Conheça a biblioteca que ‘empresta’ pessoas por 30 minutos para contarem suas histórias

Na "Biblioteca Humana" em Copenhague, as pessoas podem "pegar emprestado" uma pessoa para que ela conte a história de sua vida e as suas diferentes

Conheça a biblioteca que ‘empresta’ pessoas por 30 minutos para contarem suas histórias -

Redação Publicado em 30/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 13h44

Interessados podem ouvir como é ser refugiado, homossexual, muçulmano ou ter deficiência auditiva graças a esta iniciativa dinamarquesa que nasceu há 21 anos e se espalhou pelo mundo.

Na “Biblioteca Humana” em Copenhague, as pessoas podem “pegar emprestado” uma pessoa para que ela conte a história de sua vida e as suas diferentes experiências, num projeto que visa promover a compreensão e ajudar a desafiar os preconceitos.

Os interessados podem ouvir como é ser refugiado, homossexual, muçulmano ou ter deficiência auditiva graças a esta iniciativa dinamarquesa que nasceu há 21 anos e se espalhou pelo mundo.

Iben, de 46 anos, vítima de abusos sexuais e com problemas de saúde mental – que prefere não revelar seu sobrenome – é um dos oito “livros” que os curiosos podem “pegar emprestado” em um domingo de outono em Copenhague.

Por 30 minutos, as pessoas podem perguntar o que quiserem, individualmente ou em um pequeno grupo.

“A ‘Biblioteca Humana’ é um espaço seguro onde podemos explorar a diversidade. Aprender sobre as maneiras como somos diferentes uns dos outros e interagir com pessoas que normalmente nunca encontraríamos e, portanto, desafiar nossos preconceitos inconscientes”, explica Ronni Abergel, iniciador do projeto.

Ele criou a biblioteca em 2000, durante o Festival de Música de Roskilde. Formou uma organização sem fins lucrativos e, desde então, o conceito alcançou mais de 70 países ao redor do mundo.

“Uma leitura é realmente uma conversa”, explica Abergel. “Passo alguns minutos explicando o assunto, antecedentes e certificando-me de que podem perguntar qualquer coisa”.

Páginas brancas

Na maioria dos casos, as conversas fluem com facilidade e normalmente são realizadas em um ambiente silencioso como uma biblioteca municipal, uma sala de reuniões ou no jardim.

“Às vezes as pessoas perguntam muito e a conversa flui. Mas, às vezes, preciso falar um pouco mais, fazer perguntas aos meus leitores para que reflitam ou façam novas perguntas”, ressalta Anders Fransen, de 36 anos, um “livro” cego e com deficiência auditiva.

As pessoas são encorajadas a “fazer perguntas realmente difíceis”, explica ele, enfatizando que nada está fora dos limites, por mais delicado que o assunto possa ser.

Pessoas que pegam Iben “emprestado” podem escolher entre três de seus “livros” orais: vítima de abusos sexuais; viver com transtorno de personalidade; viver com transtorno de estresse pós-traumático grave.

Às vezes, ele se recusa a responder a perguntas. “Eu disse que aquela página ainda não estava escrita. Então eles apenas sorriram”, lembra.

Mas nunca teve uma experiência ruim nos quatro anos em que participa do projeto. “Todas as minhas leituras são diferentes” e evoluíram ao longo dos anos, diz. “É um presente ser um livro, você pode refletir sobre si mesmo.”

Em um mundo cada vez mais polarizado, Abergel deseja que sua iniciativa ajude as pessoas a serem “menos apreensivas, mais abertas, mais compreensivas e a aceitar seu direito de ser diferentes”.

Mas, insiste, a organização não tenta promover a diversidade ou combater o preconceito. “Administramos um espaço neutro de aprendizagem onde há uma oportunidade para você se envolver, aprender sobre si mesmo e outros grupos”, explica.

“O que você aprende e o que faz com o seu aprendizado está inteiramente em suas mãos”, resume.

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G1

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