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Conheça três revelações brasileiras para as Olimpíadas de Paris

Neste domingo, dia 31 de outubro, Paris celebra a marca de 1000 dias para os Jogos Olímpicos de 2024. Nessa contagem regressiva, o ge e o Esporte Espetacular

Conheça três revelações brasileiras para as Olimpíadas de Paris
Conheça três revelações brasileiras para as Olimpíadas de Paris

Redação Publicado em 31/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 17h13


Christal Bezerra, da ginástica, Filipe Motta, do skate, e Erik Felipe, do atletismo, já surgem como esperanças do Brasil para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, que começam em exatos 1000 dias

Neste domingo, dia 31 de outubro, Paris celebra a marca de 1000 dias para os Jogos Olímpicos de 2024. Nessa contagem regressiva, o gee o Esporte Espetacular apresentam promessas brasileiras que têm grandes chances de brilhar nas próximas Olimpíadas. Conheça, abaixo, três desses nomes, atletas jovens, que não estiveram em Tóquio neste ano mas que desejam estar em Paris 2024.

Faltam 999 dias para as Olimpíadas de Paris – 2024

CHRISTAL BEZERRA

Christal Bezerra, da ginástica, uma das promessas brasileiras para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 — Foto: Divulgação

Christal Bezerra, da ginástica, uma das promessas brasileiras para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 — Foto: Divulgação

– Eu gosto muito de brincar de boneca. Brinco com as minhas primas, como se fosse pequenininha. É uma coisa que gosto muito quando não tô fazendo nada.

Mas “nadas” na agenda de Christal Bezerra são raros. Seria maravilhoso se ela tivesse mais “nadas” na agenda. Para quem carrega sonhos olímpicos há muito tempo, quase todos os espaços foram ocupados pela ginástica. E faz muito tempo mesmo que é assim. Não a toa, Christal era conhecida na família como bebê kamikaze.

– Quando era bebezinha, tipo 9 meses, ela se jogou do berço, pulou a grade do berço, como se fosse um salto, e caiu de cara dentro do cesto de lixo de fraldas e quase quebrou o narizinho dela – contou Cleo, mãe da Christal.

Já são 13 anos nessa vida de atleta. Numa rotina que não tem nada de brincadeira. Até o mês passado, Christal morava em Guaianases, no extremo leste de São Paulo. Acordava às 4h30 da manhã, pegava um trem e, depois, um ônibus para estar às 8h no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa do Ibirapuera, na capital paulista. Treinos das 8h às 17h. Depois, caminho de volta antes de encarar a escola no período noturno.

– Tem fases que eu quero muito desistir. Tem fases difíceis, a cabeça fica muito ruim, tem a minha treinadora, psicóloga, tem minha mãe do meu lado, me ajuda muito, me da força – afirmou Christal.

Christal com boneca em casa — Foto: Arquivo pessoal

Christal com boneca em casa — Foto: Arquivo pessoal

Desde setembro ela passou a morar a algumas quadras do local onde treina. E pro caminho até Paris ficar ainda mais livre, a ginasta acabou de resolver outro obstáculo: uma cirurgia para reconstruir os ligamentos do ombro.

– Estou um pouco ansiosa pra melhorar meu ombro logo. Tô preocupada de não conseguir ficar tanto tempo parada. Dois dias em casa, sábado e domingo, já fico querendo treinar, sair de casa, fazer alguma coisa – disse a ginasta.

Serão dois meses sem treinar e oito sem competir. Talvez a inspiração para ter paciência possa vir de Rebeca Andrade e suas duas medalhas olímpicas depois de uma série de lesões no joelho. A inspiração para não perder o ritmo ela ganhou em Tóquio. E quem conhece Christal sabe que ela não é de “largar”.

– Christal é uma das atletas que já vi com mais foco e empenho na minha carreira de treinadora. ela é uma menina que se você pedir pra ela fazer 100 vezes, ela vai fazer 101 – disse a técnica Beatriz Fragoso.

Até 2024, ela vai poder fazer 200, 300, 400 vezes os mesmos exercícios. São mil dias para pisar na França, fortalecida pelas cicatrizes.

– Ah, treinar muito, porque eu quero ir com uma série bem forte pra chegar à Olimpíada estourando. Eu quero estar muito bem nessa época! – afirmou Christal.

Hoje, aos 17 anos, a adolescente adulta por tantas responsabilidades quer levar as bonecas para conhecer Paris.

– Todas. A viagem para Portugal, que durou dois meses, eu levei todas as minhas bonecas na mala: ursinho eu levo, senão eu me sinto sozinha. Eu tenho que levar quando é viagem longa.

FELIPE MOTA

Filipe Mota, do skate, é uma das promessas brasileiras para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 — Foto: Justin Crawford

Filipe Mota, do skate, é uma das promessas brasileiras para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 — Foto: Justin Crawford

Com o skate no pé, os desafios de Filipe Motta estão cada vez mais altos.

– Eu comecei a andar de skate por causa do meu irmão mais velho. Ele tinha ganhado um skate, da minha mãe, de Walmart, daí eu e ele começamos a andar no quintal de casa, nós dois descendo a ladeira, juntos, sentados no skate – contou Filipe.

Aos poucos, a brincadeira foi ficando mais séria. E Filipe passou a se destacar nos campeonatos amadores da região de Patos de Minas, onde morava.

Aos nove anos de idade, o brasileiro chamou a atenção de um site que é uma das grandes referências do universo do skate. Hoje, aos 15 anos, mora com o pai, Edson, em Los Angeles, na Califórnia. Divide seus dias entre os treinos e o estudo em casa, por 30 horas semanais.

– Eu fui pra escola normal por um tempo, só que quando eu ia pra escola eu não tinha tempo para treinar. Foi aí que surgiu a ideia de fazer aula online, né? A escola que eu faço é uma escola especial para jovens atletas, cantores, atrizes, e aí você tem um tempo mais flexível – disse Filipe.

E o boletim escolar tá como? Segundo Filipe, não tá mal, não… O mais difícil mesmo foi a adaptação à nova vida sem a mãe e os irmãos por perto. Eles ficaram no Brasil.

Desde que passou a morar na Califórnia, que é a meca do skate, o skatista brasileiro deu um salto meteórico em um dos principais rankings mundiais do esporte. Subiu quase 3 mil posições em 3 anos. Em 2019, Filipe era o 3.384º. Hoje é o 399º. Com mais pistas de ponta pra treinar, e mais campeonatos pra competir, ele já começa a sonhar com Paris 2024.

No mês passado, em Salt Lake City, ele disputou pela primeira vez uma etapa final da Street League, a principal internacional de skate.

– Foi um outro sonho também de estar na Street League, eu sempre assisti lá no Brasil, na TV. Quase chorei de tão feliz e de estar ali na final com aquelas pessoas. E eu fui o mais novo a conseguir ir para a final do street – disse Filipe.

Filipe terminou em sétimo lugar e vai seguir participando de competições para subir no ranking define as classificações olímpicas. Vão para os Jogos de Paris os 20 mais bem ranqueados, com limite de três atletas por país.

– Eu creio que vai ser bem divertido. Tipo agora eu estou conseguindo participar dos campeonatos maiores para poder conseguir pontos. Eu vou continuar dando o meu máximo para tentar estar nas olimpíadas de 2024.

ERIK FELIPE

Erik Felipe, dos 100 metros, posa na pista do Sesi Santo André  — Foto: Marcel Merguizo

Erik Felipe, dos 100 metros, posa na pista do Sesi Santo André — Foto: Marcel Merguizo

Esse é um caminho trilhado com fé, acima de tudo.

– Sou filho de Deus e filho de Nossa Senhora Aparecida – apresenta-se Erik Felipe.

– Eu acredito que Deus está acima de tudo e ele tem um plano bom pra cada um de nós emendou.

Crença que também vai para a pista. Essa é uma característica importante pra entender esse atleta de 21 anos.

O Erik entrou no atletismo aos 12. E desde então quem cuida deste trajeto é o técnico Darci Ferreira da Silva.

– É o que a gente chama de menino bom, né? Um garoto bom, uma pessoa boa, uma pessoa que todo mundo quer estar perto – afirmou Darci.

Hoje, o menino bom é uma dais maiores esperanças no Brasil na prova dos 100 metros. Para isso, há quase 5 anos, ele teve que deixar a casa dos pais em Piracicaba, no interior de São Paulo, para treinar em Santo André. Atulamente, ele divide com outros quatro velocistas um pequeno apartamento e um objetivo comum: os Jogos Olímpicos de Paris 2024.

Todo atleta que sonha em estar na final dos 100 metros em Paris sabe que, para Isso, é necessário correr a distância em menos de 10 segundos, o que nenhum velocista brasileiro conseguiu fazer até hoje. Ainda faltam 1000 dias até lá, mas o Erik já chegou muito perto dessa marca. Um momento que ele faz questão de assistir sempre para nunca esquecer como foi.

Foi em setembro, na final do brasileiro sub-23.

– A única coisa que passou pela minha cabeça foi: quero ganhar, alguma coisa assim – lembrou.

Fez os 100 metros em dez segundos e um centésimo – a segunda melhor marca do Brasil na história. Atrás apenas do recorde de Robson Caetano (10s cravados).

– Quando eu cruzei a linha… Caramba, o que está acontecendo? Meu Deus, o que está acontecendo? Aí juntou a rapaziada, aí todo mundo em cima e eu deitado. Foi um momento incrível na minha vida que eu não vou esquecer jamais. Eu falei: meu Deus, realmente pra deus nada é impossível. Não tem limite mesmo – recordou Erik.

– Se a cada momento, ele treina e se dedica para melhorar a marca dele, acredito que logo logo ele melhora o 10s01. Se ele melhorar o 10s01, eu acredito que ele já entra, já entrou, para o celeiro dos grandes atletas nacionais. Acredito que ele possa reescrever a história da velocidade do país – afirmou Darci.

Por isso, agora as expectativas em cima dele passaram a ser muito maiores.

– Eu entrego bastante na mão de Deus. Coloco sempre nossa senhora na frente. E procuro seguir trabalhando, fazendo o que está no nosso controle – completou Erik.

Nos Jogos de Tóquio, o oitavo classificado para a final dos 100 metros cravou 10 segundos. No momento, cabe a Erik treinar. São 1000 dias de muito treino para conseguir chegar ao ponto final desse caminho, que ele sabe qual é.

– Paris. Estando lá, é dá o melhor, vivendo sonhos. Vou estar vivendo um que é estar nos Jogos e, quem sabe, viver o outro, que é conquistar uma medalha. Um sonho ainda distante, mas possível.

Realizar esses sonhos, para o Erik, é questão de tempo… E de fé, acima de tudo.

Erik Felipe Barbosa é o segundo homem mais veloz da história do atletismo brasileiro — Foto: Wagner do Carmo/CBAt

Erik Felipe Barbosa é o segundo homem mais veloz da história do atletismo brasileiro — Foto: Wagner do Carmo/CBAt

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Globo Esporte

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