São Paulo tem inverno marcado por retorno das geadas, mortes de moradores de rua, queimadas, fuligem e recordes de calor no ano

A cidade de São Paulo se despediu, nesta quarta-feira (22), de um inverno marcado pelo reaparecimento das geadas, o registro da 3ª menor temperatura do século

São Paulo tem inverno marcado por retorno das geadas, mortes de moradores de rua, queimadas, fuligem e recordes de calor no ano -

Redação Publicado em 23/09/2021, às 00h00 - Atualizado às 09h01

A cidade de São Paulo se despediu, nesta quarta-feira (22), de um inverno marcado pelo reaparecimento das geadas, o registro da 3ª menor temperatura do século e a morte de 15 pessoas em situação de rua por hipotermia, em decorrência do frio intenso.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), apesar das frentes frias que ocorreram no período, a capital paulista teve média de temperaturas máximas de 24,7º e mínimas de 13,7º, ambas acima das médias históricas para a estação, ou seja, mais quentes.

Em temperaturas absolutas, a mais elevada foi de 35,7ºC, registrada pela estação do INMET no Mirante de Santana nesta segunda-feira (20). Já a mínima ocorreu em 30 de julho e foi de 4,3ºC, a 3ª menor temperatura registrada na cidade pelo instituto no século 21. Com isso, também voltaram a ocorrer geadas na capital, o que tem se tornado menos frequente desde a década de 1980 e não acontecia há quatro anos, segundo o Instituto de Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP).

Também em 30 de julho, o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE) da prefeitura registrou – 3ºC em Engenheiro Marsilac, distrito da Zona Sul de São Paulo, batendo o recorde de menor temperatura já registrada em uma das suas 29 estações de meteorologia, desde que iniciou suas operações há 17 anos. Moradores da região registraram como foi o amanhecer naquele dia e as imagens foram amplamente divulgadas.

Devido ao tempo gelado, 15 moradores em situação de rua foram encontrados mortos na capital e a principal suspeita é de que a causa tenha sido hipotermia. A Prefeitura de São Paulo nega que os óbitos tenham sido em decorrência do frio, mas Robson Mendonça, presidente do Movimento Estadual dos Moradores em Situação de Rua de SP, garante que os atestados de óbito podem comprovar a relação entre as mortes e as baixas temperaturas.

Dos 93 dias de inverno, o CGE registrou precipitação, ou seja, chuvas ou chuviscos em apenas 23, sendo este mês de setembro o mais seco do período. Os analistas do órgão afirmam que a estação manteve sua característica fria e seca, mas que é possível relacionar o prolongamento da estiagem (seca) com a interferência do ser humano na vegetação, com o desmatamento de matas locais, assim como na região do Amazonas e do Centro-Oeste, que também têm influência na umidade que chega à São Paulo.

Outro aspecto que também provoca alterações nas condições climática é a prática das queimadas. Neste inverno, o número de focos de incêndio no estado foi de 4.565, o que representa um aumento de 28,2% em relação ao último ano, quando já havia sido registrado um aumento expressivo. Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apontam também que este é o maior número de queimadas para a estação na última década.

O incêndio no Parque Estadual do Juquery, na Grande São Paulo, em 22 de agosto, foi iniciado pela queda de um balão e causou uma “chuva de fuligem” em toda a capital, diminuindo a qualidade do ar, que já estava seco e quente, o que também contribuiu na persistência do fogo e na propagação das chamas.

Bombeiro trabalha para apagar incêndio no Parque Juquery em Franco da Rocha, Grande São Paulo, em 23 de agosto de 2021 — Foto: Carla Carniel/Reuters

Veja como foi o inverno mês a mês (de 21/06 a 22/09)

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Equinócio de Primavera

A primavera começa com a ocorrência de um fenômeno astronômico chamado Equinócio, no qual a Terra se inclina de tal forma que os hemisférios Norte e Sul recebem a mesma quantidade de luz solar, fazendo com que dia e noite tenham praticamente a mesma duração (12h).

Em 2021, o Equinócio de Primavera ocorreu nesta quarta-feira (22), às 16h21, colocando um fim ao inverno e determinando o início da estação que tende a ser marcada por um prolongamento no período diário de luz solar e por maiores amplitudes térmicas diárias, que são as diferenças entre temperaturas máximas e mínimas registradas em um mesmo dia, segundo o prognóstico do INMET.

Equinócio de Primavera ocorreu às 16h21 desta quarta-feira (22) e marcou o fim do inverno no Hemisfério Sul — Foto: Reprodução/TV Globo

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