VIOLÊNCIA POLÍTICA

Jornalista confirma "rachadinha", fala de atentado e alerta: "esse sangue tá nas mãos de Lucas Sanches"

Em discurso de dez minutos na Câmara, Caique Marcatti confirmou "rachadinha", mas disse que não se envolveu. O Diário teve acesso a prints e vídeo com ameaças

Caique Marcatti e Lucas Sanches - Imagem: Reprodução / Redes Sociais | Divulgação

Jair Viana Publicado em 22/08/2024, às 08h17

"Vamos conversar, vamos conversar, desce do carro,você vai entrar na bala pelo Caique, se você entrar na bala por ele é coisa grande e alguma coisa vai acontecer com você (sic)" - Anderson Araújo em ameaça a Pimenta Júnior.
"Esse sangue estará nas mãos do Lucas Sanches, Santiago, Luciano Jack e Anderson Araújo" - Caique Marcatti, em entrevista.

O esquema de "rachadinhas" no gabinete do vereador Lucas Sanches (PL), candidato a prefeito de Guarulhos, seria uma realidade, segundo o jornalista Caique Marcatti Calimerio, que usou a tribuna da Câmara da cidade, nesta quarta-feira (21), para denunciar o caso, além de revelar oficialmente aos vereadores que foi vítima de tentativa de assassinato junto com o também jornalista Valdir Pimenta Júnior, editor do Jornal de Guarulhos, no último dia 5. Os dois foram espancados com paus, socos e chutes em suas cabeças "numa clara tentativa de homicídio", disse Marcatti.

Sobre o esquema de "rachadinhas", sem citar nomes dos beneficiados pelo crime, Caique Marcatti fez questão de observar que não participou de nada. Ele já colocou seus sigilos à disposição do delegado Fúlvio Mecca, do 5º Distrito Policial, que também investiga o caso das "rachadinhas". O vereador Lucas Sanches, que é candidato a prefeito, nega tudo o que foi dito.

SEGURANÇA
Depois de sua fala aos vereadores, em entrevista coletiva, Caique afirmou que sua segurança e a de seus familiares, a partir daquele momento, passava a depender do vereador Lucas Sanches e do vereador Carlos Santiago (PL), de Itaquaquecetuba (ele é coordenador regional do PL e amigo próximo de Sanches), de Anderson Araújo e Luciano Jack, cujo nome verdadeiro é Edison Luciano. Marcatti quase foi assassinado no último dia 5, junto com Valdir Pimenta.

SANGUE NAS MÃOS
Na entrevista, o jornalista foi direto: "Se algo acontecer comigo, com minha família ou amigos, esse sangue estará nas mãos do Lucas Sanches, do Santiago (Carlos), do Luciano Jack e do Anderson Araújo", disse.

Caique ainda explicou as razões do desabafo: "Esses são responsáveis pelas ameaças que eu, minha família e o Valdir Pimenta sofremos", afirmou. Ele revelou ao Diário os detalhes de tudo que vem sofrendo, desde as primeiras ameaças. Vídeos, prints de mensagens e boletins de ocorrência foram exibidos. Sua esposa foi a primeira vítima de ameaças, como mostram os prints de seu aplicativo de mensagens.

PERFIS FAKES
Segundo o jornalista, as ameaças pelo aplicativo WhatsApp eram feitas por perfis criados pelo vereador Lucas e seus aliados. "Eles criavam esses perfis e saíam da cidade para que seus aparelhos não fossem alcançados pelas torres locais", disse.

As ameaças foram se intensificando desde que Caique decidiu pedir exoneração do cargo de chefe de gabinete do vereador Lucas Sanches, segundo contou. Caique disse que até o coordenador regional do PL, Carlos Santiago, teria dito que ele "só sairia morto".

Mensagens obtidas com exclusividade pelo Diário de São Paulo
Mensagens obtidas com exclusividade pelo Diário de São Paulo

 

A TENTATIVA DE DUPLO ASSASSINATO
Na tarde do dia 5, depois de deixar a Câmara Municipal, Caique e Pimenta Júnior chegavam a uma padaria quando foram brutalmente atacados por golpes de paus, socos e chutes em suas cabeças. Pelo menos quatro homens teriam participado diretamente das agressões.

A intervenção de um segurança impediu que os dois jornalistas morressem. Logo após o ataque, Caique e Pimenta Júnior apareceram em um vídeo onde citam nomes de pessoas ligadas ao vereador Lucas Sanches. O caso foi registrado no 5º Distrito Policial. O delegado Fúlvio Mecca e sua equipe já prenderam Matheus Henrique Garretti, de 31 anos, como suspeito.

Com o rapaz, os policiais encontraram um aparelho celular que já foi enviado para a Polícia Científica, que já abriu os arquivos. O delegado aguarda a remessa dos laudos sobre o conteúdo do telefone. A investigação é sobre tentativa de homicídio.

PÂNICO, AMEAÇAS
Ameaças por telefone, mensagens de texto, vídeos que registram ameaças e agressões, além de vários boletins de ocorrência e documentos que já estão em poder do Ministério Público. Tudo isso já faz parte de provas que apontariam o vereador Lucas Sanches (PL), candidato a prefeito de Guarulhos nas eleições deste ano, como suspeito de ser mandante de duas tentativas de assassinato contra dois jornalistas da cidade. Ele nega e diz ser contra a violência.

O caso veio à tona no último dia 5, no final da tarde, quando os jornalistas Caique Marcatt e Valdir Pimenta Júnior, editor do Jornal de Guarulhos, foram agredidos a pauladas, socos e chutes por quatro homens, reconhecidos pelas vítimas como assessores da campanha de Lucas Sanches.

As agressões e quase mortes ocorreram perto da Padaria São Bento, no bairro Augusta, em Guarulhos. Os jornalistas haviam acabado de sair da Câmara Municipal, depois da cobertura de uma sessão. Ainda nas galerias do Legislativo, um dos assessores do vereador acusado, identificado como Anderson Araújo, fez ameaças a Pimenta Júnior.

EMBOSCADA
Para o jornalista Caique Marcatt, as ameaças que começaram no mês de julho foram cumpridas na tarde daquele dia 5. Ele conta que, ainda nas proximidades da Câmara, dois carros suspeitos foram flagrados pelas câmeras de monitoramento da Câmara. Ele disse que isso só foi descoberto depois das agressões sofridas.

Logo após terem sofrido o ataque de quatro homens armados com paus, os jornalistas gravaram um vídeo que viralizou nas redes sociais e em grupos de WhatsApp em Guarulhos. Ainda ensanguentados e sem socorro, eles gravaram uma mensagem em que denunciam assessores do vereador, candidato a prefeito, Lucas Sanches.

O CONTRATO
Toda a história envolvendo o vereador Lucas e os dois jornalistas teria começado quando o parlamentar propôs a Caique Marcatt, à época seu chefe de gabinete, então pré-candidato a vereador, que retirasse sua candidatura para ajudar a campanha de 2020 à sua reeleição.

Foi nesse período que Lucas teria feito um contrato, com firma reconhecida, onde ambos assumiam compromissos. O contrato é mantido em sigilo, pois Caique teme pela própria vida e a de seus familiares.

AMEAÇA
Quando se negou a permanecer como chefe de gabinete de Lucas Sanches, Caique diz ter recebido ameaça direta do também vereador Carlos Santiago (PL), de Itaquaquecetuba, que é coordenador regional (incluindo Guarulhos) do partido. Segundo Caique, Santiago teria dito que ele "só sairia morto" da campanha de Lucas.

Esposa de Caique recebe mensagens ameaçadoras.

 

ENTRAR NA BALA
O jornalista Valdir Pimenta Júnior também se diz ameaçado pelo assessor parlamentar Anderson Araújo, do gabinete de Lucas Sanches. No dia 12 do mês passado, por exemplo, Pimenta teria sido ameaçado por Anderson, quando chegava ao condomínio onde mora. No carro, além do jornalista, estavam sua esposa e o filho de um ano de vida.

Segundo Pimenta Júnior relatou à polícia, Anderson, da janela do passageiro, fez ameaças graves, ignorando a esposa e a criança. "Vamos conversar, vamos conversar, desce do carro, você vai entrar na bala pelo Caique, se você entrar na bala por ele é coisa grande e alguma coisa vai acontecer com você (sic)", teria dito. A frase está no boletim de ocorrência registrado por Pimenta.

OUTRO LADO
O vereador Carlos Santiago, procurado pela reportagem, disse estar surpreso com as denúncias de Caique Marcatt. Questionado se o jornalista teria motivos para criar fatos, o vereador disse desconhecer.

Santiago nega qualquer envolvimento no caso das agressões. Ele disse que ele e Caique eram amigos e sempre se deram bem. Informado sobre um registro policial onde ele é citado por fazer uma ameaça de morte a Caique, Santiago é direto: "Isso nunca existiu, mais uma invenção!", afirmou.

O ex-policial militar Edison Luciano, citado na entrevista de Caique, foi procurado na tarde desta quarta-feira, mas não visualizou as mensagens da reportagem deixadas em seu aplicativo. No entanto, Luciano havia sido procurado na segunda-feira (19) e respondeu a várias perguntas sobre seu suposto envolvimento no caso. Ele nega todas as acusações.

Sobre sua relação com o vereador Lucas Sanches, Luciano disse que "é estritamente profissional, não tenho nenhuma relação de amizade fora do campo de trabalho". Disse que admira o vereador e seu trabalho.

AMEAÇA AO SOGRO
Acusado por Caique de ter ameaçado seu sogro, Luciano explica que sua visita à empresa (vídeo) se deu para pedir que ele falasse com Caique para apaziguar a situação. O sogro de Caique é libanês, e Luciano disse que levou até um amigo libanês em sua visita para facilitar a comunicação. Mas ele nega qualquer tipo de ameaça.

Anderson Araújo, que seria assessor de Lucas Sanches, disse apenas que as acusações não procedem e que está processando Caique. Ele aparece no vídeo feito na Câmara, no dia 5, pouco antes do ataque que quase matou Caique e Pimenta Júnior.

O vereador Lucas Sanches, candidato a prefeito de Guarulhos, por nota, nega qualquer envolvimento criminoso com Caique Marcatt. O vereador entende que as denúncias do jornalista podem estar ligadas a interesses eleitorais de adversários. Sanches também diz que medidas judiciais estão sendo adotadas para dissipar dúvidas. Veja a nota enviada à reportagem:

"Sobre as graves acusações feitas pelo senhor Caique Marcatt a respeito de Lucas Sanches (PL), na tarde desta quarta-feira (21/8), é importante esclarecer que:

O corpo jurídico da campanha de Sanches à Prefeitura de Guarulhos-SP vai adotar as medidas judiciais cabíveis.

Importante ressaltar que, como as ilações foram feitas depois de 16/8, data de início da campanha eleitoral, a conduta de Marcatt pode ser configurada como crime eleitoral, resultando em ação penal pública incondicionada. Afinal, não é possível ignorar a possibilidade de Marcatt estar atacando a honra de Sanches visando fins eleitorais.

Dia após dia, este rapaz tenta emplacar fake news contra Sanches. Tudo o que ele tem feito e falado será levado à Justiça, para que por lá ele responda por seus atos, posicionamentos e acusações levianas.

Marcatt parece ter obsessão em desqualificar Sanches, para quem, até pouco tempo, devotava lealdade. Ou, infelizmente, pode estar se prestando ao papel de linha auxiliar de adversários políticos de Sanches, que temem seu crescimento nas pesquisas de intenção de voto.

Em paralelo às tratativas tomadas por seu corpo jurídico face ao descontrole e à irresponsabilidade de Marcatt, Sanches, por sua vez, continua nas ruas, apostando no corpo a corpo com a população, realizando uma campanha limpa e com propostas. Para cada ataque; uma proposta. Para cada fake news, calúnia e difamação; a verdade e a lei."

Assessoria Jurídica e de Comunicação | Campanha Lucas Sanches (PL) - Guarulhos-SP

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