Asfixia financeira é a opção cada vez mais usada no combater à corrupção

No combate à corrupção, os investigadores têm recorrido a um recurso chamado de asfixia financeira.

Asfixia financeira é a opção cada vez mais usada no combater à corrupção -

Redação Publicado em 29/10/2016, às 00h00 - Atualizado às 09h41

Bens de envolvidos são confiscados e levados a leilão.
‘Atacar o bolso é tão importante quanto prender’, diz procurador.

No combate à corrupção, os investigadores têm recorrido a um recurso chamado de asfixia financeira.

Conforto, tecnologia de ponta e acabamento de primeira. O motor é potente, mas o SUV, sonho de muita gente, está parado. Assim como outras centenas carrões, que, para a Justiça de São Paulo, foram comprados com dinheiro ilegal.

Num pátio estão alguns dos 463 veículos sequestrados pela Justiça em ações do Ministério Público. A lista de bens confiscados é extensa. Inclui ainda dois hotéis, cinco embarcações e um avião. O número mais expressivo é o de imóveis: são 618, que somados valem quase R$ 1 bilhão.

O mais recente deles é um apartamento de quase 200 metros quadrados, avaliado em R$ 1,7 milhão. Fica no Pacaembu, um dos bairros mais caros de São Paulo.

Pertencia a José Luiz Herência, ex-diretor do Theatro Municipal. Em delação premiada, ele confessou que participou do desvio de cerca de R$ 15 milhões do teatro.

Além do apartamento, três carros do ex-diretor foram confiscados pela Justiça. Todos esses bens vão ser leiloados em novembro, e o dinheiro arrecado vai voltar para os cofres públicos.

Enquanto ações criminais podem durar uma década, o sequestro de bens leva só alguns meses. Em casos de corrupção e crimes de colarinho branco, a prioridade é saber se a renda do investigado é compatível com o patrimônio, e assim recuperar logo o dinheiro.

“O bem, se ele ficar parado, ele vai deteriorando e vai depreciando. E no caso do apartamento vai gerando mais dívidas, que é IPTU, condomínio, água, então, isso depois no final das contas acaba sobrando para o cofre público um valor mínimo” explica Debora Ferreira, assessora de leilão.

A leiloeira diz que o mercado de leilões de bens confiscados está mais aquecido por causa de operações como a Lava Jato.

Para o procurador de Justiça, atacar o bolso de quem desvia dinheiro público é tão importante quanto prender o criminoso. O que se chama de “asfixia financeira”.

“Você atinge a organização criminosa no que ela tem de mais importante, porque a finalidade dela é amealhar bens, é obter lucro. Quando você atinge os lucros, você praticamente destrói a organização criminosa. E mais do que isso: você consegue ressarcir a sociedade. Você consegue reparar o dano que foi causado à sociedade”, afirma Mario Luiz Sarrubbo, subprocurador-geral de Justiça.

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