Redação Publicado em 07/07/2022, às 00h00 - Atualizado às 13h50
Alguns dias após Lewis Hamilton ser alvo de falas racistas do ex-piloto Nelson Piquet, o heptacampeão e a Mercedes anunciaram um investimento de 500 mil libras (cerca de R$ 3,2 milhões) no projeto Ignite, fundado por ambos em 2021. A quantia vai ser destinada para bolsas na Motorsport UK (federação britânica de automobilismo) e a Academia Real de Engenharia que vão aumentar a representatividade negra no esporte. A ação foi reforçada pelo episódio com o tricampeão.
– Os eventos desta semana nos mostraram por que continua a ser uma necessidade urgente fazer pressão por mais representatividade em nossa indústria. Mais do que nunca, precisamos nos concentrar em como podemos transformar o automobilismo para melhor – declarou Hamilton.
Essa é a primeira ação do projeto Ignite, que integra os esforços da octacampeã de construtores na iniciativa Accelerate 25 – esta, por sua vez, tem objetivo de aumentar até 2025 a quantia de funcionários racializados na Mercedes pra 25%.
Em dois anos, o time conseguiu dobrar a representatividade em sua força de trabalho, de 3% para 6%.
A doação para a Motorsport UK será destinada para o programa Girls On Track, mantido pela Federação Internacional do Automobilismo (FIA).
O Girls on Track foi criado pela entidade com o intuito de potencializar a formação de pilotos mulheres e já teve, em 2020 e 2021, as brasileiras Antonella Bassani e Julia Ayoubi como candidatas. Com o suporte da Mercedes, agora vai alcançar meninas de localidades em vulnerabilidade socioeconômica, e de minorias raciais.
Por sua vez, a doação a ser recebida pela Academia Real de Engenharia permitirá a criação de até dez bolsas de mestrado para estudantes negros em áreas do automobilismo a partir do ano que vem, até 2025.
Hamilton, que ainda dirige projetos individuais no âmbito da inclusão no automobilismo – como a fundação Mission 44 -, celebrou a novidade e deu mais detalhes:
– Muita coisa aconteceu nos bastidores desde o lançamento do projeto Ignite. Estou satisfeito que a Mercedes e eu podemos continuar demonstrando nosso compromisso com uma indústria mais diversificada. Escolhemos essas bolsas porque elas se concentram em apoiar pessoas de dois grupos populacionais importantes e sub-representados, e nos aproximam do nosso objetivo de aumentar o número de mulheres e talentos negros no esporte.
No ano passado, Hamilton e a Mercedes criaram um fundo de investimento com 20 milhões de libras (ou R$ 128 milhões) para as iniciativas que visam aumentar a representatividade negra e de outras minorias étnico-raciais na F1.
O projeto Ignite é focado no desenvolvimento de programas educacionais, oportunidades de ensino e trabalho e suporte financeiro para estudantes e pessoas negras ou de minorias raciais que desejam atuar no automobilismo.
Piquet foi denunciado no Ministério Público devido às falas racistas e homofóbicas contra Hamilton. O tricampeão ainda é alvo de ações públicas movidas por entidades cuja indenização solicitada é de R$ 10 milhões. As informações foram dadas pela Folha de S. Paulo e confirmadas pelo ge.
O Núcleo de Enfrentamento à Discriminação (NED) do MPDFT corroborou o recebimento da queixa, que segue em análise, mas não deu detalhes da acusação. Três deputadas federais, segundo a Folha, são as autoras da denúncia.
A fala foi alvo de repúdio da F1, da Federação Internacional do Automobilismo (FIA) e da equipe de Hamilton, Mercedes, bem como equipes e pilotos rivais do heptacampeão. Piquet foi suspenso do Clube de Pilotos Britânicos, do qual fazia parte como membro honorário e, segundo a imprensa britânica, ainda foi banido do paddock da F1.