‘Renovei o sentido da vida’, celebra enfermeira que superou câncer

Por conta da rotina no trabalho como enfermeira em hospitais, a descoberta da doença fez com que ela tivesse medo da morte. “Eu via as mulheres chegando com

‘Renovei o sentido da vida’, celebra enfermeira que superou câncer -

Redação Publicado em 15/10/2016, às 00h00 - Atualizado às 09h11

Ela conta que teve ajuda de familiares e amigos para superar doença.
Bahia já tem 1.689 casos de câncer de mama registrados em 2016.

A enfermeira Leda Borges, 55 anos, descobriu há 15 anos o câncer na mama direita. Na época, ela fazia um tratamento hormonal para realizar o sonho de ser mãe. “Tentava engravidar há muitos anos e não tinha risco de ter câncer de mama, então a gente decidiu fazer o tratamento de injeção hormonal. Foi muito traumatizante”, relembra.

Por conta da rotina no trabalho como enfermeira em hospitais, a descoberta da doença fez com que ela tivesse medo da morte. “Eu via as mulheres chegando com câncer, casos graves e morrendo. O que mais me chocou é que adoro ser enfermeira e trabalho em hospital. Os casos que eu  via chegar lá eram graves. Foi um impacto para mim e para os colegas. Foi um choque e o grupo ficou em estado de choque junto comigo”, relata.

Filhos de Leda em exposição (Foto: Arquivo Pessoal/ Leda Borges)

Ela precisou fazer quimioterapia e retirada da mama direita. Meses após a cirurgia, descobriu um nódulo com suspeita de câncer na mama esquerda.

“Tinha indicação cirúrgica de tirar o nódulo. Eu optei por fazer a retirada da mama e fiz a reconstrução das duas mamas dois anos depois”, diz.

Leda conta que, ao passar pela doença, foi muito importante o acolhimento da família e dos amigos. “Além da questão da fé, sou muito religiosa e católica. Então foi muito legal e deu força. Naquela hora que estava sem chão, saber que tem alguém ajudando foi muito legal”, afirma.

Hoje, Leda celebra a vida ao lado dos filhos João Paulo e Lucas, de 11 e 9 anos. Com a família, relata que sua vida ganhou novo significado e se sente realizada em ter garantido o sonho de ser mãe. “Eu renovei o sentido da minha vida. A gente muda muito”, define a enfermeira.

Casos
A Bahia registrou 1.689 casos de câncer de mama, em homens e mulheres, neste ano de 2016, de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab). Foram 19 homens e 1.670 mulheres internadas com a doença neste ano.

Os dados preliminares foram processados em 5 de outubro e divulgados pela Sesab a pedido do G1.

Entre as mulheres, a maioria dos casos foi registrada na faixa etária de 45 a 54 anos (532), seguido pela faixa de 55 a 64 anos (396), de 35 a 44 anos (303). As mulheres maiores de 65 anos correspondem a 298 registros. Já na faixa etária de 25 a 34 anos, 112 mulheres foram internadas com a doença. Entre 15 a 24 anos, foram 28 casos entre pessoas do sexo feminino. Na faixa etária entre 5 e 14 anos, uma menina foi internada com a doença.

A Sesab registrou 405 mortes da doença em 2016, segundo dados processados em 3 de agosto deste ano. No ano passado, foram 862 óbitos relacionados à doença.

Na Bahia, em 2015, foram 3.427 mulheres e 47 homens internados com a doença, segundo a Sesab.

A presidente da seccional baiana da Sociedade Brasileira de Mastologia, Maria da Graça Andrade Ázaro, disse que os casos mais graves são diagnosticados no interior do estado porque o diagnóstico demora para acontecer. “O câncer de mama tem 95% de cura geralmente, mas infelizmente os diagnósticos são tardios porque no interior é mais difícil o acesso ao diagnóstico. Os casos que chegam são mais avançados”, comenta.

Ela cita que fatores como o primeiro parto da mulher acima dos 30 anos, aumento do peso, má alimentação e sedentarismo são riscos que aumentam a incidência do câncer de mama.

“Já tem estudos que compravam que boa alimentação e atividade física dimnui o risco de câncer de mama. Incentivamos as mulheres a mudar hábitos e procurar diagnóstico precoce”, alerta. A presidente da entidade ainda alerta para a necessidade de mamografia anualmente, a partir dos 40 anos, a fim de detectar a doença precocemente.

Professor da Ufba faz tratamento de quimioterapia para tratar câncer pela segunda vez (Foto: Maurício Tavares/ Arquivo Pessoal)

Câncer em homens
Neste ano, foram 19 homens internados com câncer de mama no estado, de acordo com a Secretaria de Saúde.

Foram quatro casos na faixa etária entre 45 e 54 anos, cinco casos entre 55 e 64 anos, e 10 casos acima de 65 anos.

Entre eles está o professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Maurício Tavares, de 58 anos.

Maurício é diabético e fazia tratamento hormonal para controlar a doença. Ele descobriu há dois anos um nódulo pequeno na mama, ao fazer toque no peito, mas a princípio não sabia que se tratava de um câncer.

“Foi uma surpresa descobrir que foi um câncer. Eu só descobri porque mandei e-mails para meu endocrinologista contando e fiz pesquisa na internet”, relembra.

Ele fez exames de ultrassom e mamografia, que confirmaram o diagnóstico. Depois fez sessões de quimioterapia e a cirurgia de retirada da mama. No entanto, não chegou a fazer esvaziamento da axila. “Fiz acompanhamento e achei linfonodos na axila que eram malignos”, relata. Ele então precisou retomar o tratamento da doença, com sessões de quimioterapia.

Maurício conta que, com o retorno do tratamento, viu os cabelos caírem, embora não tenha perdido os pelos da sobrancelha. “O estado psicológico que é mais complicado no começo, mas foi um câncer que foi descoberto no estágio inicial. Eu faço o jogo do contente, penso que poderia ser pior, como aqueles que dizem que têm poucos anos de vida”, considera.

Mesmo passando pelas sessões de quimioterapia, ele prefere continuar o trabalho como professor na Faculdade de Comunicação. “Desde o início, a médica disse que eu poderia ficar de licença e eu optei vir para as aulas. E continuo. É importante continuar a vida porque ficaria muito entediado de ficar em casa. Eu acho que seria chato e gosto de dar aula e me sinto útil”, afirma.

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