Marina diz que implementação do Plano Nacional de Educação é prioridade para a área

A candidata à Presidência da República Marina Silva (Rede) disse nesta segunda-feira (13) que "boa parte dos problemas" na área da educação já estão

Marina diz que implementação do Plano Nacional de Educação é prioridade para a área -

Redação Publicado em 14/08/2018, às 00h00 - Atualizado às 11h23

Presidenciável da Rede foi a segunda a participar do ciclo de entrevistas Diálogos Educação Já, na tarde desta segunda-feira (13), em São Paulo.

A candidata à Presidência da República Marina Silva (Rede) disse nesta segunda-feira (13) que “boa parte dos problemas” na área da educação já estão resolvidos porque”já têm respostas técnicas e às vezes financeiras, o que falta é vontade política para fazer”. Segundo ela, implementação do Plano Nacional de Educação é uma prioridade.”

A afirmação foi feita durante entrevista da série de encontros Diálogos Educação Já, que vai reunir outros pré-candidatos para debater temas exclusivos sobre educação básica pública.

O evento foi promovido pelo movimento Todos Pela Educação e pelo jornal Folha de S. Paulo, em São Paulo. Os próximos encontros já confirmados são com o candidato Geraldo Alckmin, candidato do PSDB, nesta quarta (15), às 10h, e com candidato à Vice-Presidência do PT, Fernando Haddad, que seria nesta terça (14), mas foi adiado para quinta (16), às 10h. Na última sexta (10), o primeiro candidato a participar foi Ciro Gomes (PDT).

Perguntada sobre que atitudes concretas ela tomaria para priorizar a educação em um eventual mandato na Presidência, Marina disse que investiria no cumprimento de metas do Plano Nacional de Educação (PNE).

“Quando você fala em priorizar educação você pode pegar vários caminhos pra dizer isso, mas acho que depois de tanto esforço e de tudo o que vem sendo pactuado com tantas organizações da sociedade, algo que pode manifestar o compromisso com a educação, já que esse processo foi um processo aberto, democrático e compartilhado, é a implementação do Plano Nacional de Educação”, afirmou ela.

O QUE É O PLANO NACIONAL:

“Nós temos um déficit ainda de crianças que não estão na escola, e sem falar nesses que estão na fase, o problema daqueles acima de 15 anos que ainda são analfabetos. No Brasil temos uma grande quantidade de pessoas que ainda são analfabetas”, afirmou Marina durante a entrevista.

“O PNE tinha metas a serem cumpridas em 2016. Estamos em 2018 e estamos totalmente aquém. É perseguir a meta dentro de um tanto de um governo que terá quatro anos, envidar todos os esforços do ponto de vista dos recursos para que a gente não tenha nenhuma criança fora da escola na faixa de 5 até o processo da sua alfabetização.”

Profissão docente

A candidata da Rede também citou a necessidade de melhorar a qualidade da formação dos docentes. “Nós gostamos muito de uma frase que o Eduardo Giannetti [coordenador do plano econômico de Marina] fala, de que o futuro do brasil passa pela sala de aula, e vai passar pela sala de aula. Então, se vai passar pela sala de aula, com certeza professores bem formados é uma boa tradução da prioridade”, explicou.

“Professores que sejam remunerados dignamente. Trabalhar para que essa remuneração possa acontecer. Hoje um professor ganha em torno de 39% do que ganha um professor de um país desenvolvido. É claro que não é fácil, na realidade das dificuldades do nosso país. Mas, para ter um bom salário, uma boa formação, é a tradução disso na prática.”

Ela também diz que enxerga como um desafio a “disparidade” entre os sistemas locais de educação, em termos de planos de carreira para os professores.

“O desafio que os professores têm de ter um plano de carreira, já que há uma disparidade muito grande, até porque em mais de 5 mil municípios, um sistema que não é devidamente… Não funciona como sistema. Então, traduzir isso em ações práticas, de articulação, de suporte, é tradução de compromisso com a educação.”

Composição da equipe

Perguntada sobre como montaria uma possível equipe do Ministério da Educação, caso seja eleita, Marina não citou nomes, mas listou os critérios que usaria na escolha.

“Eu manteria os critérios que tive quando eu compus a minha equipe no Ministério do Meio Ambiente”, respondeu ela. “Primeiro que é uma condição básica, e que hoje no Brasil a gente até tem que citar, né? Critérios éticos. Formação técnica e capacidade de mediação política, idoneidade para fazer a sua função, exercício da sua função.”

Ela também negou que tenha deixado seu cargo como ministra do Meio Ambiente, em 2009, por falta de capacidade de mediação política. “Eu não saí do governo por incapacidade de mediação política, eu saí por coerência, até porque fazer um plano envolvendo 13 ministérios e esses ministérios trabalharem, e durante um período curto de tempo ser capaz de reduzir o desmatamento em mais de 50% é algo que é uma mediação política enorme”, disse ela.

“Agora, eu não era presidente da República, mas hoje talvez a gente esteja vivendo um ambiente muito polarizado. Mas o bom é que eu tive boas experiências”, contou Marina, citando trabalhos feitos em conjunto com os ministros que chefiaram o MEC no governo Lula como exemplo de esforço em conjunto mesmo com visões diferentes. “Acho que a gente tem que fazer essa quebra.”

Ela também defendeu que políticas públicas bem sucedidas sejam continuadas mesmo após a troca de partidos políticos no poder. “O Brasil precisa institucionalizar conquistas em ver de ‘fulanizar’, de partidarizar.”

Orçamento

A candidata disse que pretenderia fugir da “escola de Sofia” entre investir em uma área de educação, como a educação infantil, por exemplo, e deixar de lado o ensino superior.

“A gente tem desde, enfim, os recursos que não são os recursos ideais, mas obviamente que temos uma lei que busca os 10% do PIB para a educação no decorrer do decênio. Mas nada se resume única e exclusivamente a recursos. O governo federal pode ajudar muito a melhorar a qualidade da gestão. O governo federal tem um papel na articulação para que se tenha um sistema nacional de educação que funcione.”

De acordo com ela, o governo federal “tem esse papel de suporte para que os professores, os municípios por exemplo façam seus planos municipais para a primeira infância, já que a gente está detectando que isso é muito importante no processo de formação de professores”.

Mas Marina disse, também, que defende mais transparência dos orçamentos e da gestão dos estados e municípios para que o governo federal tenha maior conhecimento da realidade do país.

“O governo tem um processo de fazer uma espécie de equalização dessa diferença em relação aos municípios que podem menos do ponto de vista financeiro, mas o governo federal não consegue fazer isso adequadamente em função de não ter a realidade… Usando um termo de um amigo meu, não tem a ‘realidade real’ da situação da educação do Brasil.”

(ATUALIZAÇÃO: a sabatina com Fernando Haddad, que estava prevista para esta terça-feira, foi adiada para quinta-feira (16))

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