Resultado superou as projeções do mercado, que estimavam um lucro de US$ 1,65 bilhão
William Oliveira Publicado em 25/10/2024, às 11h01
A mineradora Vale S.A. (VALE3), a maior do Brasil, divulgou um lucro líquido de US$ 2,41 bilhões no terceiro trimestre deste ano, conforme o relatório financeiro publicado nesta quinta-feira (24). Este resultado superou as projeções do mercado, que estimavam um lucro de US$ 1,65 bilhão, de acordo com dados da LSEG.
Apesar de ultrapassar as expectativas dos analistas, o lucro da Vale apresentou uma redução de 15% em comparação ao mesmo período do ano anterior, quando foi registrado um lucro de US$ 2,83 bilhões. A empresa atribuiu essa queda principalmente à diminuição do EBITDA — lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização — e aos impactos negativos advindos das negociações para um acordo definitivo referente ao rompimento da barragem da Samarco, previsto para ser formalizado nesta sexta-feira (25).
Conforme relatado pela companhia, parte desses efeitos foi mitigada por ganhos oriundos da alienação de ativos não circulantes, relacionados à venda de 50% da sua participação na VODC, uma joint venture com a Apollo destinada à operação de um terminal marítimo em Sohar, Omã.
O EBITDA ajustado alcançou US$ 3,61 bilhões no trimestre em questão, alinhando-se às previsões do mercado. Entretanto, essa cifra também representa uma queda de 18% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o EBITDA foi de US$ 4,43 bilhões. A mineradora explicou que esse resultado decorre principalmente de preços menores para os finos de minério de ferro e custos de frete elevados, parcialmente compensados por efeitos positivos como a desvalorização do real, redução em custos e despesas e aumento nos volumes de vendas.
A receita líquida reportada foi de US$ 9,55 bilhões, superando ligeiramente a expectativa dos analistas de US$ 9,44 bilhões. Contudo, em comparação anual, a receita registrou uma queda de 10%.
O fluxo de caixa livre gerado no trimestre foi de US$ 179 milhões, representando uma queda acentuada de 84% em comparação ao terceiro trimestre de 2023. Esse declínio é atribuído principalmente à redução no EBITDA Proforma, que foi US$ 995 milhões menor do que no ano anterior.
A conversão do EBITDA em caixa sofreu impacto devido a um capital de giro negativo de US$ 570 milhões. Isso se deveu majoritariamente a um aumento nas contas a receber, impulsionado por preços provisórios mais altos e pelo crescimento das vendas provisionadas de minério de ferro ao final do trimestre.
Adicionalmente, a posição financeira da Vale foi afetada pela distribuição de US$ 1,6 bilhão aos acionistas como juros sobre capital próprio. Também houve menção à continuidade na gestão dos passivos financeiros da dívida, com um efeito líquido negativo de US$ 632 milhões, e à aquisição da participação remanescente na Aliança Energia por US$ 493 milhões. Esses fatores foram parcialmente equilibrados pela venda parcial da VODC por US$ 600 milhões.
As vendas totais de minério de ferro tiveram um incremento anual de 1,3 milhão de toneladas. Esse aumento foi puxado pelo crescimento das vendas de pelotas em 18%, resultado da maior produção e forte demanda.
Quanto à Samarco, a provisão revisada subiu para US$ 4,7 bilhões, refletindo um incremento de US$ 1 bilhão. Esta atualização considera as avaliações mais recentes sobre o potencial acordo com as autoridades brasileiras e as reivindicações relacionadas ao desastre ambiental.
Por fim, a dívida líquida expandida totalizou US$ 16,5 bilhões no trimestre — um aumento trimestral de US$ 1,8 bilhão devido às provisões adicionais relacionadas à Samarco. Já a dívida bruta e os arrendamentos somaram US$ 14,2 bilhões, uma redução de US$ 900 milhões no período.