TCM-SP apura se gestão Ricardo Nunes investiu o mínimo exigido por lei em educação em 2021

O Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM-SP) apura se a gestão do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), aplicou o mínimo exigido por lei da

TCM-SP apura se gestão Ricardo Nunes investiu o mínimo exigido por lei em educação em 2021 -

Redação Publicado em 04/03/2022, às 00h00 - Atualizado às 07h13

O Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM-SP) apura se a gestão do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), aplicou o mínimo exigido por lei da verba destinada à educação em 2021.

Por lei, estados e municípios devem aplicar, no mínimo,25% das receitas de impostos em educação – quase R$ 14 bilhões de R$ 56 bilhões, no caso da capital paulista.

Se comprovado que Nunes não destinou os recursos para a educação, ele corre o risco de ser enquadrado na Lei de Responsabilidade Fiscal e até se tornar inelegível por improbidade administrativa com base na Lei da Ficha Limpa. O TCM deve enviar o parecer sobre as contas do prefeito para a Câmara em julho.

No relatório da execução orçamentária de 2021 apresentado pela Prefeitura, o cumprimento foi apenas de 0,07% superior ao mínimo (R$ 96,7 milhões), mas R$ 3,3 bilhões estão inscritos em restos a pagar, ou seja, há risco de que empenhos inadequados sejam cancelados. Empenhos são compromissos de gastos futuros. Na prática, é a reserva de determinado valor que a administração pública dá para uma despesa que ainda será feita.

Além disso, há indícios de empenhos irregulares feitos na última hora em dezembro que também podem ser cancelados, o que, se comprovado, faria com que o total aplicado seja menor do que o exigido pela Constituição.

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SME), informou que desconhece o relatório citado pela reportagem, pois não foi questionada pelo Tribunal de Contas do Município. A pasta afirmou que quando receber o documento, irá prestar todos os esclarecimentos que a corte julgue necessários.

De acordo com resultados da Prova São Paulo, usada para avaliar o aprendizado dos alunos, mais de 90% dos alunos do 9º ano da rede municipal de ensino da capital paulista foram avaliados com nível de aprendizado abaixo do adequado em disciplinas do currículo básico em 2021.

A avaliação mostrou ainda que 94% dos alunos do 9º ano têm conhecimentos abaixo do adequado tanto em matemática quanto em ciências naturais e 90% estão abaixo do adequado em língua portuguesa.

A denúncia ao TCM-SP foi feita em dezembro pelo vereador Celso Luís Giannazi (PSOL) e pelo deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL). Ambos fazem oposição às gestões de Ricardo Nunes (MDB) e de João Doria (PSDB), que são aliados.

Nesta sexta-feira (25), a liderança do PT na Câmara Municipal fez uma nova denúncia sobre o mesmo assunto. Junto à denúncia, o partido encaminhou uma nota técnica que esmiuçaos problemas que podem provar que Nunes não cumpriu o mínimo exigido por lei na gestão do orçamento de 2021.

De acordo com o texto da denúncia, a gestão Nunes empenhou 30% da verba anual (R$5,1 bilhões) só em dezembro, valor mais do que o dobro do empenhado no mesmo mês do ano anterior (R$ 2,5 bilhões). Só no dia 31 de dezembro de 2021, foram empenhados R$ 3,3 bilhões, valor que faltava para completar os 25% mínimos exigidos por lei.

Segundo a Secretaria do Tesouro Nacional, a despesa que for empenhada com base no crédito orçamentário deverá pertencer ao referido exercício, ou seja, despesas empenhadas em 2021 devem ser utilizadas, exclusivamente, para pagamento de despesas executados no mesmo ano.

A Prefeitura poderia usar a verba para pagar bônus para os professores em janeiro, por exemplo, já que o trabalho deles já tinha sido feito em 2021. Mas não pode, por exemplo, pagar por um serviço que ainda seria prestado, o que fere o princípio orçamentário da nulidade.

Além disso, o grande volume de recursos empenhados no final do exercício é um indicador de baixa qualidade da gestão, e caso, parte destes empenhos sejam irregulares pode significar o descumprimento da aplicação mínima na educação.

A denúncia analisou quatro empenhos feitos no dia 30 de dezembro, último dia útil do ano, que somam mais de R$ 1 bilhão e há indícios que estejam irregulares:

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G1

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