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Famílias estão gastando menos; entenda como isso impacta no PIB do Brasil

Aumento do salário mínimo e Bolsa Família não aliviam pressão financeira das famílias, que ainda enfrentam dificuldades em arcar com despesas essenciais

Comércio vazio. - Imagem: Reprodução | TodaBahia
Comércio vazio. - Imagem: Reprodução | TodaBahia

Marina Roveda Publicado em 02/06/2023, às 08h11


O crescimento surpreendente do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre de 2023, impulsionado pelo agronegócio, trouxe um fôlego para a economia do país. No entanto, ao analisar mais detalhadamente os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fica evidente uma tendência preocupante: a desaceleração do consumo das famílias nos últimos trimestres.

Matheus Pizzani, economista da CM Capital, explicou ao g1 que os impactos sobre o consumo das famílias começaram a ser sentidos em 2021, com o aumento dos preços devido à pandemia e à crise hídrica, principalmente no setor de energia elétrica. O ano de 2022 também não trouxe alívio, com a guerra na Ucrânia pressionando os preços das commodities, como o petróleo, e gerando uma cadeia de altas nos preços dos combustíveis e alimentos.

Os aumentos constantes nos preços corroeram o poder de compra das famílias, que viram sua renda não acompanhar a inflação. Embora o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tenha mostrado um arrefecimento, a inflação ainda permanece alta, prejudicando as famílias em suas decisões de consumo.

A situação é agravada pela manutenção dos juros altos, que consomem parte do poder de compra das famílias. Com parcelas de financiamentos mais altas, o dinheiro destinado ao pagamento de juros acaba reduzindo a capacidade de consumo das famílias.

Os estímulos do governo, como o aumento do salário mínimo e do Bolsa Família, amenizaram o impacto negativo sobre o consumo das famílias neste trimestre. No entanto, o endividamento ainda elevado e o custo dos juros limitam a recuperação do poder de compra.

Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, destaca que, mesmo com a melhora no nível de emprego, o consumo das famílias deve continuar desacelerando nos próximos trimestres. A perspectiva de redução significativa da taxa básica de juros (Selic) no curto prazo é limitada, uma vez que as projeções para a inflação continuam acima da meta do Banco Centraldo Brasil.

A especialista ressalta que, embora o cenário de emprego fortalecido e a queda da inflação possam impulsionar o consumo, o crédito mais restrito e a falta de cortes expressivos na taxa de juros devem impedir um crescimento mais robusto do consumo.

Diante desse cenário desafiador, as famílias brasileiras enfrentam dificuldades em equilibrar seu orçamento, destinando grande parte de seus recursos para o pagamento de contas básicas e buscando alternativas para manter seu padrão de vida. A economia do país continua em um contexto de incertezas, exigindo medidas efetivas para a retomada do consumo e o fortalecimento da capacidade de compra das famílias

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