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COLUNA

O genocídio armênio: Uma página sangrenta da história que, tal qual o genocídio dos judeus, precisa ser constantemente lembrada

“O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons” (Frase atribuída a Martin Luther King Jr.)

Genocídio armênio - Imagem: Reprodução | Wikipedia
Genocídio armênio - Imagem: Reprodução | Wikipedia
Agenor Duque

por Agenor Duque

Publicado em 24/04/2024, às 02h00


A maldade humana parece não conhecer limites. A capacidade de um indivíduo de considerar-se superior a seu semelhante e submetê-lo aos tratamentos mais cruéis e desumanos ainda causa espanto.

Sempre ocorreram injustiças ao longo da história humana. A opressão assume faces distintas, mas sempre esteve presente deste que o pecado entrou no mundo, e sempre fez mal ao outro.

A história não tem fins apenas informativos, mas principalmente propicia a oportunidade de não se incorrer nos mesmos erros e de otimizar os acertos. Há que se aprender as lições preciosas que a história nos traz.

A frase atribuída a Luther King Jr. cabe adequadamente aqui, já que passamos a falar de uma das maiores atrocidades da história humana, e os sábios atentarão cuidadosamente para ela: os líderes e liderança política, para que mantenham a sanidade e a humanidade, sendo guardiões da justiça e protegendo sua nação, sabendo que foram colocados em altas posições para servir ao povo que lhes confiou o poder, já que este emana deles; ao povo, a fim de que estejam atentos aos primeiros sinais de que um tirano está para se levantar, identificá-lo e pará-lo antes que seja tarde demais e a tragédia se repita.

Por mais que se fale, nunca será demais relembrar e recontar a história terrível das atrocidades ocorridas durante a Segunda Guerra Mundial quando os nazistas comandados por Hitler dizimaram 6 milhões de judeus, 1,8 milhões de poloneses (não-judeus), entre tantos outros.

Dentre as grandes ocorrências terríveis da história, não se pode omitir, especialmente estando às vésperas de 109 anos do Genocídio Armênio, a respeito dos acontecimentos que atingiram em cheio a comunidade armênia, por ocasião deste fato que aconteceu entre 1915 e 1923, também durante uma Guerra Mundial, desta vez, a Primeira.

As expressões “Holocausto Armênio” e “Massacre Armênio”, que Joe Biden, presidente dos Estados Unidos foi o primeiro a reconhecer, trata-se do extermínio sistemático de súditos armênios por seu governante otomano, cujo Império Turco--Otomano controlava a vasta região do Oriente Médio, enquanto a Armênia, conquistada pelos turcos, era súdita dos sultões.

O sultão Abdul-Hamid II autorizou o massacre organizado pelo primeiro-ministro turco, Mechmet Talaat, o ministro de guerra, Ismail Enver, e o ministro da Marinha, Ahmed Jemal. O número total dos mortos sob essa tirania e combinado macabro está estimado em quase 2 milhões de armênios.

Os massacres iniciaram em 24 de abril de 1915, quando 250 intelectuais e líderes comunitários armênios foram cruelmente caçados, presos e executados na cidade de Constantinopla.

A matança teve duas etapas: a primeira, concentrou-se no assassinato de homens saudáveis por massacre e sujeição a trabalhos forçados em condições indizíveis; a segunda, pela deportação de mulheres, crianças, idosos e doentes, os quais eram conduzidos ao deserto sírio, sob privação de alimento e água, submetidos a roubos e estupros, além de massacres constantes.

Tais eventos não podem ser apagados da história nem lançados no mar do esquecimento, pois o tempo não cura nada, a menos que pessoas assumam atitudes práticas para mudar a si e a realidade ao seu redor.

Um povo que não traz fresco na mente os fatos da história está condenado. É necessário falar, repetir, tornar a falar, lembrar e relembrar essas atrocidades, e por mais doloroso que essas lembranças sejam, tais quais as dores de parto, essas são as dores que produzem (e preservam) a vida de todo ser humano.

Vidas importam. TODAS as vidas importam, pois foram formadas à imagem e semelhança divina, ainda que essa imagem esteja embaçada pelo pecado e a consequente maldade.

A comunidade armênia no Brasil conta com cerca de 40 mil pessoas, 25 mil delas residentes no Estado de São Paulo.

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