Maioria dos laboratórios do estado de SP tem estoque de testes de Covid-19 suficiente para menos de 7 dias, diz pesquisa de sindicato

Uma pesquisa realizada pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de São Paulo (SindHosp) e publicada neste domingo (16) mostrou que 55% dos

Maioria dos laboratórios do estado de SP tem estoque de testes de Covid-19 suficiente para menos de 7 dias, diz pesquisa de sindicato -

Redação Publicado em 16/01/2022, às 00h00 - Atualizado às 17h29

Enquete feita pelo SindHosp com gestores de laboratórios mostrou que 55% têm estoque para até uma semana. 88% dos locais relataram dificuldade para adquirir testes de Influenza e Covid-19.

Uma pesquisa realizada pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de São Paulo (SindHosp) e publicada neste domingo (16) mostrou que 55% dos laboratórios do estado possuem estoque de testes de Covid-19 suficiente para menos de sete dias.

Outros 22% têm recursos para atender de 15 a 21 dias de demanda, e 16% para 8 a 14 dias. Apenas 6% dos laboratórios preveem que o estoque deve durar mais de 21 dias.

A enquete mostrou ainda que 88% dos gestores hospitalares de 111 laboratórios privados relataram dificuldade para adquirir testes de Influenza e Covid-19.

Além disso, 99% deles tiveram aumento na testagem para Covid-19 nos últimos 15 dias. Em 92% dos locais, o aumento na procura foi de até 100%. Apesar disso, 8% dos laboratórios relataram um aumento na procura de 101% a 1000% na última quinzena.

Clientes de laboratórios da região metropolitana relataram atraso nos resultados dos testes para Covid-19 nas últimas semanas. Segundo pacientes ouvidos pelo g1, laudos que deveriam ser disponibilizados em 2 dias estão levando até 5 dias para sair. A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) afirmou que o o que explica os atrasos é a alta demanda pelos exames.

Tubos de exame de sangue para teste da Covid-19 em Sorocaba, no estado de São Paulo — Foto: Cadu Rolim/Estadão Conteúdo

Na quarta-feira (12), a Abramed alertou que testes para o diagnóstico da Covid-19 no Brasil podem acabar por falta de insumos. A recomendação da associação é de que os laboratórios priorizem a testagem em pacientes graves, trabalhadores da saúde e outros profissionais essenciais.

A escassez de testes também atingiu a prefeitura da capital paulista. Neste sábado, a Prefeitura de São Paulo anunciou que a testagem de Covid-19 e Influenza vai ser destinada apenas para pessoas do grupo de risco. O diagnóstico para o público geral será feito de forma clínica, ou seja, pela avaliação de sintomas pelos profissionais de saúde, e sem realização de exame laboratorial

Prefeitura restringe testagem

O prefeito, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que a mudança no protocolo de testagem da rede municipal aconteceu devido à falta de testes no mercado.

“Eu já orientei o secretário da saúde para que, toda quantidade necessária, ele faça a aquisição. Sem nenhum problema da questão financeira, mas está faltando no mercado. A gente tem uma quantidade de testes que está sendo utilizada em situações de necessidade de internação. A gente depende do fabricante fornecer. Havendo testes suficientes, a gente vai oferecer”, disse Nunes.

São Paulo muda protocolo para testagem de casos de síndrome gripal

A nova orientação de prioridade vale para unidades hospitalares, Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs), Unidades Básicas de Saúde (UBSs), AMA/UBS Integradas, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e pronto socorros (PSs).

Pertencem ao grupo de risco:

Para esse público, quem apresentar dois ou mais sintomas gripais, será submetido ao RT-PCR ou teste rápido antígeno, de acordo com a disponibilidade.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, após o diagnóstico, o grupo será monitorado por meio de atendimento telefônico e serão analisadas as condições clínicas por sete dias. Deverá também ser disponibilizado oxímetro e orientações sobre agravamento dos sintomas. Se houver piora clínica, o paciente deverá ser encaminhado para a rede de emergência.

Notificações comprometidas

O estado de São Paulo notificou, em janeiro, proporcionalmente menos casos novos de Covid-19 do que fazia antes do apagão de dados do Ministério da Saúde. O mesmo não ocorreu com outros estados populosos. A queda na proporção dá indícios de que os dados divulgados atualmente pelo estado não mostram todos os casos de Covid registrados nos sistemas do SUS.

O único outro estado em que a mesma divergência foi verificada, entre os seis mais populosos é a Bahia, que admitiu problemas na extração de dados dos sistemas do Ministério da Saúde em seu último boletim epidemiológico.

Avanço da pandemia no mundo preocupa especialistas

Desde o início da pandemia até o dia 10 de dezembro de 2021 – data do início do apagão de dados do Ministério da Saúde -, o estado de São Paulo teve 4,4 milhões de casos confirmados de Covid, o que representa 20% do total do país no mesmo período (22,1 milhões). O percentual de casos corresponde ao percentual total da população do estado em relação à população do país, que também é de 20%.

Já no período de 11 de dezembro de 2021 até esta quarta-feira (12), o estado de SP só notificou 33.347 novos casos, o que representa 6,3% do total de 532.943 registrado no país.

De acordo com o pesquisador Márcio Bittencourt, mestre em saúde pública e professor da Universidade de Pittsburgh, a queda abrupta na proporção do estado de São Paulo dentro do total de casos levanta suspeitas de problemas nos dados. Para ele, o aumento nas internações mostra que os casos do governo estão abaixo do número real.

“Basta ver as internações no estado, que estão aumentando: está faltando muito caso [no balanço do governo de São Paulo”, disse Bittencourt.

Para Paulo Inácio Prado, pesquisador do Observatório Covid-BR e do Instituto de Biologia da USP, a mudança na proporção de casos em SP “é um forte indício de um problema na consolidação dos dados feita pelo estado”.

“É muito grave que os dados oficiais do estado mais populoso do Brasil levantem esta dúvida, sem uma explicação ainda”, disse Prado.

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G1

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