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MPF alega que Bolsonaro interferiu nas investigações de corrupção no MEC envolvendo Milton Ribeiro

Imagem MPF alega que Bolsonaro interferiu nas investigações de corrupção no MEC envolvendo Milton Ribeiro

Redação Publicado em 24/06/2022, às 00h00 - Atualizado às 18h44


O Ministério Público Federal (MPF) apontou nesta sexta-feira (24) que o presidenteJair Bolsonaro (PL) interferiu nas investigações relacionadas ao ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, que foi preso pela Polícia Federal nesta semana devido a um esquema para liberação de verbas do MEC.

A manifestação apresentada pela pasta também pede que o caso seja encaminhado para apuração do Supremo Tribunal Federal (STF). O MPF também indica que há suspeita dos crimes de violação de sigilo funcional e favorecimento pessoal.

“O MPF vem requerer que o auto circunstanciado nº 2/2022, bem como o arquivo de áudio do investigadoMilton Ribeiroque aponta indício de vazamento da operação policial e possível interferência ilícita por parte do Presidente da República Jair Messias Bolsonaro nas investigações”, diz o documento assinado pelo procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes.

Na solicitação, o procurador também reforça que existem indícios de interferência na investigação realizada pela Polícia Federal depois da prisão de Milton Ribeiro.

“Quando do tratamento possivelmente privilegiado que recebeu o investigado Milton Ribeiro, o qual não foi conduzido ao Distrito Federal (não havendo sido tampouco levado a qualquer unidade penitenciária) para que pudesse ser pessoalmente interrogado pela autoridade policial que preside o inquérito policial, apesar da farta estrutura disponível à Polícia Federal para a locomoção de presos. Nesse ponto, destaque-se que a ausência de Milton Ribeiro perante a autoridade policial foi prejudicial ao livre desenvolvimento das investigações”, completa.

A suspeita de ingerência por parte de Bolsonaro surgiu depois que o delegado federal Bruno Calandrini, que comandou a operação “Acesso Pago”, alegou que houve interferência na condução da investigação. De acordo com o investigador, a corporação teria dado tratamento diferenciado ao aliado do presidente e o ex-ministro não foi levado de Santos (SP), onde mora, para Brasília (DF), devido a uma decisão tomada por uma autoridade superior.

Defesa

Em uma transmissão ao vivo na noite de quinta-feira (23), o presidente Jair Bolsonaro declarou que está seguro quanto à inocência do ex-ministro da educação.

“Não tinha materialidade nenhuma, mas serviu para desgastar o governo, para fazer uma maldade na família do Milton. Se tiver algo de errado na família do Milton, ele é responsável pelos seus atos. Mas eu não posso desconfiar, levantar uma suspeição contra ele de forma leviana”, disse.

Por outro lado, Bolsonaro também aproveitou a ocasião para apontar que a prisão de Milton Ribeiro foi decretada para prejudicar a sua campanha de reeleição à presidência da República.

“Nem deveria ter sido preso. E olha a maldade: tem a prisão preventiva e a temporária. Deram logo a preventiva para ficar logo preso ali até a campanha. Quando acabasse as eleições, ele seria colocado em liberdade”.

O caso

Milton Ribeiro foi preso na quarta-feira (22) em uma investigação que apura o envolvimento dele nos crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência em um suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do Ministério da Educação. Além dele, foram presos também os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, e outros dois assessores.

No entanto, ele foi solto na quinta-feira (23), após o desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), revogar a sua prisão preventiva do ex-ministro e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.

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