Políticos e colegas de trabalho expressaram seus sentimentos com a perda
Gabriela Thier Publicado em 24/10/2024, às 16h40
A comunidade cinematográfica nacional lamenta a perda de uma figura emblemática do setor. Aos 89 anos, Vladimir Carvalho, cineasta e professor reconhecido, faleceu nesta quinta-feira (24) em virtude de um infarto combinado com complicações renais.
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, decretou luto oficial de três dias em homenagem ao legado de Carvalho. "Referência do cinema brasileiro, o professor Vladimir Carvalho dedicou sua arte para denunciar injustiças e dar voz aos desassistidos numa época de censura e de perseguição política. Contribuiu para mudar a linguagem cinematográfica brasileira, formou uma geração de aguerridos cineastas, levou e enobreceu o nome de Brasília no cenário cultural internacional", expressou o governador em comunicado nas redes sociais.
A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) também usou suas plataformas para destacar o impacto duradouro de Carvalho. "Perda irreparável. Vladimir Carvalho foi um mestre. Depois de tanto nos encantar com sua extensa obra, ele que se encantou hoje, mas seguirá eterno. Deixa grande legado na história do cinema brasileiro e um grande amor por Brasília", afirmou a deputada.
O cineasta Josias Teófilo prestou suas homenagens lembrando da contribuição significativa de Carvalho ao documentar a cultura brasileira: "Vladimir fez tantos documentários relevantes sobre a cultura brasileira, retratou Cícero Dias, José Lins do Rego. Ele estava no júri que premiou O Jardim das Aflições no Cine PE, o que é um dos meus maiores orgulhos. Vá em paz, amigo."
Natural da Paraíba, Vladimir Carvalho viveu em Salvador antes de se estabelecer em Brasília, onde teve contato com Glauber Rocha e se tornou parte do movimento Cinema Novo. Foi também um dos primeiros docentes da Universidade de Brasília.
Entre suas obras mais notáveis estão "O País de São Saruê", "O Itinerário de Niemeyer", "José Lins do Rego", "O Evangelho Segundo Teotônio", "Barra 68" e "Conterrâneos Velhos de Guerra".
Em 2015, durante a abertura do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro no Cine Brasília, Vladimir Carvalho foi homenageado e expressou sua devoção à cidade e ao cinema: “Desembarquei em Brasília em 1964, entrei por essa porta [do Cine Brasília] com meu filme, e isso resultou numa aventura de 45 anos. Vim para ficar dois meses, e já estou há 45 anos. Não dá pra ficar aqui com hipocrisia, com falsa modéstia. Digo com toda sinceridade, sem pudor, e com humildade: eu mereço, Brasília! Obrigado!”
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