BRASIL

Brasil registra primeiras mortes por febre oropouche

As inéditas mortes por febre oropouche ocorreram na Bahia, segundo o Ministério da Saúde

Mosquito Culicoides paraensis, responsável pela transmissão da febre oropuche - Imagem: Reprodução / Shutterstock

Sabrina Oliveira Publicado em 26/07/2024, às 11h53

O Ministério da Saúde confirmou nesta quinta-feira duas mortes por febre oropouche no Brasil. Até o momento, não havia relato na literatura científica mundial sobre a ocorrência de óbito pela doença, informou a pasta em nota. As mortes são de mulheres que viviam no interior da Bahia. Elas tinham menos de 30 anos de idade, sem comorbidades, e apresentaram sinais e sintomas semelhantes aos da dengue grave.

O ministério investiga uma morte em Santa Catarina e se quatro casos de interrupção de gestação e dois de microcefalia em bebês têm relação com a doença. Estes casos foram registrados em Pernambuco, Bahia e Acre. A relação da febre com uma morte no Maranhão já foi descartada. No último dia 11, o Ministério da Saúde emitiu uma nota técnica a todos os estados e municípios recomendando o reforço da vigilância em saúde sobre a possibilidade de transmissão vertical do vírus. Com a nota técnica, o ministério pretende também orientar a sociedade sobre a arbovirose.

A medida foi adotada após o Instituto Evandro Chagas detectar a presença do genoma do vírus em um caso de morte fetal e de anticorpos em amostras de quatro recém-nascidos com microcefalia. No entanto, o ministério destacou que não há evidências científicas consistentes sobre a transmissão do vírus Orov da mãe infectada para o bebê durante a gestação e nem sobre o efeito da infecção sobre malformação de bebês ou aborto.

Este ano, já foram registrados 7.236 casos de febre oropouche em 20 estados. A maior parte foi identificada no Amazonas e em Rondônia. Desde 2023, foi ampliada a detecção de casos da doença no Brasil, por meio de testes de diagnóstico na rede pública em todas as regiões.

A febre oropouche é uma doença viral. O vírus Orov é transmitido, principalmente, por meio da picada de um mosquito conhecido como maruim (Culicoides paraensis), bem como por espécies do mosquito Culex. No Brasil, o vírus foi isolado pela primeira vez em 1960. A febre oropouche pode ser confundida com a dengue. A doença evolui com febre de início súbito, cefaleia (dor de cabeça), mialgia (dor muscular) e artralgia (dor articular). Outros sintomas como tontura, dor retro-ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos também são relatados.

Os sintomas duram cerca de dois a sete dias. Mas, até 60% dos pacientes podem apresentar recorrência dos sintomas após uma a duas semanas a partir das manifestações iniciais. A maioria das pessoas tem evolução benigna e sem sequelas, mesmo nos casos mais graves. Até o momento, não há tratamento específico para a febre oropouche. A terapia atual apenas alivia os sintomas.

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