por Rabino Sany Sonnenreich
Publicado em 24/01/2023, às 09h05
O próximo dia 27 de janeiro é estabelecido pela Organização das Nações Unidas – ONUcomo Dia em Memória das Vítimas do Holocausto. Esta, sem dúvida alguma, tem de ser uma data a ser perpetuada no calendário e no coração da humanidade para sempre! É importante que as pessoas se lembrem do que ocorreu neste período sombrio da história da humanidade para que nunca mais volte a se repetir.
Infelizmente, o número de sobreviventes está diminuindo. E, mesmo com os seus testemunhos, apenas 78 anos depois do término da Segunda Guerra Mundial, há pessoas que desejam ludibriar a opinião pública dizendo que está barbárie não ocorreu! Ou seja, corremos um grande risco caso não nos esforcemos para passar a história correta de geração em geração.
A importante lição é o perigo de esquecer o assassinato das vítimas uma segunda vez . À medida que nos lembramos das vítimas da Shoá difamadas, demonizadas e desumanizadas com uma justificativa para o genocídio, devemos entender que o assassinato em massa de seis milhões de judeus e milhões de não judeus não é uma questão de estatísticas abstratas. Como dizemos em tais momentos de lembrança,
“Para cada pessoa há um nome, cada pessoa tem uma identidade, cada pessoa é um universo”. Como o Talmud nos lembra, “Quem salvar uma única vida, é como se ele ou ela tivesse salvo um universo inteiro”.
Há mais de 3 mil anos lembramos da saída dos judeus do Egito exatamente como foi. Isso ocorre pela força de nossa fé e tradições. Traçando um paralelo, é importante que também nos lembremos, por milhares de anos, exatamente do que aconteceu no Holocausto para que as futuras gerações não sejam vítimas das atrocidades inacreditáveis que o ser humano pode fazer ao próximo. E, para tal, é muito importante sempre estarmos ligados às nossas raízes.
Sou descendente de sobreviventes do Holocausto. Meus avós paternos, nascidos na Alemanha, foram expulsos de casa com a roupa do corpo, mas conseguiram fugir ao Brasil. Já meus avós maternos passaram a guerra inteira na Romênia, escondendo-se em vários lugares, e, também, milagrosamente, se salvaram. Ao final, vieram para cá. Encontraram no Brasil uma terra acolhedora, de paz e de povo amistoso. Aqui montaram um lar, constituíram família e deixaram descendentes. O antissemitismo o mais antigo e mais duradouro dos ódios e o mais letal. Se o Holocausto é uma metáfora para o mal radical, o antissemitismo é uma metáfora para o ódio radical. Não se engane: os judeus morreram em Auschwitz por causa do antissemitismo, mas o antissemitismo não morreu.
O que me deixa indignado é o movimento de negação do Holocaustoa vanguarda do antissemitismo não é apenas um ataque à memória judaica e à dignidade humana em sua acusação de que o Holocausto é uma farsa; em vez disso, constitui uma conspiração criminal internacional para encobrir os piores crimes da história. É nossa responsabilidade desmascarar os portadores de falsas testemunhas - expor a criminalidade dos negadores enquanto protegemos a dignidade de suas vítimas.
Desejo aos sobreviventes que possam ter muita saúde para poderem, por muitos anos ainda, difundirem o que aconteceu a fim de que nunca, mas nunca mais mesmo, se repita. E, a nós, a nova geração, perpetuar esta lembrança tão dura, tão cruel, mas tão relevante para que ninguém mais neste mundo – seja de qual origem for - sofra agruras pelo simples fato de pertencer a um povo.
Never Again!
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