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Chocante

Tabu? Professora é demitida por explicar aos alunos 'como os bebês são feitos'

A direção justificou que muitos pais repudiaram o assunto discutido em sala de aula

Elaine Cosmo trabalha como professora de ensino fundamental há 8 anos - Imagem: reprodução/Facebook
Elaine Cosmo trabalha como professora de ensino fundamental há 8 anos - Imagem: reprodução/Facebook

Mateus Omena Publicado em 11/11/2022, às 16h01


Uma professora relatou recentemente que foi demitida de uma escola particular após explicar para os alunos "de onde vêm os bebês e como eles são feitos". O episódio aconteceu em Cerejeiras, no interior de Rondônia.

O tema abordado em sala de aula deixou muitos pais furiosos e exigiram que a direção da instituição de ensino tomasse medidas rígidas contra a docente.

Em entrevista ao portal UOL, Elaine Cosmo, de 36 anos, disse que discutiu o assunto de reprodução humana em sala de aula depois que uma aluna do 5º ano, em uma sala com crianças com idades entre 10 e 11 anos, pediu explicações a ela sobre como esse processo ocorre.

Como ela percebeu que os outros estudantes também demonstraram a mesma curiosidade, a docente decidiu fazer uma explicação pormenorizada do tema.

"Uma aluna levantou a mão e fez a pergunta. Ela contou que a mãe não teria respondido à sua dúvida e mandou ela perguntar para a professora. Diante da situação, perguntei na sala e outros quatro alunos também disseram não saber de onde vinham os bebês, por isso resolvi explicar”.

Elaine enfatizou que a explicação foi feita de forma didática e simples para que as crianças entendessem.

"Eu expliquei que para fazer um bebê precisava de um homem e uma mulher. Os dois, juntos, em um ato sexual. A mulher é quem vai gerar, porque ela tem o útero, e o homem é quem fabrica o espermatozoide. E ainda expliquei que para fazer um bebê era preciso ser 'maior de idade' porque era muita responsabilidade", detalhou.

No dia seguinte, após o expediente, a professora foi convocada pela coordenação da escola para uma reunião urgente com a direção. Nesta conversa, Elaine foi informada de que os pais dos alunos desaprovam a discussão sobre a reprodução humana e exigiram que a escola tomasse medidas contra a professora. No dia 25 de outubro, Elaine foi desligada da escola.

"A direção me disse que alguns pais haviam ido até à escola reclamar da minha conduta. Eles alegaram que durante a minha explicação em sala de aula utilizei gestos obscenos para explicar o assunto, o que não é verdade. Eu sequer pude conversar com os pais e entender o que estava acontecendo, simplesmente me chamaram lá para me demitir", relata a docente.

Segundo a docente, durante os três meses em que trabalhou na escola, nunca houve algum tipo de divergência com a escola ou com os pais dos alunos, com os quais sempre teve uma boa relação. No entanto, a direção afirmou que a professora não respeitou o planejamento pedagógico para falar sobre educação sexual.

"Eles disseram que todos os pais da turma pediram a minha saída, mas não é verdade. Alguns chegaram a me ligar e a me mandar mensagens lamentando tudo", esclareceu.

E acrescentou: "Estou bastante abalada emocionalmente com tudo o que aconteceu, jamais esperava passar por uma situação como essa, ainda mais sabendo que eu não falei nada de mais. Me senti como se eu fosse uma pedófila".

O caso trouxe graves impactos para Elaine, que afirmou estar enfrentando dificuldades para conseguir um novo emprego como professora e também tem trabalhado como manicure

"A cidade é pequena, perdi diversos clientes devido à repercussão do caso, por isso estou dando a minha versão da situação. Tenho três filhos, meu marido também está desempregado e nossa renda caiu muito depois de tudo o que aconteceu", conta Elaine.

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