Onda de calor nos EUA e incêndios no Havaí, os motivos são os mesmos?

A forte onda de calor que atinge os Estados Unidos, principalmente no Texas e Arizona, é um fenômeno sem precedentes. Muitos que não acreditam na mudança climática mundial como principal fator, apontam temperaturas superiores às atuais ocorridas há mais de cem anos. Como seria possível se naquela época praticamente não havia poluição, motores movidos à combustível fóssil, pouquíssimos carros, poucas fábricas e população equivalente a vinte por cento da atual? Apesar de não ser especialista no assunto e, muitas vezes crítico da postura radical e muitas vezes agressiva de alguns militantes e defensores da teoria que a culpa de tudo vem da emissão de gases, muitos fatores nos últimos anos vêm apontando para esta conclusão.

Realmente tivemos temperaturas superiores há mais de cem anos, todavia era um fato isolado, esporadicamente ocorria e, quando acontecia não era por dias ou semanas consecutivas. Já faz mais de um mês que a onda de calor em várias regiões dos Estados Unidos permanece forte e constante, não há previsão de melhora, pelo menos a curto prazo. Coincidência?

No mês passado a temperatura atingiu 53,3 graus Célsius no Vale da Morte, Estado do Arizona (a mais alta foi em 1913 – 56,6 graus), em várias cidades do Texas os termômetros chegaram a 43 graus, com sensação térmica perto dos 50 graus. O calor permanece por toda a região, o número de mortes aumenta, principalmente entre os idosos e pessoas com situação financeira precária. Mesmo em locais como a Flórida onde nesta época do ano as chuvas e tempestades são frequentes, o calor bate recordes e as chuvas estão mais fracas e escassas.

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Será que o incêndio que destruiu uma boa parte do Havaí também tem o mesmo motivo?

Apesar das autoridades ainda investigarem as causas desta tragédia que até o último domingo causou a morte de 93 pessoas e dezenas de desaparecidos, as evidências apontam para o tempo seco combinado com ventos fortes e falta de chuva. A distância entre o Havaí e o Arizona é de quase 5.000 Km, um está em região árida e outro no meio do oceano pacífico. Estudos apontam que quase todo o território do Havaí recebeu menos chuvas que no século passado. Foi o maior desastre natural da história deste Estado, inclusive sendo decretado pelo Presidente Biden estado de catástrofe com imediata liberação de verba federal. Realmente as fotos e vídeos mostram quase que destruição total de várias cidades, pessoas entrando e permanecendo no mar para fugir do fogo e do calor. A falta de chuvas e consequente aquecimento das águas dos oceanos, provoca entre outros malefícios, a incidência de furacões mais fortes, vez que o principal combustível do furacão é a agua do mar mais aquecida.

A realidade é que a maior potência econômica e militar do mundo se depara com problema inédito, principalmente quanto à potência e duração. Aquilo que parecia ser um problema para as próximas gerações chegou antes do imaginado, não só aqui como também na Europa. O estadunidense em regra é muito focado no próprio país, sem muito conhecimento sobre o mundo, ou seja, quando o problema  é no exterior ele ignora ou prefere não querer saber, mas quando chega ao seu quintal a situação muda. O sistema de distribuição de energia não tem dado conta de suprir as necessidades nestes Estados, pessoas que trabalham em edifícios comerciais cujas janelas não abrem e dependem exclusivamente do sistema de refrigeração do ar condicionado estão sendo dispensadas para trabalharem em casa. As quedas do sistema de energia são frequentes e a energia nuclear está sendo utilizada para suprir as necessidades.

A grande mídia tem dado enorme destaque a esse assunto, todavia precisamos separar e avaliar aquilo que tem respaldo científico daquilo que é combustível para oportunistas frenéticos que querem se aproveitar da situação. A negação é tão prejudicial quanto o fanatismo. Contra  fatos não há argumentos, muita coisa mudou e querer simplesmente tampar o sol com a peneira não é aceitável, principalmente o sol de 50 graus.

Não tenho capacidade e tampouco pretendo questionar ou rebater pareceres e estudo técnicos sobre o assunto, todavia chegou a hora de todos refletirmos sobre as possíveis consequências que afetarão a todos. Além de vidas, a economia mundial será atingida causando reflexo a todos países e, pelo menos até agora não temos outro lugar para viver.