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DESUMANO

Caixão de jovem que teve o atendimento negado por seis hospitais é encontrado com lixo dentro

Vitor morreu dentro da ambulância, esperando equipamentos médicos adequados para obesos

Caixão de jovem que teve o atendimento negado por seis hospitais é encontrado com lixo dentro. - Imagem: Reprodução | Redes Sociais
Caixão de jovem que teve o atendimento negado por seis hospitais é encontrado com lixo dentro. - Imagem: Reprodução | Redes Sociais

Marina Roveda Publicado em 12/01/2023, às 11h29


Andreia da Silva se revoltou ao ver que o caixãodo filho, VitorAugusto Marcos de Oliveira, havia sido preenchido com pó de serra aparente, caixotes de madeira e folhas de jornal para que o corpo do jovem ficasse nivelado dentro da estrutura.

A mãe do jovem também ficou surpresa com a altura da urna funerária. "Tamanho exorbitante, grotesco, feio, horroroso", disse ela.

Vitor morreu na porta do Hospital Geral de Taipas, dentro de uma ambulância, à espera de equipamentos médicos adequados para obesos.

Vitor aguardou por mais de três horas dentro da ambulância por uma maca. Por conta da demora, o jovem sofreu três paradas cardíacas e faleceu. Ele foi atendido pelos socorristas do Samu dentro da ambulância, mas não teve sucesso. 

Ele pesava 190 kg e precisava de uma maca específica, o que dificultou a transferência. 

"Eu não tinha descoberto essa fraude. Brincaram de novo com o peso do meu filho. Mais uma vez, gordofobia. Meu filho estava em cima do lixo", lamentou Andreia da Silva, mãe da vítima.

Em nota, a Cooperaf, cooperativa de tanatopraxia responsável pela preparação do corpo de Vitor, afirmou que o nivelamento do corpo com papéis e a utilização de pó de serra são práticas habituais na área. Ao ser questionada pela presença dos caixotes de madeira, encerrou a ligação.

Em contrapartida, o presidente da Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (ABREDIF), Lourival Panhozzi, explicou ao g1 que os protocolos estão "absolutamente fora dos padrões estabelecidos" e que "responsabilidades precisam ser apuradas".

"Primeiro: uma urna do tamanho adequado deveria ter sido usada. Colocaram uma de tamanho superior à necessidade. Segundo: o preenchimento do fundo da urna, quando necessário, jamais pode ser feito com restos de materiais. O corpo foi apresentado à família de maneira inadequada", disse Panhozzi.

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