Preso dando ordens por telefone a facção de SP

Bloquear o uso de celulares nos presídios e aumentar a fiscalização nas visitas são algumas das propostas para impedir a comunicação entre os criminosos. A

Preso dando ordens por telefone a facção de SP -

Redação Publicado em 18/01/2017, às 00h00 - Atualizado às 21h24

Investigação mostra como quadrilhas agem dentro de presídios

Celular de menor tinha números de chefes de grupo criminoso.
Bloquear celulares é a proposta para impedir comunicação de presos.

Bloquear o uso de celulares nos presídios e aumentar a fiscalização nas visitas são algumas das propostas para impedir a comunicação entre os criminosos. A reportagem de William Santos e José Roberto Burnier mostra como essa comunicação controla o tráfico de drogas fora dos presídios.

Você já ouviu a gente falar várias vezes, aqui no Jornal Nacional, sobre quadrilhas que agem dentro e fora dos presídios. Nesta reportagem, vamos mostrar como isso funciona na prática. É o resultado de uma investigação de nove meses de policiais de São Paulo, que, com autorização da Justiça, gravaram ligações telefônicas feitas por celulares que mostram bandidos comandando crimes de dentro da cadeia.

Com 15 mandados de prisão expedidos pela Justiça, os policiais foram a vários pontos da Grande São Paulo atrás de integrantes de uma das maiores facções criminosas do país. Todos acusados de tráfico de drogas. Quatorze foram presos.

A investigação começou em maio de 2016, quando um menor foi apreendido vendendo maconha. No celular dele estavam registrados números de chefes do grupo criminoso. Com escutas autorizadas pela Justiça, a polícia descobriu que as ordens vinham de dentro de presídios.

Numa gravação, conversam Marcilio Ferreira do Nascimento, um dos chefes do grupo que está preso no Oeste do estado, e um traficante conhecido como Aldo, que está foragido.

Marcílio Cobra o dinheiro da venda de uma grande quantidade de droga.

Marcílio: Eu quero saber de dinheiro, mano! Até agora você não falou de dinheiro. Fala de dinheiro, vai
Aldo: Ah, de dinheiro! A notícia boa que o nóia tá trazendo ali acho que é mais cinco mil (reais), certo? Só peguei 20 (quilos), não peguei 50 (quilos), entendeu?
Marcílio: É o que falei pra você, truta, os caras “traz” 50, 100 quilos, nós “traz” é mil, dois (mil quilos).

Em outra interceptação, Aldo pede a um comparsa os números de contas bancárias para transferir o dinheiro do tráfico. Para a polícia, a resposta do comparsa revela que a atuação da quadrilha já atravessou fronteiras.

Aldo: Tá ligado naquela conta lá pro cara transferir o dinheiro lá?
Traficante: De qual que você fala?
Aldo: O cara tá com, com 1 milhão e meio (de reais) ali, certo? Pra transferir. Eles “quer” umas contas pra sacar o dinheiro.
Traficante: Mas que país que é?
Aldo: Não, eu acho que é no Brasil mesmo aqui.

O delegado confirma: quem controla os pontos investigados de venda de droga é um presidiário.

“Normalmente ele não aparece muito, fica à distância, mas controla toda a movimentação. Inclusive, nesse caso, nós temos um que faz parte do sistema penitenciário, está preso. Ele se comunica por meio de algumas ligações ou trocando informações com visitas, e essas informações chegam até aqui, chegam até os pequenos traficantes, os vendedores de drogas”, disse o delegado Igor Vilhora Noya.

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