‘Ninguém nunca vai saber’, diz delegada sobre motivo de homem matar filha no Dia dos Pais

A delegada responsável por investigar o caso da mãe e da filha mortas pelo pai a tiros no domingo (13), Dia dos Pais, em Guaraci (SP), disse em entrevista ao

‘Ninguém nunca vai saber’, diz delegada sobre motivo de homem matar filha no Dia dos Pais -

Redação Publicado em 16/08/2017, às 00h00 - Atualizado às 09h20

Policial comenta que ‘não deu tempo nem dela desabafar com alguém’. Agente penitenciário atirou pelo menos três vezes contra a filha e a mulher em Guaraci. Em seguida, disparou na própria cabeça.

A delegada responsável por investigar o caso da mãe e da filha mortas pelo pai a tiros no domingo (13), Dia dos Pais, em Guaraci (SP), disse em entrevista ao G1 nesta terça-feira (15) que ficou chocada com a gravidade do crime e não imagina o que pode ter provocado a tragédia familiar.

“O que pode ter levado um pai a expressar tanto ódio para dar três tiros no peito de uma filha? Ninguém nunca vai saber porque não deu tempo nem dela desabafar com alguém”, diz a delegada Débora Cristina Abdala Nóbrega.

O agente penitenciário Ronaldo da Silva Corrêa, de 49 anos, atirou na mulher, Rosicleia da Silva, de 46, que era professora e diretora em uma escola municipal, e na filha Anna Victoria Corrêa, que fez homenagem de Dia dos Pais para ele minutos antes de ser morta.

Segundo a delegada, Anna tinha 17 anos e não 18 como a Polícia Militar havia divulgado inicialmente. Ela afirma que vai ouvir alguns parentes das vítimas, entre eles a mãe de Rosicleia, para instaurar inquérito e encaminhar para o Fórum, onde deve ser arquivado, já que o autor do duplo homicídio morreu. Após matar mulher e filha, Ronaldo deu um tiro na cabeça, chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital.

“Não temos o que apurar. Vou ouvir a família para instruir o inquérito porque é procedimento que deve ser feito devido às mortes, porque o suicídio dele não é crime”, explica.

O casal tinha três filhos, entre eles um menino de 5 anos, que teria presenciado o duplo homicídio e conseguiu correr para pedir ajuda. Ele foi acolhido por vizinhos, não se feriu e deve ficar com parentes até a Justiça decidir de quem será a guarda dele. “Não há condições de ouvi-lo. Ele é muito novinho e será encaminhado para tratamento psicológico”, diz a delegada.

De acordo com ela, a mãe de Rosicleia esteve na casa da família cerca de 20 minutos antes do crime. “Segundo o que apurei no local, a mãe dela foi à casa, mas aparentemente estava tudo bem.”

Anna Victoria com a mãe, Rosicleia da Silva (Foto: Reprodução/TV TEM)

Débora diz que em 21 anos de carreira já viu alguns casos chocantes, mas nunca vai se acostumar com histórias como a do último domingo. “Sou mãe, tenho família e ouvir uma criança de cinco anos dizer que está com saudade e quer a mamãe é muito difícil. Não existe motivo para ele ter feito isso.”

A delegada comenta que Guaraci, cidade com cerca de 10 mil habitantes, está totalmente triste. “Até o ar da cidade está triste. Há muitos comentários sobre o motivo do crime, mas isso não tem mais importância. Acabou a história, acabou tudo”, lamenta.

Parentes e amigos estavam inconformados no velório de mãe e filha em Guaraci (Foto: Reprodução/TV TEM)

Ela comenta que o fato de o crime ter ocorrido logo após a jovem ter feito homenagem ao pai fez com que a história fosse ainda mais comovente.

“Pelo o que contamos no local, ele deu três tiros no peito, um na fonte (cabeça) e um na perna da filha, mas não estamos com o laudo ainda, por isso, não temos certeza de quantos tiros foram disparados. Foi terrível. A pessoa pode trabalhar 50 anos, mas nunca vai se acostumar com cena como esta e, infelizmente, ninguém nunca vai saber o que de fato aconteceu.”

Após o crime, o filho mais velho do casal, que mora em Mato Grosso, veio à cidade e não quis falar com a imprensa. Os três corpos foram velados e enterrados na segunda-feira (14) em Guaraci.

Moradores acompanham trabalho da polícia no local da tragédia (Foto: Arquivo Pessoal)

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