGOS DE PERSONALIDADES DIFERENTES

Os anos jogando juntos por seleção e clubes rendeu uma grande amizade. Além de já terem dividido muitos quartos de concentração e viagens pelo Brasil e pelo mundo, Bruninho e Lucão dividem muitas histórias de carinho. A parceria é tão forte, que o meia convidou o levantador para ser padrinho de seu filho. Um gesto que pode ser retribuído.

– Quando tiver filho, lógico que ele é candidato a ser padrinho.

Lucão e Bruninho no Taubaté — Foto: Matheus Gentil/Agência Maxxsports

Lucão e Bruninho no Taubaté — Foto: Matheus Gentil/Agência Maxxsports

O curioso é que os dois têm personalidades bem diferentes. Bruno é agitado, falador, intenso. Lucão é mais reservado, quieto, na dele.

– Hoje em dia não incomoda, porque você já conhece. Mas no início você fala: “Cara, pelo amor de Deus, vamos dar uma sacudida aí, demonstra alguma coisa” – ri Bruno.

– Do nada ele explode, chuta a cadeira, briga com o árbitro. Então, às vezes, ele começa a brigar com o árbitro, tipo assim, é um acúmulo muito grande. Isso às vezes ainda irrita. Pra quê, velho? Não tem necessidade de brigar. Vamos jogar, ganhar isso aí e ir embora pra casa – diz Lucão.

Brincadeiras e provocações à parte, os dois continuam com o mesmo apetite por títulos de quando começaram. E querem conquistar ainda mais coisas, com a tranquilidade de Lucão e a agitação de Bruninho. Sorte do Taubaté, que sonha com a Superliga, e da Seleção Brasileira, que vai em busca de sua quinta final consecutiva e de mais uma medalha na Olimpíada de Tóquio.

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Fonte: GE – Globo Esporte.

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