Evo Morales denuncia suposto atentado realizado por "agentes do Estado boliviano" contra sua vida

O ex-presidente boliviano Evo Morales, que governou o país de 2006 a 2019, afirmou no último domingo (27) ter sido alvo de uma tentativa de assassinato. Segundo Morales, agentes estatais teriam disparado contra seu veículo no centro de Cochabamba, resultando em ferimentos no motorista. O incidente foi prontamente reportado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

Em uma declaração divulgada na rede social X (antigo Twitter), Morales acusou "agentes de elite do Estado boliviano" de atentarem contra sua vida. Horas antes, ele havia relatado que seu carro foi alvejado com 14 tiros enquanto se dirigia para um programa de rádio semanal.

"Estão atirando em nós, estão nos detendo, rapidamente, mobilizem-se", afirmou o ex-presidente no vídeo.

O episódio ocorre em meio a um cenário tenso no país, onde o governo boliviano retomou operações conjuntas envolvendo forças policiais, militares e paramilitares para conter manifestações e bloqueios promovidos por apoiadores de Morales. As tensões se intensificaram após a troca da cúpula militar pelo atual presidente Luis Arce, que já foi aliado de Morales.

Arce declarou, também através da rede social X, que ordenou uma investigação rigorosa e imediata sobre os acontecimentos. "É essencial que qualquer ato violento na política seja investigado e condenado", enfatizou o presidente.

De acordo com o Movimento ao Socialismo (MAS), partido fundado por Morales, o ataque teria ocorrido próximo a um quartel militar em Cochabamba, executado por homens encapuzados portando armas longas e vestindo preto. Imagens divulgadas pela rádio Kawsachun Coca mostram possíveis marcas de bala no para-brisa do veículo do ex-presidente.

Enquanto as autoridades investigam o incidente, o vice-ministro de Segurança Pública, Roberto Ríos, não descartou a possibilidade de um "autoatentado". Ríos destacou a obrigação do Estado em investigar todas as denúncias.

Investigação

No momento, Morales enfrenta uma investigação sob a acusação de envolvimento com uma menor de idade durante seu mandato. A situação judicial motivou bloqueios em estradas por seus partidários desde 14 de outubro, gerando escassez de combustíveis e aumento nos preços dos produtos básicos.

Os bloqueios afetam principalmente Cochabamba, região onde Morales tem forte apoio. Em resposta aos protestos, mais de 1.700 policiais foram mobilizados recentemente, resultando em confrontos que deixaram vários feridos e dezenas de detidos.

A disputa política entre Morales e Arce se intensifica à medida que ambos buscam a candidatura presidencial do partido governista para as eleições previstas para agosto de 2025. Apenas Morales anunciou oficialmente sua intenção de concorrer até agora.

Diante da instabilidade crescente, o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia alertou sobre ações desestabilizadoras atribuídas a Morales, que ameaçam a ordem democrática nacional e regional. O ministério fez um apelo à comunidade internacional para monitorar os desdobramentos na Bolívia.

Os bloqueios já acarretaram prejuízos estimados em cerca de US$ 1,2 bilhão (aproximadamente R$ 6,85 bilhões), segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Produtivo e Economia Plural do país.

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