Empresas enfrentam dificuldades na criação de vagas de qualidade
Marina Roveda Publicado em 29/07/2023, às 17h55
O mercado de trabalho brasileiro vem apresentando melhoras desde o primeiro trimestre de 2021, com uma queda significativa na taxa de desocupação, que passou de 14,9% para 8% neste segundo trimestre de 2023, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (28).
No entanto, por trás desses números positivos, há alguns alertas que merecem atenção no mercado formal de trabalho, que já mostra sinais de desaceleração. Um levantamento da LCA Consultores revelou que os pedidos de seguro-desemprego nos últimos 12 meses, até junho, atingiram quase 7 milhões, o maior número desde o auge da pandemia de Covid-19, ultrapassando a média observada entre 2018 e 2019.
Essa elevação dos pedidos de seguro-desemprego reflete a dificuldade das empresas em criar vagas de qualidade, devido à redução da demanda e ao crédito apertado, decorrente dos juros altos. Os empresários estão repensando seus investimentos e a composição de suas equipes de funcionários.
O economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, destaca que, apesar da criação contínua de vagas, o mercado de trabalho está desacelerando. A incerteza é se os números continuarão a subir ou se estabilizarão em um patamar mais alto, dependendo do aumento da ocupação.
O mercado de trabalho formal também apresentou números mais baixos de criação de vagas, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Em junho deste ano, foram gerados 157,19 mil empregos com carteira assinada, o que representa um recuo de 26,3% em comparação ao mesmo período de 2022.
Além disso, as perspectivas de crescimento econômico não são muito otimistas, visto que o agronegócio não deve repetir a performance da supersafra do início de 2023, e outros setores também não têm motores para um crescimento robusto.
Os pedidos de seguro-desemprego são acompanhados de perto, pois refletem como as empresas estão percebendo a economia no momento. A expectativa do governo federal é reverter essa cautela dos empresários por meio de melhorias no ambiente econômico, como a aprovação do arcabouço fiscal, o avanço da reforma tributária e uma eventual redução na taxa básica de juros.
A próxima semana será marcada pelo início de agosto, com o término do recesso parlamentar e a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que pode reduzir a taxa Selic pela primeira vez em dois anos.
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