O presidente da Associação de Amigos da Cinemateca, Carlos Augusto Calil, afirmou nesta terça-feira (3) que acaba nesta quarta-feira (4) o prazo para salvar
Redação Publicado em 04/08/2021, às 00h00 - Atualizado às 08h10
O presidente da Associação de Amigos da Cinemateca, Carlos Augusto Calil, afirmou nesta terça-feira (3) que acaba nesta quarta-feira (4) o prazo para salvar alguma coisa que tenha restado do incêndio de um galpão da entidade na última quinta-feira (29), que guardava filmes históricos na Vila Leopoldina, na Zona Oeste da capital paulista.
Segundo relatou em entrevista à GloboNews, o material é extremamente frágil e delicado e, após ter contato com a água utilizada pelo Corpo de Bombeiros para apagar as chamas, não dura mais de uma semana sem receber o tratamento adequado. Ele ressaltou a importância de se fazer algo o quanto antes.
À GloboNews, Hélio Ferraz, secretário-adjunto da Secretaria Especial de Cultura, afirmou que essa vistoria especializada só será realizada depois que a Polícia Federal terminar a perícia e liberar o prédio.
Parte do acervo da Cinemateca foi destruída pelas chamas. O galpão tinha acervo de Glauber Rocha, equipamentos raros e documentos históricos que retratam a história do cinema brasileiro.
“Se houver a possibilidade de salvar alguma coisa na Cinemateca, algo que não se queimou, só está molhado devido à ação dos bombeiros, o prazo termina amanhã (nesta quarta-feira, 4)”, afirmou Calil.
“Inclusive, falamos a eles [governo federal] que eles tinham que entrar hoje [nesta terça, 3] no limite hoje, para tentar salvar alguma coisa, se houver algum material molhado na quinta-feira passada. Se ainda fosse resgatado hoje, tinha chance de ser aproveitado”, explicou Calil. A administração do órgão está sob responsabilidade do governo federal.
O presidente da associação disse ter entrado em contato com a Secretaria de Audiovisual oferecendo a ajuda de ex-funcionários da Cinemateca para fazer o inventario do pós-incêndio e tentar impedir que o restante se perca, mas que recebeu apenas como resposta que seria contratada uma empresa técnica especializada para fazer o trabalho.
“Tudo aquilo que precisa ser feito para resgatar o patrimônio público deve ser feito e não seguir um protocolo de que não tem pressa. A burocracia de Brasília não tem pressa”, afirmou.
“No setor dos filmes de segurança, pode ter havido condensação de líquido, isso é um sinistro praticamente irrecuperável do lado dos filmes inflamáveis. Qualquer daquelas 4 mil latas que lá existem, qualquer uma delas que tenha perdido o equilíbrio químico e físico e que esteja já em processo de autocombustão, pode explodir a qualquer momento, e nós não sabemos qual é e onde vai acontecer isso”, salientou Calil.
Sobre esse risco de explosão, a Defesa Civil fará na próxima semana uma vistoria preventiva na sede da Cinemateca, na Vila Mariana, Zona Sul da capital.
De acordo com o presidente da associação, no entanto, a especificidade dos materiais demandam um olhar de quem já está habituado a eles. Assim, a vistoria da Defesa Civil pode não afastar os riscos porque a equipe não conhece os sinais de explosão dados pelo tipo de material armazenado.
“Em 2016, aconteceu exatamente isso, o governo federal cortou a verba da Cinemateca e, ao cortar a verba da Cinemateca, a equipe que cuidava do exame do material de nitrato de celulose foi desativada e o que aconteceu? Uma daquelas latas perdeu o equilíbrio e explodiu e levou pelos ares o depósito inteiro”, relembra o ex-funcionário.
De acordo com Calil, só foram salvos na ocasião os outros depósitos porque os funcionários da Cinemateca estavam trabalhando junto com os bombeiros, já que eles não têm conhecimento específico sobre o material armazenado.
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G1
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