Pabllo Vittar está cansado. Emendando várias entrevistas durante a tarde da segunda-feira (8), interrompe rindo o papo com o G1: "Ué, menino... Você não já
Redação Publicado em 10/10/2018, às 00h00 - Atualizado às 15h02
Pabllo Vittar está cansado. Emendando várias entrevistas durante a tarde da segunda-feira (8), interrompe rindo o papo com o G1: “Ué, menino… Você não já perguntou sobre featuring? Ah não, foi outro jornalista que tinha perguntado isso”.
O segundo álbum do cantora e drag queen de 23 anos, o recém-lançado “Não Para Não”, tem Ludmilla, Dilsinho e a amiga trans Urias. Mas tem mais do que isso, ele conta:
“Eu quis cavar o buraco mais fundo com referências da minha infância e adolescência. Quando morei em Belém, escutava calipso, brega, carimbó. No Maranhão, escutava pagodão baiano, arrocha, swingueira… Tem coisas que não são tão ‘teen’ no meu som”.
Pabllo é mais soltinha e fala menos no automático do que outras popstars de seu patamar. Solta até umas frases desconexas, com mais simpatia do que marra. No começo da entrevista, já diz: “Braulio? Gostei muito do seu nome… Hmmm… Diferente, né? Igual ao meu”.
Phabullo Rodrigues da Silva começou a ser mais falada em 2015, a partir de uma versão de um hit do trio Major Lazer com a cantora MØ. “Lean On” virou “Open Bar”. Depois disso, ganhou status de fenômeno pop:
Então, como manter a espontaneidade do começo da carreira, agora com mais verba para gravar? “Às vezes, você vê artista com personalidade se vendendo por modismo. Não quero criar algo novo, isso é balela, né? Mas tem que colocar sua alma. Eu quero beber das fontes que são minhas”.
Pabllo anda com um caderninho para lá e para lá. Nele, registra ideias de letras. “Eu escrevo no papel com o mesmo coração do menino que escreveu ‘Open Bar’. Se estou no meio do voo e vem um babado, escrevo no caderno”.
Ela usa o celular para cantarolar melodias que podem virar hits. Costuma enviar áudios de WhatsApp ou fotos das páginas de seu caderninho de letras para seu produtor, Rodrigo Gorky. É ele quem seleciona o repertório: “Ele recebe tudo e me manda o que tem a ver comigo. Se é de comum acordo, eu gravo”.
Ele garante que a fossa trouxe muito mais inspiração para o novo álbum do que sua nova vida de popstar. “Eu me apaixonei, quebrei a cara. não era para ter feito certas coisas amorosamente”, explica, rindo de leve. “Mas pelo menos me deu tema para umas músicas”.
Em “Disk me ama”, canta: “Que coragem você tem de me ligar / Às quatro da manhã pra me falar de amor / O que você tomou?”
Outra música nova é “No Hablo Español”. A ideia da letra, segundo ele, era mostrar um casal que “não fala a mesma língua, mas fala a língua do beijo”. “Brasileiro não fala muito, só quer beijar. Estou dando um olá para o mercado latino”.
Embora deixe claro que não fala o idioma de Miguel de Cervantes e Shakira, Pabllo fala de sua limitação com ironia e quer ir além do pop em português.
“Estou me empenhando muito. Tenho feito aula de inglês e vou começar as de espanhol. Os dois são bem complicadinhos. É que vejo minhas músicas entrando em charts no Peru, Argentina e Uruguai… Quando fui para Los Angeles [para gravar o disco], a comunidade latina me conhecia até ‘desmontada'”.
“Buzina”, conta ele, tem influências do k-pop, o estilo sul-coreano muito querido por aqui. “Tenho várias fãs que gostam de k-pop, de anime. Eu vejo muito anime. Falo muito com os fãs e a gente acaba trocando referências. Foi por meio deles que comecei a ouvir Black Pink. Não conhece? Você tem que ver, é babado”.
Pabllo também adianta que já fechou a estrutura de seu novo show, com músicas de seus dois álbuns e do primeiro EP. “Nunca vou deixar de cantar ‘Open Bar’. Ela me marcou muito. O setlist está incrível. Já estamos costurando as coisas soltas para a turnê”.
Antes de falar com o G1 por telefone, Pabllo havia passado a tarde gravando um vídeo que estará no telão das apresentações que fãs vão ver nos próximos meses. “Eu e meu stylist Victor Miranda estamos idealizando os figurinos que mudam, que brilham”.
Mas e a média de shows, vai aumentar? “Mais de um show por noite não rola… Eu sou drag e a maquiagem caga toda. Eu já fiz? Fiz. Recomendo? Não recomendo. ‘Minha irmã, vai dormir e vai descansar’. A saúde mental tem que ficar equilibrada”.