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Música

Mesmo ganhando espaço nos festivais, o trap continua sendo injustiçado nos streamings

Mesmo que, sem aparecer nas listas de fim de ano do streaming, o trap teve ótimos momentos em 2023

Mesmo que, sem aparecer nas listas de fim de ano do streaming, o trap teve ótimos momentos em 2023 - Imagem: Reprodução/Instagram @thiagoveigh e @realkayblack
Mesmo que, sem aparecer nas listas de fim de ano do streaming, o trap teve ótimos momentos em 2023 - Imagem: Reprodução/Instagram @thiagoveigh e @realkayblack

Ana Rodrigues Publicado em 12/12/2023, às 11h34


No Brasil, quem comanda os rankings das rádios e do streaming é o sertanejo, seguido por outros estilos como pop, funk, forró e piseiro. Mas, o que podemos dizer do trap? O subgênero mais ouvido do rap.

Segundo o g1, embora a presença cada vez mais forte nas playlists de jovens brasileiros e nos line-ups de festivais, o estilo tem altos e baixos nas listas de fim de ano, das principais plataformas:

  • Em 2021, a presença do trap começou a aparecer de forma tímida. No top 10 anual do Youtube, o Mc Poze do Rodo conquistou o 8º lugar com "Vida Louca" e o 10º com "A cara do Crime";
  • Em 2022, o trap não apareceu na lista de vídeo mais vistos do Youtube, mas teve um destaque entre as músicas mais ouvidas no Spotify, com 2º lugar de "Malvadão 3", de Xamã;
  • Em 2023, o destaque nos rankings foi Veigh, que conseguiu emplacar dois álbuns no top 5 anual dos mais ouvidos no Spotify.

Mesmo que, sem aparecer nas listas de fim de ano do streaming, o trap teve ótimos momentos em 2023. A música gravada por Matuê, "Conexões de Máfia" em parceria com o americano Rich The Kid, alcançou a primeira posição no Spotify brasileiro, onde chegou a 3 milhões de plays em 18 horas e conquistou até uma vaga no top 40 global.

KayBlack também emplacou sete músicas de seu EP "Contradições" nas paradas nacionais no Spotify. No Brasil, a faixa "Melhor Só" chegou ao 2º lugar em março.

Em festivais, o gênero tem mais destaques do que nos streamings. É bem nítido o aumento da presença do trap em eventos de grande porte, fora do nicho desse estilo.

Na primeira edição do The Town - festival paulistano do criadores do Rock in Rio - o palco Factory foi quase todo dedicado ao gênero, com trappers como Veigh, KayBlack, Wiu, Teto e Yunk Vino. E ainda no palco The One, teve a presença de Orochi e Matuê.

Para o produtor Ecologyk, o trap quer falar de outros temas. Ele começou a produzir em 2009, quando tinha 15 anos. Já trabalhou fora da bolha com artistas de outros gêneros, como Lucas Silveira, do Fresno. A lista de trappers que já passou pelos estúdios do produtor é bem longa, contando com nomes como: Vulgo FK, Sidoka, Veigh e Derek.

Em uma entrevista ao g1, Ecologyk comentou a nova fase do trap.

Ficou mais acessível para qualquer pessoa que tenha um computador ou celular consegue produzir sua música. Pessoas que nunca imaginavam que iam ser produtor musical ou MC, hoje tem o acesso. Eu ganhei um disco de platina com músicas que foram gravadas em um microfone de cem reais".

E, como acontece em outros estilos, o TikToke o Instagram são grandes aliados do trap, onde elas ajudam a espalhar os hits do gênero.

O público jovem está dentro dessas plataformas, consumindo o tempo inteiro. Então, tendo conteúdos relacionados a música nesse estilo, a galera vai se identificar mais e vai consumir mais".

O produtor ainda explicou que o público do estilo cresceu muito de forma "orgânica", já que antes, era muito "nichado".

Eram músicas mais de mensagem [um rap mais consciente, como é o caso dos Racionais MCs]. O trap teve abertura para abordar outros assuntos, músicas para festa. O público cresceu e o cenário foi obrigado a se profissionalizar".

Em declaração feita ao g1, Veigh disse que, o movimento está em uma crescente. Para ele, os artistas independentes vem se organizado cada vez mais e criando suas próprias gravadores e eventos.

É questão de tempo: uma hora, o trap vai aparecer nos rankings anuais de músicas e artistas mais ouvidos.

Alguns artistas começaram a criar as próprias gravadoras para fugir dos contratos de grandes gravadoras. Esse é o contexto do surgimento de selos como:

  • Trap The Fato, de Derek (ex-Recayd Mob);
  • 30praum, do Matuê;
  • Supernova, do Veigh;
  • Mainstreet, do Orochi.
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