Temas Deixados de Lado

Eleições em São Paulo ignoram questões de segurança, moradia e transporte, enquanto desigualdade social cresce

Especialistas questionam a falta de propostas concretas para problemas que afetam milhões de paulistanos

São Paulo enfrenta desafios críticos em segurança e infraestrutura, enquanto eleição foca em escândalos pessoais - Imagem: Reprodução / Freepik

Sabrina Oliveira Publicado em 06/10/2024, às 09h07

Com mais de 11,4 milhões de habitantes e um orçamento que ultrapassa R$ 93 bilhões, São Paulo, a maior cidade do Brasil, reflete as complexidades e desigualdades de um país em busca de soluções sociais. No entanto, em um momento em que as eleições municipais deveriam trazer à tona as discussões mais urgentes, temas essenciais como segurança, transporte e habitação parecem ter sido relegados a segundo plano.

Especialistas vêm alertando para a falta de atenção a problemas que afetam diretamente a vida dos paulistanos. A segurança pública, por exemplo, é um dos pontos críticos. Embora São Paulo apresente um desempenho moderado em indicadores de violência, questões graves persistem, como o elevado número de homicídios entre jovens do sexo masculino e mortes por agressão. Além disso, crimes de menor potencial ofensivo, como furtos de celulares, continuam em alta — a capital paulista ocupa o terceiro lugar no ranking nacional de roubo de celulares, atrás apenas de Manaus e Teresina.

Benedito Mariano, sociólogo e ex-secretário de segurança pública, defende que a resposta a esses problemas deve ir além da repressão. Para ele, a integração das forças policiais, aliada à prevenção e ao uso de inteligência, é o caminho mais eficaz. Mariano também ressalta a importância do policiamento comunitário e da intensificação da presença da Guarda Civil Metropolitana em áreas estratégicas da cidade, especialmente em horários de pico, para reforçar a sensação de segurança. A adoção de tecnologias, como câmeras de vigilância, também é vista como uma ferramenta fundamental para combater o crime e apoiar as investigações.

No entanto, a segurança não é o único ponto de preocupação. A infraestrutura urbana, especialmente o transporte público, continua sendo um dos maiores desafios para a cidade. O engenheiro Sergio Ejzenberg critica a lentidão na expansão da rede de metrô e argumenta que a falta de investimento em transporte de massa impacta diretamente a qualidade de vida dos paulistanos, que enfrentam longas horas de deslocamento diário. Ejzenberg aponta que, sem um planejamento robusto e audiências públicas efetivas para a definição dos investimentos, a cidade continuará a sofrer com a falta de soluções de mobilidade.

A questão habitacional é outro tema crítico que não tem recebido a atenção que merece. Segundo o professor Paulo Silvino, a desigualdade na cidade é evidente na falta de moradia digna para milhões de pessoas. Ele sugere que políticas habitacionais mais inclusivas e integradas à dinâmica econômica da cidade são essenciais para lidar com o déficit habitacional. Rodrigo Iacovini, especialista em políticas urbanas, complementa ao afirmar que as desigualdades sociais de São Paulo estão profundamente enraizadas na exploração do trabalho, e que políticas públicas voltadas para práticas econômicas mais justas poderiam ajudar a reduzir essas disparidades.

Apesar da relevância desses problemas, o debate eleitoral atual parece estar mais focado em ataques pessoais entre os candidatos do que em soluções para melhorar a qualidade de vida da população. O professor Silvino observa que, embora os eleitores estejam cientes de suas

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